KATHLEEN BARRIGÃO: “COMPETIR COM RAPAZES DÁ-ME MAIS GARRA E VONTADE DE GANHAR”

Conversa amena com a nova campeã nacional de longboard, open feminino e sub-18…

 

Kathleen Barrigão foi uma das boas surpresas em 2015. Foi uma das poucas raparigas a competir no Circuito Nacional de Longboard, mas acabou por deixar para trás a concorrência masculina e, além do título nacional Open Feminino, sagrou-se também Campeã Nacional em Sub-18. Vejamos o que o futuro lhe reserva…

 

Venceste o título nacional Sub-18 e Open Feminino de Longboard com grande domínio. Que resumo fazes do teu desempenho nesta temporada?

Comecei a temporada com o objetivo de melhorar a minha prestação no Open e ganhar o Sub-18. Com muito trabalho e dedicação consegui alcançar os meus objetivos, sagrando-me Campeã Nacional de Longboard Sub-18.

 

Particularmente nos Sub-18, que é uma competição mista, das seis etapas disputadas acabaste por vencer cinco. Que desafios encontraste numa categoria dominada pelo sexo masculino?

Sendo a única rapariga a competir no Open e no Sub-18 tive de adaptar-me a competir só com homens e rapazes que para algumas pessoas pode parecer intimidante. No entanto, eu não olho para eles como rapazes, mas antes como competidores. E trato qualquer adversário da mesma maneira, mas competir com rapazes dá-me mais garra e vontade de ganhar.

 

Quais os atletas, por cá e no exterior, que gostas de observar e servem de referência?

Uma vez que não tenho concorrência no longboard feminino tento aprender com os rapazes e tenho tido muita ajuda de todos os longboarders do Circuito Nacional. Um dos longboarders com quem tenho aprendido muito e com quem competi bastante é o João Dantas, o atual Campeão Nacional de Longboard Open. Outro competidor que muito aprecio pela sua simpatia, técnica e pelo seu caráter de brincalhão é o Diogo Gonçalves, um longboarder que mostra sempre um alto nível de surf. É nele que vou buscar muitos pormenores técnicos para poder melhorar o meu surf. Lá de fora algumas das longboarders que admiro ver surfar e competir são a Chloé Calmon, do Brasil, que se encontra entre as três melhores longboarders do mundo. Também aprecio muito o estilo elegante da Kelia Moniz, tal como a Kassia Meador que agora opta mais pelo free surf, mas que será sempre uma referência no longboard feminino.

 

- A campeã nacional à procura de um hang five bem clássico. Foto: J. Barrigão 

 

Com a conquista dos títulos nacionais que muda na tua vida?

Depois de ter obtido dois dos melhores resultados até hoje na minha carreira de longboard, estou ainda mais motivada para correr o Circuito Europeu na esperança de um dia qualificar-me para o mundial na China. Tenho agora muito trabalho pelo frente e começarei a tornar os meus treinos mais intensivos, melhorando a minha dieta para estar o mais saudável possível e treinar mais o físico para me ajudar na água. Vou também melhorar a minha técnica para ter a parte mais clássica do longboard tão forte quanto a parte mais progressiva, com vista a obter um surf mais completo.

 

Queres contar-nos como começou a paixão pelo surf e em especial pelo longboard?

Sempre tive um relação bastante próxima com a praia e o mar, mas nunca imaginei um dia surfar, pois nem sabia bem o que era o surf. Foi depois da minha madrinha me ter oferecido uma aula de surf, em Carcavelos, por altura do Natal, que comecei a surfar imediatamente. Já faço surf há cerca de quatro anos e longboard há cerca de dois anos e meio, e o longboard começou com uma prancha de um amigo do meu pai. Pessoalmente acho importantíssimo poder surfar com várias pranchas de tamanhos diferentes. Por isso, naturalmente, interessei-me logo pelo longboard, mas nunca imaginei que me levaria a ter dois títulos nacionais.

 

Que análise fazes do estado do longboard português?

O longboard em Portugal ainda tem muito que evoluir para chegar ao nível internacional. Felizmente, nos últimos dois anos já existem mais jovens que estão cada vez mais interessados no longboard. Na minha opinião a cultura do longboard está a crescer, mas precisa de ajuda e mais apoio da Federação Portuguesa de Surf e das escolas de surf, pois acredito que temos muito potencial para criar uma nova geração de longboarders. Acredito que as escolas de surf devem investir mais na formação de atletas de longboard.

 

Que se segue para os próximos tempos?

No próximo ano irei fazer o Circuito Europeu de Longboard (LQS) com o objetivo de obter um lugar para o mundial de longboard. Estas provas irão ser realizadas em Gaia, em França e em Inglaterra. Irei também continuar a correr o Circuito Nacional com o objetivo de melhorar a minha prestação no Open. Em suma, irei estar sempre a treinar para alcançar o nível das longboarders internacionais.

 

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Entrevista: AF // Fotografia: J. Barrigão

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