No seguimento do foco que temos dedicado à indústria do surf, com natural destaque para o panorama nacional, decidimos colocar algumas questões aos agentes que - melhor do que ninguém - estão no terreno e a par do ‘estado de coisas’. Desta feita, falámos com David Luís, responsável pela Search Store da Costa de Caparica, ex-surfista profissional e atleta internacional patrocinado pela Rip Curl.

Que mais valia trouxe, na tua opinião, a Search Store à Costa da Caparica?

Os surfistas passaram a ter mais uma loja de elevada qualidade de artigos em Portugal, principalmente artigos técnicos, e onde podem ser aconselhados ao pormenor sobre que material se ajusta melhor às suas necessidades. Passaram também a ter um local onde encontram um serviço profissional de reparação de fatos e pranchas. Viemos aumentar a oferta de pranchas na zona trabalhando com as melhores marcas de pranchas do mundo. A Caparica ganhou também pois passou a ter uma loja apetrechada de todos os modelos, tamanhos e cores de fatos da melhor marca de fatos de surf do mundo - a Ripcurl! No espaço de um/dois anos passámos a ser a loja em Portugal que mais pedidos customizados faz à maior fabrica de pranchas da Europa - a Olatu/Pukas (Channel Islands e ... Lost) - e isso é um sinal muito positivo que reflete a confiança que os nossos clientes depositam no nosso 'know-how'. Obrigado a eles que são a razão de ser da loja!

O surf lifestyle é cada vez uma realidade a nível mundial? Ou há uma distinção surf lifestyle vs Surf enquanto desporto?  

Felizmente vão sempre existir os dois mundos! A essência do surf é Soul, por isso o Surf lifestyle vai crescer bastante. Há marcas que aparentemente crescem, por estarem a investir na essência do surf. As grandes marcas, líderes de mercado, juntaram-se muito ao Surf Desporto/Competição/Profissional e acabaram por permitir que isso acontecesse. Ainda criaram free surfers patrocinados, projectos como o Search, ou a Adventure Division da Billabong... tudo para sair da realidade da alta performance desportiva, e para realmente passar aquilo que é o nosso desporto. Mas ainda assim com toda a evolução das pranchas, da identificação cada vez mais crescente do Homem com um estilo de vida simples, o Surf lifestyle tem grande margem de crescimento. Surf associado à arte, à criatividade, intuição e por aí adiante. Adoro esse lado e adoro ver um bom confronto man-on-man entre Kelly e Mick em J-bay! Tudo do melhor! É tudo Surf! Mas tenho pena quando vejo marcas a partirem para o lado Soul e a investirem muito nessa ideia e nesse marketing, mas na verdade estão assentes em algo artificial, não é genuino, e passamos a ter uma coisa plástica! Fica feio! Só faz sentido ter um Rob Machado se for genuíno, as marcas não podem chegar e dizer a um puto de 14 anos: "olha e que tal seres freesurfer/soulsurfer/hippiesurfer? Nós apoiamos-te! És nosso rider! Só tens de te meter numa sala cheia de pó de foam, cheirares umas flores no campo, pintares uns quadros, dançares em cima de single fins, não usar shop e seres zen! Depois quando tiveres barba podes deixar crescer que fica bem!" (risos) Não pode! Tem de ser genuíno! Esse surfista primeiro tem de nascer, como nasceu um Rasta, tem de haver conteúdo...

Podemos falar de um marketing global das marcas de Surf, no apoio a este mercado? Como está esta realidade na tua opinião?

O marketing global vende! Claro! E muito! As marcas investem bem em marketing! A loja ganha com isso! Tenho pena de ver que não há espaço para atletas de excelência terem patrocínios! Antigamente só o marketing lá fora vendia! De há uns tempos a esta parte o surfista português vende...o que é fantástico! Já temos pessoas que vão à loja à procura da prancha que o Francisco Alves usa, ou mesmo de uma peça de surfwear que o viram a usar.