segunda-feira, 06 março 2017 10:37

A MISSÃO CABO RASO CONTADA POR PEDRO “PECAS” MONTEIRO

Em exclusivo, toda a história da sessão XXL da passada terça-feira em Cascais… 

 

Já passou praticamente uma semana, mas a verdade é que ainda continuamos presos à passada terça-feira de Carnaval. Nesse dia, a costa portuguesa, de norte a sul, registou sessões de destaque e uma delas foi precisamente a que teve lugar no Cabo Raso. 

 

Os surfistas envolvidos foram vários, mas nós decidimos pedir a Pedro Monteiro, o “Pecas”, que nos contasse o essencial da sessão que na verdade se veio a revelar mais uma missão pelo reconhecido spot de ondas grandes de Cascais. 

 

Com fotografias de Pedro Conceição (em cima) e vídeo de Luís Bento (em rodapé), eis então as palavras, na primeira pessoa, de Pedro Monteiro: 

 

"Já há alguns dias que andava a ver este swell a desenvolver-se e até já tinha dado o alarme ao Chiquinho Santos que terça-feira era dia de tow-in! A única dúvida seria o vento que, segundo a previsão, parecia alternar muito. 

 

A minha ideia inicial era investir em Carcavelos, com vento N-NW offshore, ali do lado do Calhau, e descer umas bombas. Porém, surgiu o telefonema do Ruben [Gonzalez], o nosso tetra-campeão nacional de Cascais que está obcecado com o Cabo Raso e vê offshore nos três dos quatro quadrantes de vento existentes! 

 

O Ruben, juntamente com a sua dupla José Gregório, desafiaram-nos a juntar-nos a uma sessão ali. Seguiu-se um telefonema a André Pedroso, o lobo do mar que afinal já tinha sido contatado, que reconfirmou a sua presença e de seguida foi o Miguel Champalimaud que se prontificou de imediato. O André ainda estava em contato com o Luís Gato e com o fotógrafo Pedro Conceição que se juntaram a nós no barco de apoio.

 

A turminha estava assim feita. Metemos as motos a funcionar, documentos, plano, respira fundo e na manhã seguinte, de madrugada, na Apapol a tomar o pequeno-almoço!

 

As motas de água são objetos de uma logística complicada e custos elevados, estando longe ao que habitualmente estamos habituados: mete wax, leash no pé e siga! No entanto, o grupo que saiu de Oeiras (todos menos o Ruben e o “Grego") faz questão de utilizar esse ritual, ré na rampa, larga a mota e siga… mas... fechaste o bujão? Tiraste a peça? O cabo? Coletes? Tens gota? Ui, começou!

 

A ida até Cascais foi com uma moto e um barco e logo aí sentimos a pancada do mar. Vozes sábias diziam: lá no Cabo está mais glass. Uuhhmm?!? Sério? Ali, onde está tudo exposto, está glass? É claro que tinham sido pagos pelo Ruben para dizer uma coisa destas. 

 

Chegados a Cascais rumámos ao Cabo Raso e assim que chegámos vimos logo umas ondas a quebrarem, algum vento a afetar e a maré bem vazia, porém boa para a onda em frente ao farol que quebrava com pouca frequência, mas com a onda mais dentro, onde estava o Ruben e o Grego, a mostrar-se mais consistente. 

 

Eu e o André, ainda a apalpar terreno, fomos numas ondas que deram uns saltos enormes. Era com cada salto que ao décimo as minhas pernas já não aguentaram e acabei por cair estatelado na água. Uma, duas, três e já não conseguia acabar uma onda, pimbas! 

 

Lembro-me de completar uma onda e mal a acabei o André já estava colado a mim a dizer: “Sobe, sobe!”; é que vinha uma atrás que nos obrigou a dar um gás e a fugir entre as rochas e o line up de espuma, tipo jogo de computador a sermos apertados entre uma linha e outra.

 

O Cabo Raso tem esta particularidade. Apesar do Grego e do Ruben nos lembrarem que na Nazaré estás sempre com o coração nas mãos, face às morras de toneladas de água em movimento, no Cabo Raso os desafios são na verdade vários micro desafios e a onda, apesar de não ser um slab ou de ter 30 metros, quebra em frente a rochas afiadas que só estão à espera de um vacilo para um encontro de terceiro grau, metendo em perigo não só o surfista mas também o bolso do surfista.

 

Estávamo-nos a ambientar e já estávamos na fase de começar a trocar de pilotos e surfistas quando vimos a malta do barco e da moto deles dar o “Mayday". O David e o Golias (Aka Ruben e Grego) estavam parados em cima da moto, com esta quase a afundar em pleno Cabo Raso. 

 

Resultado: cabo enrolado no eixo e moto de reboque para Cascais. Fim de sessão no Cabo Raso, mas ainda conseguimos fazer umas puxadas com o Miguel, Chico e André no Farol de Sta. Marta, em Cascais, que deu para sentir o potencial do surf por ali. 

 

O clima, esse, foi sempre de estar ao rubro, sempre a rir que acabou numa almoçarada ao final da tarde! Enfim, mais um treino, mais uma investida, não foi a mais perfeita sessão, mas foi definitivamente muito divertida."

 

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