O Raio X de Marco Rufino
Mais um fotógrafo que nos conta o que o move neste meio…
Continuamos a dar espaço a talentos e imagens de novos fotógrafos de surf. Por esse motivo, optámos por revelar esta quarta-feira um novo Raio X. Marco Rufino é um dos fotógrafos que podemos encontrar pelas praias portuguesas e que nos conta já de seguida o que o move no meio da Fotografia. Fica a conhecer então o seu trabalho...
Todas as imagens de Marco Rufino | Instagram
Antes de mais, faz-nos uma apresentação pessoal…
Boas, pessoal! Chamo-me Marco. Tenho 40 anos e sou de Lisboa, mais precisamente da Bobadela. Não sou muito fã de falar sobre mim mesmo, porque sou uma pessoa reservada, mas no que toca a fotografia gosto de partilhar a minha visão sobre o mundo. O que vejo/sinto sobre algo ou sobre alguém naquele preciso momento. Sou inconstante ao ponto de fotografar em preto e branco e o resultado final acabar por ser a cores ou vice versa.
O que mais te motiva na Fotografia?
A resposta cliché que qualquer pessoa que gosta de fotografia responde é "congelar o Momento"! O que é uma grande verdade, mas não é só isso... A fotografia foi desde sempre o meu escape. Sair do conforto do lar e registar naquele sitio específico debaixo de uma intempérie ou sair à noite para fazer um arrasto de estrelas. É transformar um sitio ou algo banal num registo forte e que mexa comigo. Enfim... é o desafio do Momento que queremos "eternizar" num ficheiro.
Tens um sítio preferido para fotografar?
Tenho vários e cada um para um tipo de registo muito específico. Gosto da zona da Zambujeira do Mar para poder fazer fotografia noturna por haver pouca poluição luminosa, mas gosto muito da zona da Ericeira e Carcavelos que, apesar de serem muito distintas, são excelentes para podermos colocar a ação em harmonia com o espaço em volta.
Que tema preferes e quais os teus fotógrafos favoritos?
Ao contrário do que muita gente diz/sugere não consigo estar a fazer só um tipo de registo. Gosto muito de paisagem e fotografia noturna, mas também gosto de fotografar desporto como poder ter uma modelo e poder fazer retrato ou algo mais intimo. Neste momento há muita gente a fazer bons trabalhos, seja de forma profissional como amadora/curiosa. Admiro muito o Ricardo Bravo pela experiência e o pelo talento. O grande Ricardo Amaral que ajudou imenso a compreender a composição de imagem em surf/bodyboard. Mas também gosto imenso de ver os registos do Nuno “Batata" Leitão, André Hilário e João Pessanha. Depois gosto de ver outros registos como os de Kid Richard, Sam Stranger. São áreas muito distintas, mas são temas que eu gosto imenso de aprender e desenvolver trabalhos.
A lente de que mais gostas? Porquê?
Boa pergunta... eu não tenho muitas objetivas e as que eu tenho são sempre para determinados tipo de registo. Posso dizer que ultimamente tenho usado mais a 70-200m F4 L da Canon e a Tokina 12-24mm F4. Mas gosto muito da 58mm manual - helios 44-2 - pelo o efeito que faz e pelo resultado mais analógico.
Qual a tua melhor fotografia de sempre?
Neste momento gosto imenso de uns pretos e brancos que fiz na Praia Grande e na Praia da Adraga. Consegui fazer aquilo que o meu estado de espírito ditou no momento.
E o momento mais intenso por que já passaste a fotografar?
Já tive uns momentos interessantes que hoje me fazem rir, mas, na altura, não teve muita piada. Já tive sessões de fotografia noturna que já andei a correr com o material para dentro do carro e pisgar-me dali, andar perdido às escuras no Cabo Espichel porque pensei que ia arranjar um bom plano e quando vi que não valia a pena percebi que estava meio perdido e sem luz e, por fim, foi aquilo que chamo andar a ver demasiados filmes de terror que foi andar a ouvir barulhos e pessoas.
O que faz de ti um fotógrafo diferente?
Eu faço sempre uma distinção: fotógrafo é aquele que vive da fotografia/paga as contas com o seu trabalho de fotógrafo. Uma fotografia é o que está impresso em papel fotográfico (o que a grande maioria faz são registos). O boom da fotografia digital permitiu que houvesse mais gente a fotografar e, consequentemente, permitiu que a arte da fotografia tornasse uma coisa banal como apontar e disparar. Não me considero um fotógrafo nem tenho nenhuma página com "Photography" associado como agora é muito banal de se fazer. Digo por piada que sou um registador de momentos! A diferença está mesmo aí: saber qual é o meu lugar e não ter medo de arriscar, experimentar, recriar. Não penso em likes. Agradeço o reconhecimento, mas faço isto pela paixão e pelo desafio.
Um sítio onde gostarias de fotografar?
Sem qualquer dúvida, a Islândia! Pela geografia, pela cultura, pela história.
--
Aproveita e vê o Raio X anterior, AQUI.