Rip Curl WSL Finals será um momento de viragem para o surf feminino
Qualquer que seja a vencedora, esta é uma vitória para a igualdade de género.
O formato de competição que será inaugurado com o Rip Curl WSL Finals nos próximos dias vai marcar a primeira vez em que o mesmo número de homens e mulheres vai competir no mesmo dia, no mesmo local, e com o mesmo prize money, pelo título mundial. Este é um dos passos que a WSL está a dar para trilhar o caminho da igualdade de género no surf, com o objectivo de se definir como um exemplo da igualdade e inclusividade no mundo do desporto. Outro passo será o novo formato anunciado para a próxima temporada, em que, tanto no CT como na CS, mulheres e homens terão o mesmo número de etapas, nos mesmos locais e nas mesmas datas.
Contudo, num artigo da WSL, CJ Olivares recorda alguns momentos da história recente do surf, para mostrar como este caminho para a igualdade não tem sido fácil nem rápido. O surf, Olivares explica, sempre foi um ambiente patriarcal, com escassas oportunidades para as atletas, eventos menores, menos investimento, locais com ondas menores, e menor prize money.
"Queremos provar que estão errados"
Olivares destaca os anos de 2006 e 2007 como “um período negro para o surf feminino”, com o circuito feminino praticamente sem financiamento e a ser ignorado pelos media. Em 2007, a etapa feminina de Teahupo’o foi cancelada, com o argumento de que as condições eram “demasiado perigosas para as mulheres”. A surfista Melanie Redman-Carr acusou a decisão de ser sexista, e acrescentou: “Eles pensam que é demasiado pesado e perigoso para nós. Queremos provar que estão errados”.
A luta pela igualdade de género no surf foi liderada por nomes como Margo Oberg, Kim Mearig, Freida Zamba, Wendy Botha, Lisa Andersen e Layne Beachley. Mais recentemente, juntam-se nomes como Stephanie Gilmore e Carissa Moore, ambas a competir no Rip Curl WSL Finals. Moore mostra-se “entusiasmada por fazer parte” desta mudança, e sabe que as expectativas estão altas, mas está “pronta para dar tudo”.
A WSL reconhece que ainda há muito caminho a trilhar. As mudanças de formato ainda têm que se mostrar eficazes, e mesmo a igualdade no prize money é uma alteração recente, implantada apenas em 2019. Ainda assim, escreve Olivares, a WSL “compromete-se com estes valores e continua a fazer esforços no sentido de progredir na igualdade, inclusão, e diversidade”.
Layne Beachley no 2006 Roxi Fiji Pro. Foto: WSL/ Karen Wilson