ST: Antes de mais, faz-nos uma apresentação pessoal…
GM: O meu nome é Guilherme Martins, tenho 19 anos e sou de Carcavelos. Comecei a fotografar em 2017 quando me foi oferecida uma câmara. Inicialmente fazia fotografias sem grande significado, aquilo que normalmente se designa por snapshots, no entanto senti a necessidade de aprofundar o meu conhecimento na área para aproveitar a 100% as potencialidades da Fotografia. Não frequentei qualquer curso de Fotografia, optei por uma forma mais auto didata: consultei muitos livros e vídeos, frequentei workshops e, acima de tudo, peguei muitas vezes na câmara e fui para o “terreno” fotografar. Isto porque, apesar de a Fotografia também ser constituída por uma forte componente teórica, é a colocar “as mãos na massa” que mais se aprende. Estou neste momento a licenciar-me em Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social (1º ano) e pretendo mais tarde especializar-me na área do Foto Jornalismo e da comunicação visual.

Durante o workshop de Fotografia de Surf com Ricardo Bravo, na 5ª etapa da Liga MEO 2018, na praia do Guincho.

ST: O que mais te motiva na Fotografia?
GM: O que mais me motiva na Fotografia é sem dúvida a capacidade de eternizar momentos que se querem perpétuos. Além disso, a Fotografia é bastante desafiante, especialmente nos dias de hoje, já que, graças à emergência da Fotografia Digital, tornou-se cada vez mais acessível a toda a gente, o que tem vindo a refletir-se no aparecimento de muitos jovens fotógrafos de grande qualidade. A cada dia, sinto a necessidade de me superar, de inovar, procurar novas composições, transmitir novas mensagens. Felizmente, na área do Surf é sempre possível inovar, procurando novas ondas, novos surfistas, novas manobras e novos pontos de vista. Sem dúvida que o desafio é bastante estimulante e faz-me crescer diariamente enquanto fotógrafo.

Tomás Fernandes, vencedor da 1ª Etapa da Liga MEO, em Ribeira D'ilhas, 3 de março de 2019

ST: Tens um sítio preferido para fotografar?
GM: Carcavelos para mim tem um significado muito especial, porque é a minha segunda casa, porque foi a praia que me viu ganhar os primeiros “trocos” neste mundo da Fotografia e porque é a praia onde passo grande parte do meu tempo a aprender e a evoluir. No entanto também adoro as praias da Ericeira, em especial São Julião e a Foz do Lizandro, também graças à tonalidade mais turquesa do mar, que dá um encanto especial às fotografias.

Carcavelos


ST: - Que tema preferes e quais os teus fotógrafos favoritos?
GM: Como se sabe, a Fotografia está presente em quase tudo no nosso quotidiano, nos dias de hoje. Passamos horas a “consumir” fotografia nos ecrãs e por isso é uma temática muito vasta. Sem dúvida que a Fotografia de Surf é aquela que mais satisfação me traz. Não se trata apenas de captar as manobras, mas também de transmitir as vibes do surf e de guardar memórias que de outra forma seriam efémeras. Ainda no âmbito da fotografia de surf, gosto de fotografar no mar com a caixa estanque, perto da ação, quando as condições o permitem, caso contrário, fico cá fora e tento procurar enquadramentos interessantes entre o primeiro plano, o surfista, a manobra em si e a paisagem. 
Relativamente ao panorama Nacional, os fotógrafos que mais acompanho são o Ricardo Bravo, o Pedro Mestre, e o Carlos Pinto. No que toca a nomes internacionais há um enorme leque de nomes que siga e que me inspiram. Eis alguns deles: Trevor Moran, Chris Burkard, Bem Thouard, Ray Collins, Jason Fenmore, Zak Noyle, Todd Glaser, Woody Gooch, Tom Hawkins, John Respondek, Juan Medina, Kaique Silva, entre outros.

ST: A lente de que mais gostas? Porquê?
GM: A minha escolha de lente vai sempre depender da situação que vou ter pela frente para fotografar. Normalmente, para o mar prefiro levar a “clássica” 50mm f/1.8 mas para fotografar cá de fora utilizo uma 120-400mm. Ainda assim, tento não pensar muito em equipamento, porque sinto que não é justificação para o meu sucesso nem desculpa para o meu fracasso. Ao invés disso, tento pensar que a máquina fotográfica sou eu e não a câmara, porque quem pensa na fotografia sou eu e o equipamento limita-se a captar a luz. Claro que é importante ter equipamento que nos facilite o trabalho mas esta não é a minha principal preocupação.

ST: Qual a tua melhor fotografia de sempre?
GM: Não consigo eleger apenas uma fotografia. A cada dia que passa sinto que estou a evoluir no sentido de chegar a um bom nível e até lá vou errando e aprendendo com os meus erros.


Pintura de luz do Pôr do Sol em Carcavelos

ST: O que faz de ti um fotógrafo diferente?
GM: Acho que a característica que melhor me define como pessoa é o brio, e isso reflete-se também na Fotografia. Desde sempre que pratico desporto e sempre fui muito competitivo, inclusivamente comigo. Nunca me dou por satisfeito com o que faço, quero sempre melhorar e isto faz com que procure sempre a perfeição, tanto a nível técnico como ao nível da mensagem e das sensações que pretendo que as minhas fotografias transmitam.  No mar, procuro sempre o melhor posicionamento para captar bem as manobras e quando erro, sou capaz de perceber os meus erros. Tenho sempre o auxílio do meu melhor amigo e da minha namorada que já contam com muitos anos de Surf, que me ajudam a fazer uma melhor leitura do mar. Por fim, vejo sempre a Fotografia como algo de que eu gosto e que tenho a sorte de poder fazer e por isso tenho sempre um sorriso na cara enquanto fotografo.


ST: Um sítio onde gostarias de fotografar?    
GM: Gostaria de um dia ter a oportunidade de viajar para locais remotos como as Ilhas Aleutas.