A análise de dados dizem-nos que Filipe Toledo é bom em manobras, mas fraco em tubos. A análise de dados dizem-nos que Filipe Toledo é bom em manobras, mas fraco em tubos. Foto: WSL/Ed Sloane quarta-feira, 07 março 2018 17:30

Um olhar científico sobre o surf: E se as ondas do CT fossem iguais para todos?

E se as ondas do World Tour fossem iguais para todos? 

 

Por Pedro B. Júdice, Surfista e Investigador Doutorado na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa e Professor na Faculdade de Desporto da Universidade Lusófona. 

 

À luz do que foi anteriormente publicado por este cientista/surfista, onde de uma forma sistematizada concluiu “que o modelo de avaliação e classificação implementado pela WSL está de boa saúde e é válido”, mas também que “deverá existir um esforço no sentido de melhorar este mesmo sistema de avaliação, uma vez que existe ainda alguma fragilidade na correspondência entre o lugar e a performance”, eis que surge mais uma análise de cariz científico, consequência também desta enorme tempestade que tem assolado a nossa costa, criando-se assim uma janela de oportunidade para mais explorações estatísticas.

 

A discussão sobre um World Tour que seja eclético e que privilegie vários tipos de ondas, permitindo a manifestação de diferentes valências por parte dos surfistas profissionais (ex: melhor surf de rail, capacidade de realizar aéreos ou mesmo fazer longos tubos), é algo que tem vindo a ser debatido há longos anos e que adquiriu uma nova dimensão com a inclusão de ondas artificiais no panorama competitivo, facto que irá ter lugar já esta época desportiva

 

Será que a criação de ondas “perfeitas”, “estandardizadas”, “iguais para todos” tornará o sistema de avaliação mais equilibrado e válido, ou por outro lado irá beneficiar certos surfistas em detrimento de outros? 

 

Para esta nova análise, foram considerados todos os heats surfados ao longo da época de 2017, pelos surfistas que terminaram no top 10, mas desta vez os scores médios foram calculados separadamente por categoria de onda. Ou seja, os scores médios de cada surfista foram calculados agrupando-se todos os heats surfados em ondas de manobra, ondas tubulares e por fim ondas mistas (que permitem ambos os tipos de surf).

 

 

À exceção do campeão mundial (John John Florence) e em certa medida o vice-campeão Gabriel Medina, desta análise podemos concluir que nenhum dos outros surfistas do top 10 é igualmente forte, quando consideramos diferentes tipos de onda. Por exemplo, Filipe Toledo apresenta o segundo score mais elevado em ondas de manobra, mas é o mais fraco no que concerne a ondas tubulares. Outro exemplo da importância de um World Tour que considere vários tipos de ondas é o caso de Kolohe Andino, atleta que apresenta a terceira melhor média em ondas tubulares, mas o pior score em ondas de manobra.

 

Curiosamente, são as ondas mistas que melhor parecem definir o ranking no final do ano, deixando uma indicação de que as ondas “artificiais”, desde que tenham um carácter “misto” poderão até aumentar a validade do sistema de avaliação no circuito de surf profissional. Contudo, a não inclusão de ondas de cariz diferente irá sempre favorecer certos atletas em detrimento de outros, o que não deverá ser objetivado.

 

Por fim, curioso também, é o facto de que existem certos “astros” deste nosso desporto, que seja qual for o tipo de onda, demonstram uma competência esmagadora para realizar bons scores. 

 

Boas ondas!

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