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PORTUGAL PARA ADAM MELLING
“Adoro surfar na Ericeira. Existem lá boas ondas…”
Estávamos a um dia de terminar o Cascais Billabong Pro, a decorrer em Carcavelos, quando a SurfTotal esteve à conversa com o surfista australiano Adam Melling. Sem saber que iria terminar em 5º lugar neste evento Prime, e consequentemente vencer o grande prémio de 50 mil dólares - Cascais Trophy – falou sobre as outras duas etapas do Moche Series, que decorreram nos Açores e Peniche.
O que sentes em relação a Portugal? Adoro estar aqui todos os anos. É algo de diferente, onde temos à disposição muitos beach breaks, com bons tubos. De onde eu venho não temos este tipo de onda. Fico sempre muito contente por estar aqui.
Quando estás em casa onde costumas surfar? Eu surfou muitos point breaks. Temos vários tipos de onda em Lenox Head e também a sorte de ter umas boas esquerdas.
Quais são para ti as principais atrações aqui em Portugal? Para mim são as praias (risos). Também aprecio muito a gastronomia, em especial o peixe. Adoro também o facto de toda a gente aqui adorar surfar. Existem muitos fãs ao longo das praias animarem-me, transmitindo uma boa vibe.
E os Açores! É um local para mais tarde regressar? Claro que sim. Tive apenas oportunidade de surfar lá alguns locais, mas sei que existem alguns “secret spots”que tenho de conhecer, apesar de os surfistas locais não quererem divulgar (risos). Ainda não conseguimos ver o potencial máximo dos Açores, no entanto, apanhei bons tubos e sei que ainda tem muito mais para mostrar além do evento.
E as paisagens? É muito agradável. Existem piscinas de água quente naturais. Podemos facilmente dar a volta à ilha, o que significa que existe sempre off shore em algum lado (risos).
Em relação ao teu surf. Notamos que estás mais leve e ao mesmo tempo mais rápido e poderoso? É verdade! Nos últimos anos tenho andado a trabalhar mais essa parte do meu reportório, tentado melhorar a minha forma física e parece estar a resultar. Fico contente por terem reparado!
Quando estás a surfar consegues fazer recuperações fantásticas. Tens apostado no treino de alongamentos? Sim faço muito esse tipo de treino. Mesmo durante as competições tenho sempre presente o meu treinador e ele tem feito um excelente trabalho. Desde que saímos de França que ele nos tem mantido focados e em forma, e principalmente afastar-nos dos bares (risos).
Qual a onda portuguesa que melhor se adapta ao teu surf? Gosto realmente de beach breaks, porque não tenho muitas oportunidades de os surfar. Adoro surfar na Ericeira. Existem lá boas ondas, aquelas em que podemos fazer quatro ou cinco batidas.
Já surfaste as esquerdas da Ericeira? Acho que não. Talvez há uns anos atrás, quando decorreu lá o primeiro WQS. Desde aí que nunca mais lá voltei.
A seguir à competição tens planeado algum freesurf? Tenho de partir imediatamente para casa, pois tenho de me preparar para o Havai. Assim que chegue à Austrália, tenho cerca de semana e meia para testar pranchas e de recuperar fisicamente para o Havai.
Fala-nos das tuas pranchas! O que tens usado? Aqui em Portugal tenho usado o modelo “Angel” da Emery. Têm funcionado muito bem nestas ondas, estão mais leves e ao mesmo tempo um pouco mais cheias.
Qual é a tua estratégia no que respeita às tuas pranchas? Nesta viagem usei praticamente sempre a mesma prancha, uma 5´10 , mas bastante mais espessa no tail. Tenho usado quilhas pequenas.
Achas o “carve surfing” interessante para quem está assistir? Existem muitas pessoas que só querem ver aéreos altíssimos, mas quem pratica surf adora ver longos e poderosos carves. É um estilo de surf que ainda é necessário ter na bagagem, para continuar a competir ao mais alto nível, pois muitas vezes o mar não oferece condições para aéreos.
Como te sentes a executar aéreos? Ultimamente, tenho-me dedicado um pouco mais a isso. Sempre os fiz, mas acho que está na altura de os exibir ainda mais, principalmente no meu percurso competitivo.
O que achas que os juízes mais procuram nas manobras para pontuar? Dependendo do dia, temos de chegar e ver o que eles estão a valorizar mais, até mesmo perguntar-lhes. Especialmente se for um beach break com vento on shore, adoram ver grandes aéreos. Mas se fizeres um bom carve, também te atribuem uma boa pontuação. Mas nada como lhes perguntar isso a eles (risos).
Colocas parafina quase até ao “nariz” (da prancha) o que significa que gosta de aéreos? Sem dúvida. Adoro fazer aéreos, aliás penso que toda a gente gosta. Mesmo que não saiam tão perfeitos, sabe sempre bem.
Em relação aos surfistas portugueses, existe alguém em particular que gostavas de destacar? Frederico Morais. Ele realmente destacou-se em Peniche. Mas não deixa de ser uma pena não assistirmos a Tiago (Pires) em ação e ver os seus poderosos carves! No entanto, Frederico (Morais) impôs-se perante Kelly (Slater) o que não é uma coisa fácil de fazer. Foi realmente entusiasmante assistir a um surfista português derrotar o campeão.
Um comentário sobre as mudanças atuais na ASP? Acho que a ASP tomou o controlo de tudo de uma só vez. Acho que as marcas não têm tanta noção do que realmente se passa nos eventos. De momento, as marcas não vão estar muito contentes, mas a longo prazo vai ser bom para todos. No futuro, vai ser bom para a modalidade, trazer mais dinheiro, patrocínios e tornar-se mais acessível para as pessoas poderem assistir ao vivo, em suas casas. É um bom passo, mas poderá demorar um ano até todos estarem adaptados e contentes.
Quem achas que estará à frente da ASP em 2015? Não faço ideia (risos). Essa é uma pergunta difícil de responder.
Achas que estas mudanças vão ser benéficas para os surfistas? Sim, sem dúvida. É mais focada nos surfistas, porque sem nós não existiria uma World Tour. Estão realmente à procura de defender os nossos interesses. Estiveram este último ano e meio acompanhar de perto o Tour, e sabem bem o que é melhor para os surfistas.
Que musica achas que se adapta melhor às ondas portuguesas? Supertubos por exemplo? Metalica!? (risos) Qualquer uma das faixas encaixa na perfeição.
E para Carcavelos? Rage Against The Machine
Mensagem para alguém especial? Não tenho mensagens, estou quase a chegar a casa (risos). Um olá para a minha família e estarei convosco em breve.
- Link: Moche Series Cascais Trophy Portugal 2013
- Créditos fotos: Rui Oliveira | Rita Neves | Francisco T Santos