Imagem da Ribeira da riguinha que desagua na Praia de Matosinhos ao lados do Vagas Bar. Muitos dos problemas de poluição apontados pelos Cidadãos dizem ser proveniente daqui. Imagem da Ribeira da riguinha que desagua na Praia de Matosinhos ao lados do Vagas Bar. Muitos dos problemas de poluição apontados pelos Cidadãos dizem ser proveniente daqui. Imagem do Facebook Diz Sim a uma Praia Sem Fim terça-feira, 30 agosto 2022 22:03

Dezenas de casos de gatroentrite têm vindo a afectar surfistas e banhistas nas Praias de São Salvador e Matosinhos

Qual será o foco de poluição principal que dá origem a estes casos?

 

São dezenas senão centenas de casos de gatroentrite que têm vindo a acontecer a surfistas e banhistas que têm frequentado durante a ultima quinzena de Agosto as Praias de São Salvador e Matosinhos. O caso tem tido muita repercussão na comunidade de surf local onde nomes como o fotógrafo Tó Mané e o longboarder Martim Cabral Machado, deixaram os seus testemunhos à Surftotal, sendo que inclusive no grupo de facebook "Porto Expats", onde as pessoas expatriadas que residem em Portugal se apoiam mutuamente, descrevem casos que após terem frequentado a Praia de Matosinhos se sentem mal, tal como se pode ler neste "print screen daquele grupo" abaixo:

 

Conversa Porto Expats datada de dia 25 de Agosto de 2022:

 

 

 

 

O certo é que as Praias de Matosinhos e de São Salvador possuem com frequência informação de desaconselhamento a banhos, ou seja nessas ocasiões não se deverá entrar na agua do mar quer seja para banhos quer seja para a prática do Surf ou do seu ensino.

 

Placa existente a desaconselhar a ida a banhos na Praia de São Salvador. 

 

 

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 A Surftotal para além de falar com diversas pessoas afectadas por esta vaga de gastroentrites falou também com Humberto Silva, surfista e Presidente da Direção da Associação Cívica 'Viver Matosinhos' que se mostra francamente preocupado, tendo inclusive enviado um email que passamos a citar abaixo à Presidente da INDAQUA dia 26 de Agosto. Podemos observar no gráfico abaixo o acréscimo significativo de E Coli e Enterococos intestinais durante esta ultima quinzena de Agosto:

 

Gráfico que refere os valores de Enterococos Intestinais e E Coli durante esta época balnear de 2022. Aqui podemos ver um acréscimo significativo entre os dias 16 e 26 de Agosto de 2022

 

 

 

Email que passamos a citar à Presidente da APA (Agência Portuguesa do Ambiente) dia 26 de Agosto:

"Ex.ma Dra. Inês Andrade,
 
Na qualidade de presidente da direção da associação cívica 'Viver Matosinhos' mas também como cidadão preocupado, venho por este meio pedir-lhe encarecidamente esclarecimentos sobre o recente desaconselhamento de banhos na Praia de Matosinhos.

A Praia de Matosinhos tem um historial de vários episódios de valores microbiológicos acima dos valores de referência, sendo que na sua maioria são causadas durante os períodos de chuva dada a existência de um exutor a céu aberto que coleta as águas de escorrência, introduzindo-as na rede pluvial e que são largadas sem qualquer controlo no areal, e inevitavelmente no mar; mas também por alguns ocasionais episódios relacionados com as estruturas de tratamento de águas.
 
Sendo que as análises que levaram ao referido desaconselhamento reportam ao dia 24 de agosto, e que sabemos com toda a certeza que a chuva nada teve que ver com esta ocorrência específica, questiono-lhe:

1. Existe alguma comunicação por parte da INDAQUA sobre operações de manutenção e/ou mau funcionamento da sua ETAR e/ou das suas estações elevatórias?
2. Caso exista essa comunicação, não deveria ser aplicado, por princípio de precaução, um desaconselhamento de banhos no momento em que essas operações/mau funcionamento tivesse(m) dado início?
3. De acordo com os gráficos dos resultados das análises disponíveis no vosso site - em anexo - existem valores elevados (ainda que abaixo dos valores de referência) desde o dia 04 de julho, pelo que é pertinente concluir que existe uma fonte que de forma sistemática tem contribuído para maus resultados microbiológicos. Essa fonte está identificada pela vossa agência?

Agradeço desde já a disponibilidade, com a certeza de que este contacto merecerá a sua melhor atenção.
 
Despeço-me cordialmente,
Humberto Silva"

 

 

Qual será o foco ou focos de poluição constantes na Praia de Matosinhos?

Os Cidadãos frequentadores assíduos da Praia de Matosinhos para a prática de Surf apontam de imediato dois focos principais:

Um é a chamada Ribeira da Riguinha que desagua na Praia de Matosinhos ao lados do Vagas Bar. Esta linha de agua desagua constantemente na Praia de Matosinhos e diz-se ser um dos principais focos de poluição. Em situações semelhantes de outras Autarquias Nacionais, estas ultimas optaram por canalizar para alto mar o conteúdo deste tipo de Ribeiras, fazendo com que as suas Praias não fiquem directamente afectadas por um potencial foco de poluição.

Outros focos de poluição são indubitavelmente o Rio Leça que desagua em Matosinhos, tendo sido já considerado em tempos o Rio mais poluído da Europa, assim como o tráfego de grandes navios que diariamente passam pelo Porto de Leixões.  Também durante os últimos dias e conforme noticia avançada pela Surftotal, a maior draga da Europa encontra-se a retirar areias da entrada do Porto de Leixões assim como ao largo da Praia de Matosinhos por forma a permitir a navegabilidade para Navios de grande Porte. 

Ou seja há aqui diversos pontos que podem estar a fazer com que as aguas da Praia de Matosinhos e São Salvador estejam a passar por um momento de maior poluição e que merecem atenção por parte das entidades competentes por forma a salvaguardar a saúde dos Cidadãos que frequentam e usufruem destas Praias.

 

Também quem deveria dar o exemplo, segundo Humberto Silva, seria a comunidade local de surf, começando pelas Escolas de Surf que se deveriam unir e pedir explicações às entidades competentes, não dando inclusive aulas de surf, pois acabam por estar a por em perigo a saúde dos seus alunos e a dar um mau exemplo da nossa comunidade:

 

"Para além de tudo, a comunidade surfista também precisa de ser mais unida quando o tema é a preservação das praias: não faz sentido termos escolas a continuar a dar aulas com um desaconselhamento em vigor. Se nós, que vivemos do mar e para o mar, não nos damos ao respeito, não podemos esperar que as entidades com responsabilidades no assunto o façam...." Humberto Silva

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