Haja Bom Senso !
uma reflexão sobre a eficácia e importância da “proibição” dos desportos individuais ao ar livre...
"Diz-nos a racionalidade que qualquer decisão relativamente às medidas não terapêuticas
e de combate à propagação da doença
deve ser ponderada à luz do conhecimento científico actual
e não em função da histeria mediática..."
À medida que se aproxima o prazo de renovação do actual Estado de Emergência decretado pelo governo é importante uma reflexão sobre a eficácia e importância da “proibição” dos desportos individuais ao ar livre na travagem da propagação do vírus responsável pela doença Covid 19. Que haja alguma esperança no retorno de algum bom senso às autoridades de saúde e políticas, autarquias incluídas.
Desde logo é essencial perceber o que dizem as instituições internacionais ligadas à investigação e prevenção da doença, como a Organização Mundial de Saúde ou o Centres for Disease Control and Prevention (CDC) americano. Isto além de outras instituições científicas que têm publicado estudos e resultados de investigação sobre este vírus específico, provavelmente o vírus mais estudado da História da humanidade.
"...não faz sentido o encerramento de paredões e marginais..."
Diz-nos a racionalidade que qualquer decisão relativamente às medidas não terapêuticas e de combate à propagação da doença deve ser ponderada à luz do conhecimento científico actual e não em função da histeria mediática.
Nesta altura temos todos os desportos individuais praticados ao ar livre em estruturas artificiais proibidos (golfe, ténis, motocross, etc) e, embora não expressamente proibidos, estão sujeitos a uma espécie de Catch 22, por via autárquica, os desportos náuticos como o surf, o kitesurf, o windsurf ou a vela. Ora basta perder algumas horas a investigar o que dizem as organizações acima mencionadas acerca da transmissibilidade do vírus Sars-Cov-2, para perceber que estes impedimentos não fazem sentido. Como não faz sentido o encerramento de paredões e marginais. Segundo as mesmas organizações (OMS e CDC entre outras) o risco de transmissão ao ar livre e especialmente junto ao mar é mínimo ou próximo de zero e é largamente compensado pelos benefícios na saúde das pessoas. Para haver risco de transmissão ao ar livre são necessárias condições facilmente evitáveis e não tão comuns como isso nesta fase, independentemente das restrições.
Seria assim de esperar que as autoridades que gerem a orla costeira, bem como as estruturas desportivas de prática desportiva individual ou de lazer ao ar livre, tivessem um rebate de bom senso e levantassem as restrições actuais. O Inverno é um período terrível para a saúde tanto física como mental das populações e Fevereiro, já por si, um mês tradicionalmente chuvoso e de mau tempo que nos impede de usufruir de ar livre e de um convívio minimamente normal. Juntar a isto o impedimento de actividades individuais que podem aliviar a depressão, os problemas físicos e de saúde de que muitos padecemos, não faz sentido.
"incutir o pânico nas pessoas não terá com certeza os resultados desejados,
nem contribuirá de forma alguma para uma sociedade mais sã..."
No que respeita ao risco de ajuntamentos sem as precauções mínimas, nada melhor que fornecer aos cidadãos e munícipes informação verdadeira e transparente. Alguma fiscalização também não faria mal nenhum, agora incutir o pânico nas pessoas não terá com certeza os resultados desejados, nem contribuirá de forma alguma para uma sociedade mais sã, mais solidária e humana, pelo contrário, fomenta a desconfiança, a revolta e o conflito sem resolver o problema que se propõe eliminar.
No caso do surf não existe nenhuma evidência científica ou outra que aconselhe o seu impedimento, o distanciamento é da natureza dele mesmo e o controlo dos ajuntamentos em parques de estacionamento ou na própria praia são de fácil controlo. Assim queiram as autoridades.
*Por Helder Ferreira