Abílio Pinto - 30 anos de Shapes

Deslizando sobre as ondas - 30 anos de BILLYSURFBOARDS  - por Abílio Pinto 'Billy'.

 

Fotos: Pikas Fotografia e Arquivo pessoal

 
"Fiz a primeira onda no Verão de 1977, tinha 10 anos e fiquei completamente deslumbrado com este desporto maravilhoso, passei os oito anos seguintes a crescer com a ideia de um dia poder a fazer vida profissional fazendo pranchas, até que em 1985, com 18 anos, tomei a decisão de não trabalhar para ninguém e começar a fazer pranchas. No verão trabalhava como nadador salvador na praia Sereia da Costa Verde e surfava todo o verão; ganhava um dinheiro extra e shapeava pranchas para os meus amigos, pois nessa altura em Vila Nova de Gaia só os meus amigos surfavam. No Porto havia outro grupo e em Espinho também começava outro, não havia este comercio todo, era pura dedicação e paixão com o  surf.
 


Para começar a shapear tive que avançar sem apoio, pois muitos me criticavam, que isto era uma brincadeira e que não tinha futuro, mas eu pensava que o futuro vou ser eu a determiná-lo  e mais ninguém,  e eu sempre tive paixão no que fiz e no que faço atualmente, que é trabalhar com o surf e suas  variantes.
 

No início do anos 80 a indústria do surf era muito pequena, em Portugal poucos shapeavam  e guardavam os seus conhecimentos a sete chaves,  mas eu queria mais informação para evoluir, mas as portas não me foram abertas em Portugal sempre que tentava e agradeço, pois isso fez me viajar mais cedo e ir aprender com alguns dos  melhores  shapers  da altura.  Em 1991 eu tinha pensado em 3 destinos para viajar para trabalhar como shaper: Califórnia, Austrália e África do Sul, mas depois de ter estado em contacto com pros Sul Africanos num evento  internacional de Surf  que organizei em Espinho,  e visto a nossa moeda na altura ser o Escudo e que tinha pouco valor em relação ao forte Dólar, decidi, aqui vou eu África.


Fui ter com o meu amigo Jason Ribink a Durban, ele levou-me à fábrica da Safari e à fábrica das Surftoys, na altura do lendário Peter Daniels  que faleceu recentemente, e foi este o meu primeiro mestre e amigo, uma grande perda mas o legado que deixa é gigante. A primeira vez que tive contacto com ele foi na praia em Durban, quando eu ia entrar no mar e ouvi uma voz a perguntar:  "de onde vem essa prancha?", e eu respondi "é minha, sou eu que faço e vem de Portugal".


Na altura em 1991 fez as pranchas do também lendário Tom Curren para o filme  da Rip Curl  'The  Search',  onde parte foi filmado na onda de Jeffreys Bay. Estava ao rubro a fábrica com muitas pranchas  a sair por dia para todo o mundo, as Surftoys Surfboards; eu passava dias na sua sala de shape vendo aqueles tapetes mágicos a ser moldados a mão com uma mestria, e eu só analisando. No final do dia  íamos para a sala de exposição das pranchas novas, bebiamos uma cerveja  e eu fazia todas as perguntas relacionadas com os shapes que ele tinha estado a fazer;  e no dia seguinte eu ia para a outra sala de shape que ele tinha e shapeava o que tinha aprendido no dia anterior, várias vezes nos encontravamos nos clubes da praia no New Pier a beber umas cervejas e a falar com ele e com os seus amigos shapers, treinadores e surfers  mais velhos, onde eles partilhavam comigo as suas experiências e eu lhes falava de Portugal como era um País lindo a beira mar onde o surf estava a crescer rapidamente  e foi assim com naturalidade que lhe fiz o convite para vir shapear na minha sala de shape em Miramar e visitar Portugal  no verão seguinte e ele aceitou. Disse "tenho que ir a Espanha e a França vou um pouco mais cedo e vou shapear na tua sala e conhecer Portugal".  


