O novo modelo do Qualifying Series - o que pensam os atletas, os patrocinadores, e a própria WSL
WSL defende o formato, apesar das críticas e preocupações de alguns membros da comunidade surfista.
Já terminou o Qualifying Series 2021/22, tendo a última etapa da Europa decorrido Santa Cruz entre 12 e 16 de Abril. Esta temporada aconteceu no meio de um processo de mudança na WSL, que implementou novidades e alterações em todos os circuitos do surf que a organização coordena. No caso do Qualifying Series, o que mudou foi que o circuito se dividiu em regiões. Cada atleta compete dentro da sua região, e apenas os melhores de cada região conseguem entrar para o Challenger Series, onde então lutam por uma vaga no CT.
A alteração trouxe uma expectável confusão inicial por parte do público. Para alguns, foi questão de se habituarem. Para outros, estranhou-se mas não se entranhou, e a mudança de formato tem defensores e críticos entre os fãs. Mas e entre aqueles que de facto lidam directamente com esta mudança? O que pensam os atletas, os organizadores, os patrocinadores, e a própria World Surf League? A resposta, mais uma vez, não é simples.
No decorrer do Azores Airlines Pro, etapa do QS Europeu que viu as primeiras vitórias de Teresa Bonvalot e Maxime Huscenot, a Surftotal conversou com alguns dos implicados sobre estas alterações da WSL. Esta prova foi a primeira de três vencidas por Teresa (as restantes foram em Israel e na Costa da Caparica). Também Huscenot voltou a vencer na Costa da Caparica, e os dois sagraram-se campeões europeus, feminino e masculino.
WSL está "feliz com o novo funcionamento dos circuitos"
É o que declara Rob Gunning, Tour Manager na Europa. Afirma que o sistema em três divisões (QS Regional, Challenger Series, CT) "é um caminho claro para os atletas, e é fácil de vender aos media e explicar ao público. É também uma forma de promover a segunda divisão, que são os atletas a lutar para entrar no CT.”
David Prescott, speaker da WSL, defende que a alteração beneficia os atletas, que competem sempre perto de casa, e por isso "o custo é muito menor". Portugal é particularmente privilegiado pela quantidade de competições da WSL que recebe, significando que um português "praticamente não tem que sair de Portugal" para chegar ao top 10 masculino ou ao top 8 feminino.
O atleta Arran Strong manifesta-se a favor da alteração, que diz que foi feita "a pensar em nós", e que foi "uma boa escolha".
Rodrigo Herédia, organizador da etapa dos Açores, lança olhar crítico sobre o formato
Para Herédia, estas "experiências" causam confusão e prejudicam os atletas, que vão competir em menor variedade de locais e durante menos tempo - uma das suas críticas tem a ver com o facto de a temporada do QS ser agora muito curta.
David Prescott não considera que a alteração de formato vá fazer diferença para o público nem para as marcas, que "trabalham muito regionalmente". O que admite que pode vir a ser um problema para alguns atletas é o facto de poder passar a haver uma redução de investimento por parte dos patrocinadores, visto que os atletas vão deixar de mostrar as suas marcas pelo mundo, passando a fazê-lo apenas em "dois ou três países".
Rodrigo Herédia receia no entanto que a ausência dos grandes nomes do surf mundial nas etapas regionais torne os eventos pouco atrativos para quem os patrocina. Rob Gunning responde a essa preocupação dizendo que uma das soluções seria "trazer de volta surfistas internacionais para eventos regionais", mas antevê que a WSL vai reservar essa opção para o Challenger Series, e manter as alterações que foram feitas no Qualifying Series.
Estas entrevistas foram feitas para o Surtotal TV, o programa de televisão da Surftotal.