
Matosinhos melhora comunicação sobre poluição da água, mas é preciso ação urgente
A Surfrider Foundation Portugal congratula-se com a instalação de uma placa de alerta junto à Ribeira da Riguinha/Carcavelos, desaconselhando os banhos devido à má qualidade da água.
Este é um passo positivo, mas os riscos continuam elevados e são necessárias medidas estruturais urgentes.
Monitorização independente revela contaminação severa
Desde 2023, a Surfrider tem realizado análises independentes à qualidade da água, revelando níveis alarmantes de E. coli e Enterococos intestinais, em valores até 10.000 vezes superiores aos legais, segundo o Relatório Técnico de 2024.
"A instalação do painel é importante, mas os dados mostram que continuamos expostos a riscos sérios", afirma Luís Leite, presidente da Surfrider Portugal.
Principais conclusões do relatório:
A Ribeira da Riguinha/Carcavelos é o principal ponto de entrada da poluição na Praia de Matosinhos.
Mais de 96% das amostras na zona apresentaram valores ilegais de bactérias.
Os dados oficiais podem mascarar os riscos devido ao “efeito de diluição”.
A monitorização pública apenas ocorre na época balnear, negligenciando o outono e o inverno — épocas de maior precipitação e escoamento.
Surfrider propõe medidas concretas:
Novo ponto de amostragem oficial junto à Ribeira da Riguinha.
Monitorização durante todo o ano, não apenas no verão.
Sistema de alerta dinâmico em tempo real para informar banhistas.
Transparência na divulgação dos dados.
Investimento na modernização das infraestruturas de águas residuais e pluviais.
"A transparência não é opcional quando está em causa a saúde pública", alerta Leila Teixeira, coordenadora nacional da Surfrider Portugal.
A Praia de Matosinhos é um dos locais mais frequentados por surfistas e praticantes de desportos náuticos em Portugal. A Surfrider insiste que este é apenas o primeiro passo e que a segurança no mar exige respostas estruturais e urgentes.