A brasileira Silvana Lima pôs o dedo na ferida. A brasileira Silvana Lima pôs o dedo na ferida. Foto: WSL/Rowland sexta-feira, 11 março 2016 16:22

DA BELEZA

Em análise as palavras de Silvana Lima e a correlação entre sponsorship e beleza...

 

Sei bem que arrisco ao escrever isto, mas as queixas da Silvana Lima publicadas em vários meios de comunicação há alguns dias merecem uma reflexão. A ver, a Silvana queixa-se que as marcas só querem surfistas/modelos no que respeita às meninas e que os homens não têm esse problema. Isso, segundo ela, é o que a impede de angariar patrocínios. Metade é meia verdade, a outra metade nem meia é. Isto é uma questão que afecta também os homens e não é só no surf, é em tudo quanto é desporto profissional e por boas razões.

 

Começando, por exemplo, pelo futebol. O Di Maria foi, sem dúvida enquanto lá esteve, o segundo melhor futebolista do Real Madrid e acabou dispensado enquanto o Bale ou o Benzema se aguentam sem metade da qualidade. Porquê? Porque hoje, no desporto profissional, uma fonte de receitas fundamental são as vendas associadas a um determinado atleta. E, convenhamos, o Di Maria por azar da natureza, não tem o “good looks” do Bale ou do Ronaldo. Foram os fãs, com a carteira, que o puseram fora do Real. Outro exemplo, é a Anna Kournikova no ténis. Nunca ganhou nada de especial, nunca esteve no topo, no entanto, era das mais bem pagas. Porquê? Porque vendia. Portanto, quem decidia se ela ganhava mais ou menos que as melhores, não eram as marcas, eram os fãs.

 

Voltando ao surf, há aqui perto um caso flagrante: o Pablo Gutierrez. Um dos melhores europeus de sempre teve o azar de não ser bonito, ser baixinho e ter uma calvície precoce. Há outros casos que são o oposto, que uma boa imagem e alguma beleza física podem compensar um menor talento. Outro, o Mineirinho, o que é que ele não tem que o Medina tenha? Tal como este, é campeão do Mundo e mais, com uma vitória em Pipe. No entanto, está longe do mediatismo, dos patrocínios do segundo. Não, não é a qualidade do surf, é a estampa física. Outro ainda, o Bede Durbidge. É cenoura, o que no Mundo anglo-saxónico é pouco apelativo. O que tem o Julian Wilson que lhe falta a ele? O mesmo. O Bede já ganhou, inclusive, mais CT’s que o Julian.

 

A melhor época de crescimento da Volcom coincidiu com o auge do Bruce Irons. Durante anos, mesmo com o irmão campeão do Mundo, o Bruce foi o surfista mais mediático e que mais vendia no planeta. A Transworld fazia um exposure-meter e anos a fio no top estava o mais novo dos Irons. Tanto a ele como ao irmão não lhes faltava nada, tinham talento, qualidade e beleza. Um não vende sem o outro e quem decide se vende ou não e com isso arrasta patrocínios, apoios e visibilidade são os fãs.


Um patrocínio não é uma obra de caridade destinada a premiar achievements, é um investimento que tem que se traduzir em vendas (embora no caso seja impossível medir o impacto/retorno), se não se traduz é porque o veículo usado – patrocinado - não apela aos fãs, logo, se quiserem acusar alguém de privilegiar a beleza, que, repito, ao contrário do que diz a Silvana Lima, é um problema tanto para elas como para eles, acusem os fãs, não as marcas.

 

Nota: Existem vários estudos que encontraram uma correlação entre salários e beleza mesmo noutras actividades mais “normais”. Tal como a altura, por exemplo. Os e as mais bonitos/bonitas e mais altos/altas ganham mais.

 

Opinião: Hélder Ferreira | Facebook

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P.S. Consulta aqui o vídeo com as palavras da discórdia.

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