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Quando entubar em G Land parece fácil
Bernardo Seabra ruma à mística onda que em 2022 acolheu uma histórica etapa do CT da WSL...
É ainda uma das mais místicas ondas do Mundo. G Land situada no parque nacional de Alas Purwo em East Java, Indonesia é uma esquerda que quebra perfeita tendo diversas secções para diferentes exigências e perícia dos surfistas.
"Cercados pela vida selvagem e com difícil acesso, os irmãos Mike e Bill Boyum
empenharam-se em erguer um lugar para alojar surfistas ..."
O Português Bernardo Seabra na zona mais critica da secção de Speedies observado por todos quantos estavam no pico. Click por Donny Lopez
Foi aqui que nasceu o primeiro surf camp do mundo:
Grajagan, era assim denominada a atual G-Land, em Java, na Indonésia. Daqui emergiu o primeiro Surf Camp da história, que ainda hoje fica lotado.
Cercados pela vida selvagem e com difícil acesso, os irmãos Mike e Bill Boyum empenharam-se em erguer um lugar para alojar surfistas que ali procuravam a máquina de ondas. Não foram os primeiros a estrear-se na onda, esse feito foi da autoria de Bob Laverty, mas estiveram na vanguarda do Surf Camp que começou por ser uma casa na árvore em 1972 e serviu frequentemente de teto a Gerry Lopez e Peter McCabe.
O calendário mostrava ser o ano de 1977 quando o surf-camp foi oficialmente registado e intitulado “Blambangan Surfing Club”. A procura aumentou de forma galopante e, de reservas com dez surfistas a um valor aproximado de 200 dólares, o preço para passar 10 dias inteiros a surfar, dormir na selva e repetir, escalou para 1000 dólares por pessoa em 1982.
"O preço para passar 10 dias inteiros a surfar, dormir na selva e repetir,
escalou para 1000 dólares por pessoa em 1982..."
Bernardo Seabra é Português e apaixonado por este local e por esta onda:
Bernardo Seabra, também conhecido por Giló encontra-se neste momento em G Land e ali surfou durante a ondulação que entrou no Oceano Indico estes passados dias. Para quem vê o surf na secção de speedies, desengane-se que é uma onda fácil. As ondas ali são totalmente ocas, quebram com apenas meio a 1 metro de profundidade e uma queda pode levar a sérias lesões.
"A previsão do swell estava certa e as ondas estiveram de Gala"
Bernardo Seabra
Muitos surfistas Australianos estiveram presentes em Speedies, já Russos havia, mas surfam em 20 20''s (a última secção da onda com menos power):
A realidade do surf tem vindo a mudar drasticamente estes últimos anos e G land, apesar de ser uma experiência potencialmente perigosa e estar situado numa zona remota, não escapa a essa realidade. São três os surfcamps que existem em G Land neste momento, albergando cerca de 40 pessoas cada um. Segundo Bernardo, neste momento, são os surfistas de nacionalidade Australiana que ali se encontram em maior quantidade, apesar de haver surfistas de todo o mundo e de todos os níveis. Por incrível que pareça há uma crescente comunidade de surfistas Russos que populam a Indonésia e também ali em G Land estes se encontram embora surfando as secções mais fáceis daquela mística onda.
G-Land sob a lente competitiva:
"Este é o tipo de pico com que me poderia reformar já"
disse Kelly Slater aos 23 anos após vencer a estreia do Quiksilver Pro G-Land
G-Land dificilmente sairía do mapa do surf, sobretudo quando em 1988 o bicampeão mundial Tom Carroll produziu juntamente com a Quiksilver o filme de surf “All Down The Line”. De difícil passou para impossível assim que recebeu a etapa inaugural do Tour em 1995, a qual foi vencida por Kelly Slater. “Nenhum outro evento mudou tanto a visão do Tour”, disse o 11x campeão mundial em entrevista. “G-Land fez do circuito mundial uma aventura e começou o ‘Dream Tour’. A emoção de ir pela primeira vez para um evento no meio do nada com toda aquela história de surfistas do passado como Gerry tornou tudo muito mais emocionante… Nenhum de nós sabia para o que estávamos a ir e descobrir a onda foi uma parte incrível do processo”, acrescentou.
Questões sociais e políticas puseram-lhe um travão e fizeram da Quiksilver Pro G-Land uma etapa que saiu do calendário precocemente, tendo durado somente 3 anos. Com Shane Beschen a conquistar a vitória em 1996 e Luke Egan no ano que se seguiu.
Ainda assim, o “Blambangan Surfing Club”, renomeado “Bobby's G-land Jungle Surf Camp”, nome que se mantém em vigor, continua vivo e ativo, embora as facilidades de deslocação e surgimento de inúmeros Surf Camps pela Indonésia lhe tenham tirado a exclusividade.
O regresso dos profissionais a G-Land deu-se em 2022, após 25 anos, embora este ano de 2023 a etapa fosse substituída pela piscina de ondas, ironicamente da autoria de Kelly Slater.
O Governo Indonésio informou a WSL que não poderia suportar os custos do evento e por isso não foi dada sequência a um dos mais promissores eventos de surf do mundo.