Mindset & Breathwork - Como Lidar com o Medo quinta-feira, 23 julho 2020 20:18

Mindset & Breathwork - Como Lidar com o Medo

Medo é uma emoção. E como todas as emoções, ocorrem dois aspetos cruciais.... (Quarto artigo Mindset & Breathwork)

 

.....O primeiro, é que somos nós que as criamos. O segundo, é que ou controlamos as emoções e ditamos os rumos dos acontecimentos ou são elas que nos controlam e perdemos a capacidade de decidir esse rumo.

 

 

 

 

"Sentir medo é saudável. Quer dizer que o nosso mecanismo interno

 

de sobrevivência, está a cumprir a sua função..."

 

 

 

 



Como todos nós bem sabemos, o medo pode ser extremamente limitador para o alcance dos nossos sonhos e objetivos. Para os alcançarmos, temos de aprender a lidar com o medo e passar a utilizar essa emoção como combustível para a ação, em vez de travão para o que ambicionamos atingir.

Para aprendermos a lidar com o medo, vou optar o sistema criado por Tony Blauer, um especialista em artes marciais e com uma missão de ensinar as pessoas a lidar com o medo, algo que tem feito há mais de 40 anos.



Uma vez que o processo físico e emocional do medo é transversal a qualquer ser humano, vou seguir esta sequência que pode ser depois adaptada ao surf e outras áreas da nossa vida:

 

 

 

O seu ensino é baseado em 4 passos:

1.    Encarar o medo
2.    Entender o seu papel
3.    Confrontar o medo
4.    Aprender a lidar com o medo






1 – Encarar o medo:

Encarar o medo é reconhecer e aceitar a emoção, em oposição a negar, reprimir ou ignorar. Muitas vezes e por condicionantes culturais, ensinam-nos que não podemos ter ou demonstrar medo porque este representa um sinal de fraqueza. Contudo, o que reprimimos, persiste.

“Meet up with fears. If you’re afraid of sharks, go learn about sharks. Get into the water with one. If you respect fear, face it staright on and act anyway.
What you’ll find isen´t terror, it’s exhilaration and the moments that you never forget”.
Laird Hamilton

 

 

2 – Entender o seu papel:

Sentir medo é saudável. Quer dizer que o nosso mecanismo interno de sobrevivência, está a cumprir a sua função. Sem ele, nunca teríamos consciência das situações que nos causam riscos vida. Por isso, trate o medo como o um amigo preocupado consigo e que o avisa de um perigo potencial. Mas não o deixe limitar a sua ação e  dizer o que têm ou não de fazer. Essa responsabilidade tem de ser sempre nossa.

 

 

3 – Confrontar o medo:

Sempre que sentimos medo ocorre uma reacção fisiológica e outra psicológica que nos coloca em atenção e prontos a actuar.


Efeitos Fisiológicos:

Sempre que é detectada uma potencial ameaça a amígdala lança uma resposta de stress que nos coloca em estado de alerta e que interpretamos como medo. Quanto maior for a ameaça percebida, mais intensa é a actividade da amígdala e menor a actividade do nosso centro executivo de decisão (Córtex pré-frontal)
Como consequência,  entramos em modo fuga ou luta e deixamos de conseguir pensar de forma clara e racional.

Efeitos Psicológicos:

A reacção psicológica é a que determina a forma como pensamos sobre o medo.

Perante um evento ou antecipação dele, que pode ser, por exemplo fazer surf em ondas maiores do que estamos habituados, entra desde logo em acção a nossa motivação para o fazer.E a motivação vai depender em muito das expectativas que alimentamos em relação à situação. Se as expectativas são positivas, ficamos entusiasmados e não vemos a hora de entrar dentro de água.
Quando as expectativas são negativas, relembramos situações que não correram bem ou criamos cenários  hipotéticos mais focados no que pode correr mal. Sem estarmos conscientes, o que visualizamos vai ter um impacto directo no momento presente originando uma espiral de medo e ansiedade.

Fear it´s something we manufacture. It arises when we’re stuck in the past remembering something bad that´s happened, or projecting into the future, imagining something bad that will happen.  Right now is the moment, I know, I know how to do this” Garret McNamara


 

4 – Aprender a lidar com o medo:

O que se segue são acções possíveis de implementar e que têm demonstrado bons resultados:

•    Respirar para acalmar:

Reconhecendo o nosso desconforto, respiramos para acalmar a nossa mente. Quebramos a espiral de medo, ganhamos maior controlo racional da situação e estamos mais centrados no momento presente.

•    Adoptar um Mindset de crescimento (ver publicação Nº1):

Aceitamos que o desafio de surfar ondas maiores do que estamos habituados, é uma oportunidade para aprendermos e evoluirmos. Desta forma mudamos o nosso foco de expectativa negativa para expectativa positiva, alterando emoções como o medo e ansiedade em entusiasmo, empenho ou atitude.

Todas estas emoções sustentam-se na adrenalina, a questão é saber em qual nos focamos.

•    Optarmos por estar junto de outros surfistas mais confiantes e entusiasmados. As emoções são contagiosas;

•    Fazer uma análise de risco e criar um plano:

Tamanho real das ondas, onde quebra, qual o intervalo entre sets, por onde os outros surfistas estão a entrar, por onde saem, onde se posicionam, em caso de partir o leash por onde sair, zonas de correntes e agueiros;

•    Consciência das capacidades pessoais:

Condição física, capacidade de remada, técnicas de apneia. Se forem fracas, alerta para a necessidade de criar um plano de treinos e aumentar as nossas capacidades;

•    Controlar se material é adequado e está em condições;

•    Preparar uma rotina de aquecimento, físico e mental;  

•    Criarmos mentalmente um “pequeno coacher motivacional”, que nos relembra sobre atitude, mente positiva e confiança de que sabemos lidar com as situações à medida que forem acontecendo....

•    Termos um propósito muito claro e o que significa o alcançar:

Quando estamos muito certos do que queremos, com todo o nosso coração e alma, acabamos por focar nos aspetos positivos, no que iremos sentir e conseguir atingir. A motivação prevalece em relação ao medo.

“you’ve got to want the experience that you’re going to have when you overcome that fear, more than you fear doing what it takes to get there” Mark Mathwes

 

 

 

Se implementaram estas ações e mesmo assim continuam a sentir:

- Que não estão minimamente entusiasmados;
- Têm um mau pressentimento ou instinto de que “hoje não é o dia”;
- Acham que as condições não são seguras e estão para alem das vossas capacidades;


Então não forcem e procurem alternativas mais seguras ou relaxem e aguardem por outro dia mais acessível.

Termino com vídeo da Maya Gabeira onde aborda como lida com o medo:






Por Ricardo Gomes, Instrutor do Método Wim Hof e Breathwork

Itens relacionados

Perfil em destaque

Scroll To Top