Rodrigo Herédia “crítico” do novo funcionamento do QS: “As provas perdem prestígio" quinta-feira, 18 novembro 2021 16:37

Rodrigo Herédia “crítico” do novo funcionamento do QS: “As provas perdem prestígio"

Organizador do Azores Airlines Pro considera as alterações prejudiciais para os organizadores.

 

 

 

Este ano, a WSL anunciou uma série de mudanças no formato dos seus circuitos, nomeadamente o facto de o Qualifying Series ser agora disputado por região – os melhores surfistas de cada região qualificam-se então para o Challenger Series, e só aí lutam por uma vaga no Championship Tour. Durante o Azores Airlines Pro, o QS 5000 que teve lugar nos Açores entre 1 e 6 de Novembro, a Surftotal conversou com Rodrigo Herédia, organizador da prova, sobre as alterações na WSL no formato dos circuitos. Herédia falou um pouco sobre as complicações que essas alterações trouxeram aos organizadores e dos impactos que podem ter para os atletas e para o público.

Uma das maiores complicações para quem organiza estes eventos, segundo Herédia, é a dificuldade em transmitir a informação sobre as mudanças de formato ao público, especialmente durante a pandemia, quando tanta coisa foi alterada. “Não é fácil, quando queremos passar esta informação para quem está a assistir, é uma confusão, ainda mais quando se está a fazer experiências todos os anos”. Acrescenta: “A etapa dos Açores costuma ser em Setembro, de repente fomos parar a Novembro. Por acaso estamos com boas condições de surf e o tempo tem permitido, mas podíamos estar aqui debaixo de um temporal. Setembro e Outubro são os melhores meses dos Açores a nível de ondas, e até de público.”

Por falar em público, existe também a problemática do movimento turístico gerado por estes eventos. Com as etapas do QS a ser disputadas por região, o público passa a ser maioritariamente proveniente da própria região, em vez de global - isto é prejudicial para organizadores, que terão mais dificuldade em atrair patrocinadores para os eventos. “Os Açores não são tão penalizados”, segundo Herédia, “porque têm um mercado europeu fortíssimo”, mas não é o caso com outros destinos, como a África e a América do Sul. “Começam a fazer provas lá que não têm protagonismo na WSL, porque está tudo canalizado para o World Tour.”

 

 

"A prova tornou-se mais cara e quem é prejudicado são os atletas."

 

 

Sobre o carácter regional do Qualifying Series, a opinião de Herédia é que o novo funcionamento do circuito é prejudicial para os atletas e para os organizadores. “O prize money é inferior ao que era, mas o custo do evento é superior”, explica. “A prova tornou-se mais cara e quem é prejudicado são os atletas”. O novo funcionamento do circuito dita que atletas de todo o mundo podem competir em qualquer etapa, mas não ganham pontos se estiverem a competir fora da sua região. “Para que é que eu vou a uma etapa que não me pontua?”, pergunta Herédia. “Vir aqui só pelo prize money, acho que não compensa.” Defende que todas as etapas deviam pontuar, e defende também que se considere um aumento do prize money, para justificar a deslocação dos atletas para etapas mais longe.

 

 

"As oportunidades são muito poucas."

 

 

Comenta também a escassez de etapas do QS: “É mau para os atletas porque as oportunidades são muito poucas.” Fala também sobre a perda de prestígio destas provas, resultante da ausência dos grandes nomes do surf internacional. Enquanto organização, “é lógico que todos nós queremos os nomes de referência, os cabeças de cartaz.” Esta ausência, mais uma vez, torna os eventos menos atraentes para o público e para os patrocinadores, e gera dificuldades para os organizadores a nível de financiamento das etapas. 

Ainda dentro do tema das alterações nos circuitos da WSL, Herédia aproveitou para tecer uma crítica ao novo funcionamento do CT, que agora define o campeão mundial com base apenas na etapa final – decisão que aliás foi criticada pelo próprio vencedor e actual #1 do CT, Gabriel Medina. “Só o basket, que é um produto americano, é que tem este formato”, explica Herédia, afirmando não achar este funcionamento justo. “O surf sempre seguiu um pouco o ténis a nível de formato, e agora de repente tentou mudar para NBA.”

Crítico das experiências e alterações, Rodrigo Herédia conclui afirmando: “Era muito mais simples se fosse como era antes”.

 

Rodrigo Herédia ainda mantém o surf no pé e os tubos.Aqui no seu "Quintal"  - Carcavelos (Click por Mauro Motty)

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