Para quem observa da praia, no canal ou na TV, as quedas que ocorrem num evento de ondas grandes são sempre espetaculares e magníficas. Por isso, os baldos que nos foram dados a ver durante o Pe’ahi Challenge, etapa do Big Wave Tour que teve lugar em Maui, no passado dia 6 de dezembro, não passaram ao lado e ainda hoje são recordados entre a comunidade.

Carlos Burle, um dos mais experientes surfistas de ondas grandes da atualidade, esteve envolvido em vários episódios que captaram a atenção dos fãs do surf. Num desses episódios, o brasileiro de 48 anos acabou lesionado e por passar um mau momento nas águas de Jaws. Eis como Burle recordou esse tão marcante momento:

“Fud... Agora vou voltar com a onda... Respira, calma e mantém o corpo junto para proteger os membros! E... Algo puxou minha perna e me tirou do eixo! Claro, a prancha... A cordinha é super grossa e é feita para não romper... mas graças a Deus ela quebrou com a tensão e eu fiquei livre. Uma dor enorme na virilha esquerda! Isso é o de menos... Estou vivo e tenho que voltar à superfície! Procuro controlar os meus braços... Está difícil devido à turbulência! Mas tenho que acionar os flutuadores extras para chegar à superfície! Estou muito no fundo e tomando porrada de tudo que é lado. Finalmente, unindo as duas mãos, consigo ativar o colete extra e começar a saga rumo ao ar que tanto preciso! Fiquei muito tempo submerso e espero não ficar duas ondas seguidas debaixo d'água... Sinto que estou perto da superfície… preparo-me para respirar... No meio da respiração, outra onda me pega e tudo começa novamente. Foram quatro ondas até que finalmente subo no jetski e volto para a minha bateria!”

Mesmo assim, o experiente surfista de Recife, que após uma queda violenta acabou com um estiramento na virilha esquerda e uma torção no joelho direito (ver foto em cima), agradeceu o convite e enalteceu o evento: "Foi um momento histórico para o surf de ondas grandes. Ficou comprovado o quanto é perigoso e difícil, o quanto os surfistas de ondas grandes precisam estar preparados física e psicologicamente. É preciso muito treino, ter muita resistência para ir até o final e ainda "pagar o preço". Foi o que eu fiz.”

Por vezes, o preço a pagar não é o mais apetecível, mas, como já diz o ditado, “Quem corre por gosto não cansa!”