Nuno Trigo de 45 anos de idade vive na Parede e é um dos únicos 4 juízes de surf profissionais no Mundo, da World Surf League, a fazer parte do painel de excelência que vai avaliar o Surf pela primeira vez na história da modalidade, nos Jogos Olímpicos de Tóquio no Japão em 2021.

A Surftotal esteve à conversa com Nuno sobre esta sua imensa conquista e também trajecto da sua carreira de sucesso, que o fizeram conquistar uma vaga histórica como juiz de surf no pináculo do desporto Mundial.

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"Foi uma surpresa, é um prazer enorme,

principalmente porque faço parte do lote de juízes seleccionados

para representar o surf nas primeiras olimpíadas

em que o surf está incluído como modalidade..."

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Nuno a aproveitar as condições das ondas de Cloudbreak em Fiji.

Surftotal: Como é que chegaste a ser seleccionado para juiz olímpico, foi uma surpresa para ti? Havia alguns pré requisitos. Podes-nos dizer que requisitos eram esses?
 
Nuno Trigo: Foi uma surpresa enorme, daquelas com que sonhas desde pequeno. É uma alegria poder representar o meu País num evento como os Jogos Olímpicos (JO). Desde criança que assisto aos JO e nunca pensei em algum dia receber um convite como este.  
 
Sendo a minha área de formação a Educação Física e Desporto, os JO representam o objetivo máximo de uma carreira, o pináculo desportivo de qualquer modalidade. A possibilidade de estar presente é o resultado de muito trabalho, esforço e investimento ao longo de todos estes anos.  



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"Eu fui um dos 4 juízes escolhidos a partir da WSL

que vai representar o continente europeu nas Olimpíadas..."

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Nuno Trigo: Em termos do staff técnica convocado para as olimpíadas, segundo eu sei, houve um acordo entre a ISA e a WSL. A ISA seria responsável  por eleger sete elementos do seu grupo de juízes, os restantes quatro sairiam do leque de juízes que trabalham mais frequentemente com a WSL. Também para um juiz ser seleccionado teria de estar presente num evento ISA nos últimos dois anos, onde, teria de cumprir com métricas estatísticas rigorosas do seu desempenho, sendo ali avaliado.

Nuno Trigo (de T Shirt verde à esquerda) juntamente com os seus colegas no Taiwan mundial Júnior

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"Atingi o topo da carreira profissional quando fui chamado

para fazer o meu primeiro CT..."

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Surftotal: Podemos considerar que com esta tua conquista em termos de juiz de surf chegaste ao patamar mais elevado que um juiz pode aspirar?

Nuno Trigo: Correto, cheguei ao ponto mais alto do lado amador da modalidade. Existem duas vias da arbitragem; o lado profissional da modalidade com a WSL e o lado amador com a ISA.  Do lado profissional, cheguei ao topo da carreira quando fui selecionado para fazer o primeiro CT em 2010. Desde então faço parte de um grupo de juízes que julgam eventos de topo da WSL.
 

Do lado amador, o topo da carreira são os JO, mais ainda quando é a primeira vez que o surf é incluído no programa Olímpico, e tenho o prazer de integrar o lote dos 11 juízes selecionados em todo o mundo.


Nuno Trigo a surfar na onda de Santo Amaro

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"O critério de julgamento e as regras a serem utilizadas

nos Jogos Olimpicos vão ser da responsabilidade da ISA"

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Surftotal: Em termos de julgamento as regras serão baseadas nos critérios da WSl ou haverá alguma adaptação consoante as condições do mar naquele momento?

Nuno Trigo: O critério de julgamento e as regras a serem utilizadas nos JO vão ser da responsabilidade ISA. Todos os elementos do critério de avaliação são levados em consideração quando se avalia, mas o tipo de onda e as condições do dia determinam os pontos de diferença que o painel de juízes vai ter em conta quando pontuam.

 Nuno Trigo com os seus colegas da WSL na etapa WCT de Teahupoo no Taihiti

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"Foram seleccionados onze juízes.

Dois chefes de juízes, sete juízes sentados a dar notas

e mais dois juízes de prioridade..."

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Surftotal: Quantos juízes, e de que nacionalidades, foram nomeados para além de ti?
Nuno Trigo: Foram seleccionados onze juízes. Dois chefes de juízes, sete juízes sentados a dar notas e mais dois juízes de prioridade. Em termos do número de países envolvidos, ou regiões envolvidas, são sete nacionalidades diferentes, num total de quatro continentes. Tenho ideia de que o único continente que falta é o continente sul-africano, de resto estamos representados tanto nos restante continentes como homens e mulheres, isto também na procura da igualdade de género.

Os Juizes e restante corpo técnico são os seguintes:


Director técnico: Erik Krammer (USA)
Directores de prova: Marcos ‘Bukao’ Carneiro Esmanhoto (BRA)
Chefe de Juizes: Richard Pierce (USA), Glen Elliot (AUS)
Juizes: Pritamo Ahrendt (AUS), Tory Gilkerson (USA), Masato Kato (JPN), Dan Kosoof (NZL), Luis Pereira (BRA), Nuno Trigo (POR), Bruno Truch (FRA)
Juizes de prioridade: Ian Buchanan (NZL), Marcel Miranda (BRA)

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 "É viável, um Juiz de Surf dedicar-se 100% ao julgamento profissional

se atingirmos o ponto mais alto da carreira..."

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Surftotal: Em termos de actividade profissional, neste momento um juíz de surf da WSl, quando um tour decorre normalmente, pode tornar-se 100% dedicado ao julgamento? Ou seja como profissão exclusiva?
 
Nuno Trigo: É viável e o exemplo disso é um lote reduzido de juízes que são subcontratados pela WSL e que vivem a 100% do julgamento. Por isso é viável, se atingirmos o ponto mais alto da carreira e assim o decidirmos ser juízes a tempo inteiro e sabendo que de ano para ano, tal como numa empresa privada, pode haver alterações e ajustes em relação ao trabalho que nos é entregue. De qualquer das formas eu acho que a maior franja dos juízes não conseguem viver só do surf, isto é, só do julgamento. Tanto na ISA como na WSL tem que haver em grosso modo um grupo de juízes que dá suporte a tudo aquilo que são os circuitos pró-juniores e os circuitos do QS mais pequenos a nível regional onde não é possível, ou é muito difícil, viver a 100% daquilo que é o julgamento ou o trabalho que é conseguido através da WSL.  Por isso é importante haver um conciliamento com outra actividade profissional.  

Nuno a observar o mar em São torpes

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"Em Chiba vamos ter um campeonato que,

provavelmente, irá ser decidido

em condições de beach break e em ondas pequenas..."

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Surftotal: As ondas em Chiba, não são ondas clássicas como as do Havai ou Teahupoo. Qual é a tua opinião sobre a escolha desta praia para alojar a estreia olímpica do surf em 2021?
 
Nuno Trigo:  A minha opinião aqui não interessa muito. Chiba é uma onda de beach break em que normalmente precisa de estar no Outono ou na Primavera para funcionar na sua melhor época. De qualquer das formas a escolha de Chiba é efectuada porque é a praia mais perto de Tóquio com ondas de qualidade e apesar de ficar à volta de 100 ou 150 km de Tóquio a escolha recaiu sobre Chiba porque é aquele que apresenta mais qualidade e mais certezas relativamente à execução dos Jogos Olímpicos. Vamos ver o que vai acontecer, apesar de ser em Agosto no verão lá, mas obviamente vamos ter um campeonato que, provavelmente, irá decidir em condições de beach break e em ondas pequenas.