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Ricardo Leopoldo: "Não caímos neste negócio de pára-quedas"
Entrevista com Ricardo Leopoldo, responsável do Peniche SurfCamp.
Na sequência do destaque que temos dado à indústria do surf nacional, bem com aos seus empreendedores, continuamos a 'auscultar' quem está no terreno. Desta feita colocámos algumas questões a Ricardo Leopoldo, do Peniche SurfCamp.
Como surgiu a ideia do Surf camp?
Eu e o meu irmão, o Léo, surfamos há muitos anos, desde os anos 80 do século passado. Com o passar dos anos começaram a surgir os primeiros surf camps em Peniche. Eu e o Léo sempre estivemos envolvidos com esse aparecimento: o Léo para além de fazer pranchas para muitos desses Surf Camps também se envolveu no aconselhamento e gestão de alguns e eu era instrutor de surf nas minhas férias da escola. Por volta de 2002, eu estava licenciado mas não arranjava trabalho e a empresa de fabrico de pranchas do Léo estava a sofrer com a "invasão" de pranchas fabricadas na China. Com a nossa estagnação profissional e know how na matéria estavam os ingredientes juntos para que mudássemos o rumo das nossas vidas.
Qual a tua função e a do teu irmão dentro da empresa?
A nossa função é gerir! Dividimos as várias áreas do Surf Camp entre nós. Muito sucintamente, eu sou responsável pela a área da escola de surf e área virtual e o Léo pelo alojamento, surf center e restauração, embora todas as áreas sejam transversais aos dois.
Em que consiste o vosso alojamento?
A estrutura principal com vista mar e a poucos metros das ondas tem 14 quartos com WC com capacidade para 55 pessoas, duas salas de estar e cozinha comum. No exterior o terraço com vista mar e o restaurante e área de festas com capacidade para 90 pessoas sentadas. Depois no raio de 300 metros temos mais quartos e apartamentos privados.
Quantos clientes vcs têm em média por mês?
Muitos no verão e vazio no inverno. Por vezes na época alta esgotamos os nossos serviços e na época baixa estamos vazios.
Quais os mercados estrangeiro que vocês mais trabalham?
Todos. Agora vamos começar a investir na China.
Como conseguem ter uma grande divulgação fora de Portugal?
Boca a boca é a melhor divulgação mas também investimos muito em publicidade.
O que achas que diferencia o vosso Surf camp dos restantes?
O facto de eu e o Léo convivermos com estrangeiros desde que começámos a fazer surf, portanto lidar com turistas é natural para nós. Também o facto de sermos profundos conhecedores quer da modalidade quer das ondas e praias de Peniche. Ou seja, nós não caímos neste negócio de pára-quedas. Depois também trabalhamos muito, dedicamos muito tempo das nossas vidas à empresa de tal modo que por vezes a nossa vida pessoal dilui-se com a profissional e vice versa.
Quais os serviços que vocês têm para além do alojamento?
Os básicos: aulas de surf, aluguer de equipamento, transferes de e para o aeroporto, refeições.
Quantos surf camps já existem na zona de Peniche (incluindo hostels de surf)?
Conforme a contagem. Se contabilizarmos os que estão legais com licença de utilização etc talvez tenhamos uns 15. Se contarmos com os que são anexos, garagens, casernas, apoios agrículas, etc, convertidos em alojamento, então teremos seguramente mais de 40.
Quantas carrinhas têm?
Temos 5 carrinhas e um ligeiro.
Quantos empregados?
Com contrato anual uns 4 ou 5, no pico do verão mais de 30 colaboradores diretos.
Tu e o teu irmão ainda têm tempo para surfar?
Sim, no Inverno conciliamos o trabalho com a melhor altura do dia para surfar. No verão as ondas estão desinteressantes mas há sempre as matinais ou finais do dia. Também fazemos normalmente pelo menos uma viagem por ano a um país de água quente, de preferência. Entretanto já vamos tendo outros hobies ou desportos que vamos fazendo, por exemplo o Léo adora ir à Berlenga pescar e eu interesso-me pela vela! A dedicação à família, particularmente aos filhos, também consome bastante tempo.
Por: Bernardo Seabra
www.penichesurfcamp.com