Foto: Ricardo Bravo Foto: Ricardo Bravo quinta-feira, 29 abril 2021 10:16

“Eu estava numa fase complicada com o surf, não queria ir para o mar e poucas vezes surfava”

Disse Carina Duarte sobre o seu afastamento da competição...

 

No início de Abril assistimos ao arranque da Liga MEO Surf 2021, competição que define os títulos de campeões nacionais, que contou com a presença da surfista portuguesa Carina Duarte, que teve ali uma boa prestação, bem como na etapa seguinte, na Figueira da Foz, onde voltamos a vê-la competir.

A surfista do Ericeira Surf Clube, que conta com um vários títulos no seu currículo desportivo, entre eles o título de Vice Campeã da Europa em 2011 e de Campeã Nacional de Surf feminino em 2008 e 2013, afastou-se da competição a tempo inteiro há 4 anos atrás, mas após a sua participação no Allianz Ericeira Pro e no Allianz Figueira Pro, Carina Duarte ocupa agora  o terceiro lugar no ranking mostrando que é uma atleta que ainda tem muita para dar.

A Surftotal esteve à conversa com a surfista que nos falou sobre o seu afastamento, a sua preparação para as etapas e os seus objetivos.

 

 

Foto: WSL/ Laurent Masurel

 

 

 

Deixaste o surf de competição em 2016. O que te levou a estar afastada durante este tempo?

Eu já não me estava a divertir com o que fazia e comecei a perceber que os apoios estavam a deixar de existir e a impossibilitar de competir internacionalmente. Nesse mesmo ano fazia parte da Selecção Portuguesa e não fui selecionada para o mundial, então as coisas começaram a deixar de fazer sentido. Não queria ser competidora apenas a nível nacional e queria explorar novos caminhos.

É sempre uma decisão muito difícil principalmente quando entramos no mundo da competição ainda em crianças, acaba por ser uma parte de nós e temos medo de abandonar algo que fez parte do nosso crescimento. E como tal, tenho que agradecer principalmente ao Professor Paulo Badajoz que foi uma pessoa importante nessa fase e aos meus treinadores por entenderem que estava a precisar de me afastar.

 

   

 

Foto: WSL/ Damien Poullenot

 

 

 

"Nesse ano (2016) fazia parte da Selecção Portuguesa

e não fui selecionada para o mundial, 

 então as coisas começaram a deixar de fazer sentido."

 

    

 

Foto: WSL/Gines Diaz

 

 

 

Após a tua decisão de te afastares da competição continuaste ligada ao surf através do ensino. Como foi passares a tua experiência a outras pessoas novas à modalidade?

Eu sou uma pessoa que gosta de deixar muitas portas abertas para ter sempre diferentes caminhos e mesmo antes de acabar o meu curso de gestão hoteleira decidi fazer o grau 1 de treinadora. Nessa altura ainda estava numa fase complicada com o surf, não queria ir para o mar e poucas vezes surfava. Foram, sem dúvida, as pessoas que tiveram aulas comigo que me ajudaram a "fazer as pazes", elas fizeram-me ver as pequenas sensações de prazer que o surf proporciona, que como eu estava tão focada em aperfeiçoar e evoluir não sentia.

Eu adoro estar na água com as pessoas e ajudá-las a tornarem-se surfistas independentes e, sobretudo, com conhecimento sobre o mar.

Uma situação que foi o virar a página na minha relação com o surf foi quando uma criança fez pela primeira vez um drop numa ondinha super pequena, mas que para ela foi a melhor sensação do mundo. Ela virou-se logo para trás a olhar para mim de boca aberta e um sorriso gigante!!

 

   

 

Foto: WSL/ Damien Poullenot

 

 

 

Porque decidiste regressar agora num ano tão desafiante para o surf competitivo?

Na realidade eu não decidi regressar. Desde que saí da competição a tempo inteiro tenho participado na etapa da Ericeira todos os anos e feito parte da equipa do Ericeira Surf Clube no campeonato da Taça de Portugal. A ideia este ano era a mesma, fazer a etapa da Ericeira e voltar à minha normalidade das aulas. Mas a verdade é que este ano estou a trabalhar de forma independente. Sendo eu a criar os meus horários  torna-se mais fácil decidir se quero trabalhar nesses dias ou participar na prova num espírito de diversão. Nos anos anteriores a logística era um pouco mais complicada.

 

 

 

 

"A Figueira foi um grande desafio, quando vi as previsões já só pensava porque raio me tinha inscrito!"

 

 

 

 

Após uma pausa de 4 anos regressaste aos campeonatos a tempo inteiro e tiveste bons resultados nas etapas da Liga Meo na Ericeira e na Figueira da Foz. Como foi a sensação de voltar a vestir a licra?

 

Como disse antes eu tenho-me mantido na competição 1 vez por ano, pelo menos, e não considero que tenha regressado a tempo inteiro. O desejo de continuar a fazer mais provas sempre surgiu, mas depois acabava por voltar ao trabalho e a vontade desaparecia.

Eu não estava nada a contar com o resultado que fiz na Ericeira. Neste momento quando entro nas competições o meu objectivo é conseguir apanhar ondas para fazer scores bons independentemente do resultado. A Figueira foi um grande desafio, quando vi as previsões já só pensava porque raio me tinha inscrito! Mas mesmo naquela confusão de mar consegui apanhar ondas divertidas e isso deixou-me contente no final da prova.

 

 

 

Foto: WSL/ Damien Poullenot

 

 

 

Como foi a tua preparação para estas etapas?

A minha preparação tem sido dar aulas!! Acho que nunca passei tantas horas no mar como agora, talvez só em criança. Isso claro que ajuda na resistência. Quanto a treinar manobras acabo sempre por apanhar algumas ondas com os grupos intermédios, e o facto de me sentir livre permitiu-me evoluir no surf de forma natural e espontânea, faço-o com prazer. Mas até chegar a este ponto de ir surfar sozinha para me divertir demorou, quando se passa tantas horas no mar a dar aulas depois a vontade de pegar na prancha para ir surfar é rara e a Ericeira não é propriamente conhecida pela água quente!!

 

Quais são os teus objectivos neste regresso à competição?

O meu grande objectivo é ir para me divertir, não quero sentir pressão de estar a participar e tenho decidido prova a prova se me inscrevo na seguinte. Até agora tenho-me divertido imenso dentro de água.

 

 

 

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