Pipeline recebeu as mulheres do circuito feminino pela primeira vez

Who run Pipe? Malia Manuel

 

Pipeline não estava com a onda tubular que lhe é característica e pela qual é conhecido e cobiçado mas as mulheres fizeram o que puderam com o que tinham. No segundo dia do Billabong Pro Pipeline, que deu início à temporada feminina de 2022, o mar decresceu em comparação com o dia anterior tendo perdido intensidade, força e consistencia. Secções que não abriam, várias ondas direcionadas para manobras e alguns erros cometidos marcaram a estreia do circuito feminino no CT.

Malia Manuel não deixou o heat chegar ao fim sem antes completar aquilo que se esperava ver em backdoor, explicando assim os motivos pelos quais recebeu o wildcard nesta temporada Na segunda bateria do dia, contra Tatiana Weston-Webb e Gabriela Bryan, encontrou um tubo, encaixou nele e deixou-o rodar sobre si durante algum tempo até sair de braços no ar expressando a sua felicidade. Os juízes não tiveram alternativa senão soltar a melhor nota entre as mulheres, um 8.17 pontos.

“É um grande evento para nós [mulheres] e eu estava muito stressada no início. Sempre esperei por um momento destes e agora estou à espera de outro porque foi muito divertido", comentou Malia entre risos. "Às vezes não tem tanto a ver com quanto tempo passas lá fora mas sim com o facto de estares no sítio certo”, acrescentou em entrevista.

 

Os novos rostos também deram que falar nomeadamente Bettylou Sakura e Molly Picklum que conquistaram melhores somatórios do que várias experientes da elite. Na primeira bateria do dia, Picklum encontrou-se com as veteranas Sally Fitzgibbons e Courtney Conlongue e depois de várias tentativas foi a única a completar um tubo e a encontrar a saída com uma “técnica fantástica”, segundo os comentadores da WSL. Conquistou 5.33 pontos e manteve-se na liderança. Sally que precisava de um 2.27 pontos para avançar, esperou até aos últimos 12 segundos para conseguir um 3.40 pontos e virar a bateria em cima de Courtney Conlongue.

Por sua vez, Bettylou não largou o primeiro lugar e distanciou-se logo desde início das adversárias. Obteve um somatório total de 7.46 pontos e empurrou Lakey Peterson, que falhava alguns drops e caía em algumas manobras, para segundo e Caroline Marks, que não se encontrou no heat, para a respescagem.

 

Na terceira bateria, apesar de Carissa Moore ter feito a segunda melhor onda do dia (um 6.83 pontos) mostrando o quão completa e profissional consegue ser, a wildcard Moana Wong surpreendeu a campeã mundial ao virar a bateria já que obteve uma melhor soma de ondas (7.77 pontos). Carissa precisava somente de uma onda de 0.94 mas a demora do set não ajudou.

Tyler Wright abriu o seu heat com um tubo para backdoor e um layback, tendo-se destacado com a melhor junção de ondas (11.83 pontos). A bi-campeã mundial entrou com a garra a que acostumou o público e voltou a brilhar em Pipeline. Recorde-se que na temporada anterior, levou a vitória numa etapa que terminou nesta mesma praia onde decorre o Billabong Pro Pipeline.

O uso de capacete por parte de algumas atletas para se protegerem do recife também foi visível e uma demonstração de consciência dos perigos, relembrando os inúmeros acidentes já provocados pela poderosa onda de Pipeline.

A presença das mulheres nesta etapa, ilustra o nível e desempenho elevado que o surf feminino tem vindo a ganhar ao longo dos anos e que é reconhecido pela WSL. Inclusive, a ex-surfista profissional e comentadora Jessi Miley-Dyer, chegou a dizer que serve de “pulo para a próxima geração”.

  • Créditos fotos: WSL/Tony Heff

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