Pedro Gonçalves: "O surf vende, no entanto não rende a quem dele depende"

Falámos com Pedro Gonçalves, da Dr. Ding, sobre o panorama da indústria de surf.

 

No seguimento do foco que temos dedicado à indústria do surf, com natural destaque para o panorama nacional, decidimos colocar algumas questões aos agentes que - melhor do que ninguém - estão no terreno e a par do ‘estado de coisas’. Desta feita, falámos com Pedro Gonçalves, responsável pelo projeto Dr. Ding, em Carcavelos.



De alguma forma o projeto Dr. Ding foi o primeiro projeto do género em Portugal, queres comentar?

O conceito do projeto Dr. Ding trouxe de novo os princípios da loja de surf core, em que nos baseamos no essencial do surf que é o material técnico e não a roupa que usamos.

 

Pedro, o surf lifestyle é cada vez uma realidade a nível mundial? Ou há uma distinção surf lifestyle vs Surf enquanto desporto? 

A massificação das marcas levou a uma perda das suas origens, no passado as marcas tinham o seu nicho na comunidade surfista no entanto a pressão dos mercados levou a uma necessidade de expansão do público alvo. O surfista por natureza tem uma forma de estar na vida diferente e esta massificação leva cada vez mais a um afastamento do surfista core em relação às marcas de surf. Da necessidade surge a oportunidade e aqui começa a haver marcas emergentes e com dimensões bem menores a afirmarem-se no meio mais core, ou seja há um regresso ao passado em que a marca de surf é aquela do teu "bairro".

 

Podemos falar de um marketing global das marcas de Surf, no apoio a este mercado? Como está esta realidade na tua opinião? 

O marketing global das marcas de surf utiliza a imagem do surf que é sempre apelativa para chegar a outros alvo que não os surfistas, a imagem por sim só vende e muito (carros, telemóveis, carreiras, etc). Um dos melhores exemplos é a utilização política da imagem do surf como prova que é uma imagem que vende, nunca vimos tantos políticos a apoiarem-se na imagem do surf para fazer valer as suas campanhas. O contra-senso deste fenómeno é que o surf vende, no entanto não rende a quem dele depende; nunca se viu tanta exposição da imagem do surf versus, por exemplo, atletas patrocinados, que observando a tendência são cada vez menos. 

 

Novidades da tua loja? E pranchas?

Como sabem o meu projeto não é o projeto de uma boutique de surf, aqui no máximo podemos falar de coleção de fatos para o Verão e as tendências de modelos de pranchas das marcas internacionais com que trabalhamos, que já disponíveis na nossa loja, não temos um período demarcado para novidades pois estas são recorrentes e muitas vezes mensais.

 

Queres acrescentar alguma mensagem?

Quantidade neste meio muitas vezes não é qualidade, o atendimento pessoal especializado é um fator diferenciador. Por muitas lojas de surf ou surfwear que existam a nível global, vender pranchas não é só uma vontade é também uma paixão e vocação, não há curso que ensine este ofício. Se olharmos ao mundo da moda temos um bom exemplo na nossa Avenida da Liberdade, onde o marcas de topo lutam para abrir uma loja, e marcam a diferença de um atendimento a um público alvo diferente, por oposição a uma loja de Shopping.

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