SURF EM DISCUSSÃO NA ILHA DA MADEIRA
Resumo do memorando das reuniões que a ASRAM e a SOS – Salvem o Surf tiveram na RAM em 2016...
Em Abril de 2016, a ASRAM (Associação de Surf da Região Autónoma da Madeira) e a SOS Salvem o Surf, realizaram várias reuniões com o Governo Regional da ilha da Madeira, nomeadamente com a Secretaria Regional do Ambiente (SRA) e também com diversas autarquias locais com potencial para o desenvolvimento do sector de Surf.
Esta iniciativa foi potenciada pela necessidade atual de se aumentar as condições para a prática do Surf na Região Autónoma da Madeira (RAM), face ao desenvolvimento natural e crescente que a modalidade está a ter, procurando-se dar resposta à limitação do número de 'surf spots' e das fracas acessibilidades aos mesmos, tendo em vista o crescimento sustentável da modalidade na RAM.
Já anteriormente a ASRAM tinha sido solicitada pela SRA para fornecer contributos específicos para os Planos de Ordenamento da Orla Costeira da Madeira, enquanto entidade que promove e coordena a prática das modalidades do Surf na RAM.
Assim, foram transmitidos importantes contributos para o setor de Surf na RAM face a esta temática e fornecidos vários estudos que demonstram que a Madeira tem condições para ser um pólo mundial do turismo de surf e outros que comprovam o retorno económico associado aos destinos de Surf com vários exemplos mundiais.
Para tal, será fundamental resolver o problema do estigma que a RAM tem em relação a determinados 'surf spots' de classe mundial que foram afetados por obras no passado e levaram a reduzir o turismo de Surf, nomeadamente na Freguesia e Onda do Jardim do Mar.
De forma a debelar este problema e responder às necessidades atuais deste sector, foram sugeridas várias medidas:
- É importante que os representantes da comunidade surfista sejam ouvidos sempre que obras costeiras sejam projetadas, ou que o ordenamento costeiro seja planificado.
- Criação de uma Reserva Regional de Surf, regulamentada e gerida com um modelo semelhante ao das Reservas Mundiais de Sur, onde se salientou a sua importância para a preservação dos Surf Spots e como forte catalisador de desenvolvimento económico.
- Melhoramento pontual de 'surf spots' ou construção de Recifes Artificiais Multifunções, que para o caso da ilha da Madeira poderá exigir uma boa relação custo/benefício pelas características já existentes. Na RAM há falta de 'surf spots' para turistas e para novos praticantes, pouco experientes. Uma solução consiste em deslocar a(s) referida(s) pedras a fim de aumentar a segurança dos surfistas, sem afectar a protecção costeira. Uma segunda solução reside nos Recifes Artificiais Multifunções (por vezes denominados RAMs), que constitui uma nova tecnologia para criar novos 'surf spots' (neste caso para surfistas principiantes e usando enrocamento natural proveniente de cheias), proteger a orla costeira da erosão, e criar novos habitats. Estas duas soluções permitiriam que mais turistas e mais jovens praticassem a modalidade, com benefícios para a economia e o desporto, e com o cuidado de não ter impactos ambientais negativos.
- Renaturalização de ondas/'surf spots' danificadas, sendo esta medida a mais onerosa, mas também a mais importante para reverter o estigma que já referimos que é o de renaturalizar 'surf spots' danificados, pelas seguintes razões:
- A Região Autónoma da Madeira terá uma publicidade positiva fortíssima (que de outra forma custaria milhões de euros de promoção turística) se, pela primeira vez no mundo, renaturalizar ou reabilitar 'surf spots', ou seja pode utilizar a seu favor o mediatismo dos seus 'surf spots';
- Os 'surf spots' danificados criam artificialmente graves problemas de segurança nos surfistas, que ficarão resolvidos com a renaturalização;
- Existem fundos comunitários no programa POSEUR, eixos II e III, aos quais é possível concorrer para este fim;
- A base para os 'surf spots' voltarem a ter qualidade mundial continua inteira, pois essa base é o substrato rochoso que não foi alterado, ou seja garantimos o sucesso da renaturalização;
- Não se trata de destruir as obras efetuadas há cerca mais de 10 anos, mas sim de redimensioná-las, dado que elas foram sobredimensionadas para o fim pretendido.
Para finalizar, informamos que alguns destes pontos já começaram a ser desenvolvidos, por pressão da comunidade surfista (ASRAM, SOS, e núcleos de surfistas) e por vontade do Governo e Autarquias sem os quais o desenvolvimento do surf que propomos é impossível. A título de exemplo já foi realizada uma proposta de regulamento da Reserva Regional de Surf no passado e um inventário dos 'surf spots' e das suas características na RAM.
Concluímos as referidas reuniões com a mensagem final que estamos disponíveis para continuar a trabalhar junto das autarquias e com o Governo Regional com mais contributos específicos para o sector de Surf, bastando haver a aposta/investimento destas mesmas entidades para se poder avançar com os estudos e trabalhos necessários à concretização dos pontos estratégicos que acharem pertinentes/viáveis, para a afirmação do sector de Surf na RAM.