Tempos depois continuei a minha viagem e fui para Jeffreys Bay, onde surfei muito - é uma onda que quando está a conectar vários picos podes fazer todo o tipo de surf; normalmente acontece a partir dos 2 a 3 metros, é  demais o surf e normalmente tinha sempre a companhia dos golfinhos que me deixavam mais tranquilo em relação aos tubarões,  e  onde trabalhei  com também lendário de J.Bay, Glen Darcy.



Em J.Bay na altura shapeava-se muito as guns para aquela onda, principalmente para os mais clássicos que não queriam ter dificuldade a entrar nas ondas e lhes garantia melhor remada para o pico novamente, pois aquela onda quando esta maior prolonga-se  por centenas de metros e também ficava com muita gente, mesmo naquela altura, pois a África do Sul tem uma história com o surf muito antiga e está enraizada na cultura deles.  Trabalhar com o Glen na sua fábrica foi demais, ele ensinou-me muito em relação às guns e a esse departamento que eu tanto gosto de shapear. Gosto de todos os shapes,  principalmente por ter passado todas essas épocas desde os anos 70 até aos dias de hoje fiz todo o tipo de pranchas e surfava com elas, isso dá-te uma noção mais real do que fazes, estava passado de estar a trabalhar e a surfar J.Bay já não queria sair de lá.


Mas o destino  levou me para a cidade do Cabo (Cape Town), estava eu na fábrica da Billabong África que fica em J-Bay, onde um dos seus designers estava a fazer um novo logotipo para as minhas pranchas e encontro outro amigo sul Africano que era patrocinado pela Billabong e  estava a recolher material do patrocínio,  o Justin Strong.  Falámos um pouco e ele diz: "já foste a minha cidade Cape Town?", eu disse: "não!", "então pega nas tuas coisa e vem surfar novas ondas e conhecer novos shapers". Fiz as malas e fizemo-nos à estrada no seu carro, shape,  surf, and fun, foi o que fiz em Cape Town, cidade bonita e maravilhosa boas ondas e muito tubarão branco.


Esta foi uma de muitas viagens que fiz à procura do que se faz no mundo dos shapes, o Peter Daniels visitou me no verão seguinte e esteve a Shapear na minha sala de shape em Miramar, como  também o casal de brasileiros que tinha estado comigo e outros shapers, eu fui para a Califórnia,  Havai e para outros destinos onde cresci como shaper e como pessoa.


Todos estes shapers e surfers que conheci e fui conhecendo ao longo dos anos e me abriram portas, faze com que eu veja o shape de uma maneira diferente  e já há uns anos que ensino a shapear da mesma forma que o Peter me ensinou, atualmente dou cursos profissionais de hand  shape .


Estive nos 16 anos seguintes a shapear no Porto e todos os anos fazia as minhas viagens. Em 2002 fui viver para o Algarve,  para a Carrapateira e Sagres onde fiz muitas pranchas para as nova gerações  de surfers Algarvios e durante todos estes anos de shape e também como treinador de surf fiz 20 anos de eventos internacionais com a ASP que agora é WSL.  Em 2012 fui viver para a  Madeira  onde tenho sala de shape e um pequeno Hostel, divido o tempo entre a Madeira e o Porto, venho todos os anos à invicta no verão dar cursos de Shape e fazer pranchas para os meus clientes e amigos do Porto mesmo estando mais tempo na Madeira podem encomendar as vossas pranchas, pois o preço não se altera com o transporte,  ou podem vir cá e fazem umas ondas terei todo o gosto em vos receber, vou continuar shapeando e fazendo os  tapetes mágicos que todos gostamos para deslizar nas ondas, os meus 30 anos de carreira dedico em especial ao lendário e amigo Peter Daniels e também a todos vocês que amam o surf, fiz esta coleção de 6 pranchas para o António Rodrigues, 3 para  mar pequeno, 5´10” – 6´1” – 6´3”  e 3 para mar grande e muito grande, 8´0” -  9´0” -   5´11” para tow in.

Fiquem bem, o  inverno está a porta e as boas ondas também.

Abílio Pinto

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Telemóvel: 00351 933233579

 



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