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"O VASCO TEM UM 'NEGÓCIO' COM O PAI. QUANDO HÁ PROVAS NÃO HÁ SAÍDAS"
A mãe de Vasco Ribeiro, Sofia Pessoa, falou com a SurfTotal sobre o filho.
São das presenças mais assíduas nos campeonatos. É comum vê-los em todas as etapas e ver Vasco Ribeiro a receber o apoio da família, em cada vitória ou derrota. À saída da água, este sábado, quando venceu o Allianz Ericeira Pro, em Ribeira d'Ilhas, recebeu o abraço e o beijinho da praxe da sua mãe, Sofia Pessoa. A SurfTotal falou com a fã número do surfista da Praia da Poça, e lança agora a primeira de um ciclo de entrevistas com pais de surfistas.
Vocês são dos pais mais presentes nas provas. Em que é que isso afecta a vossa vida pessoal e profissional?
Vimos a quase todas as provas dentro do possível. Mas não afecta a nossa vida pessoal, porque trazemos sempre os miúdos. A nossa filha já não vem porque não acha tanta graça, mas o mais pequenino sim. A nível profissional também não afecta. O meu marido está de férias e eu agora não estou a trabalhar.
E já andam nestas andanças há quanto tempo?
Ora, o Vasco começou a competir por volta dos 9, por isso há 10 anos já...
O Vasco foi campeão em 2011 e 2012. O ano passado o título passou para o Frederico Morais. Sentiu que o seu filho se foi abaixo?
Não vejo as coisas dessa maneira. O Kikas não lhe "roubou" o título, como se diz. O Vasco teve um ano complicado, não por perder o título mas por se ter lesionado e isso sim afectou todo o seu percurso. Ele e o Kikas são muito amigos. Quando foi para festejar a vitória do Kikas ele foi também. Acho que ele não ficou triste, claro que interiormente ficou com pena, mas ficou contente pelo amigo.
E este ano é para ganhar?
Vou ser muito sincera. Não vejo o campeonato nacional como um dos objetivos nele. E ele também não. Partimos do príncipio que sempre que estiver cá entra em todas as provas. Claro que se lhe perguntar se quer ser campeão nacional ele vai dizer que sim, mas provavelmente não vai conseguir estar em todas, por causa do Pro Junior Europeu, mas se conseguir claro que vai lutar por vencer.
Como é para os pais ele estar sempre a viajar? Como se lida com as saudades?
Estamos sempre em contacto, por skype ou facebook. A nossa sorte é agora estas modernices. Dantes não havia nada e eram um balúrdio de conta no telefone. Mas sim, custa um pouco... as saudades...
O Vasco é muito ligado à família?
Nós só vimos aos campeonatos porque ele não se importa. Porque sei que há outros meninos que não acham muita graça. Nós adoramos e ele sabe e não noto que fique constrangido. Ele gosta da nossa presença. Das vezes que vai para fora, se for muito tempo, nos primeiros 15 dias ou 3 semanas não está nem aí. Quando chega a um mês, começamos a sentir do lado dele, a querer falar com o irmão, por exemplo, e a notar que ele tem saudades.
Com 19 anos, como se lida com o lado de ser atleta profissional e o querer divertir-se, sair à noite?
Eu acho que ele finalmente percebeu que só o talento dele não chega. Tem de treinar. E para treinar tem de abdicar de algumas coisas. Chegámos a um meio termo. Ele tem ali um "negócio" com o pai. Quando há provas não há saídas. Quando não há provas, sai uma vez por semana, quando calha. Também não se pode cortar totalmente. Nem proibir porque ele é maior de idade. Mas ele acata muito bem as coisas que o pai lhe diz. Tentamos conciliar.
Patrícia Tadeia
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- Créditos fotos: Rui Oliveira | Francisco T Santos