
SOS Monte Verde: comunidade açoriana mobiliza-se para salvar uma das praias mais emblemáticas de São Miguel
Cidadãos, surfistas, associações e especialistas preparam-se para discutir o futuro desta que é considerada, no momento, a mais importante praia da ilha de São Miguel.
A Praia do Monte Verde, em Ribeira Grande, voltou ao centro do debate público nos Açores. A poucos dias de se assinalar um ano sobre a petição SOS Monte Verde e Levada da Condessa, cidadãos, surfistas, associações e especialistas preparam-se para discutir o futuro desta que é considerada, neste momento, a mais importante praia da ilha de São Miguel.
Dia 22 de setembro, às 18h00, um debate público no restaurante Mare Nostrum, junto às piscinas da Ribeira Grande.
O movimento, que nasceu da preocupação com a poluição recorrente, o risco de interdição balnear e os projetos de desenvolvimento urbanístico que podem alterar a sua essência, organiza no dia 22 de setembro, às 18h00, um debate público no restaurante Mare Nostrum, junto às piscinas da Ribeira Grande.
Problemas ambientais e impacto da lavoura
Entre as principais críticas apontadas pela comunidade estão a poluição proveniente da lavoura e das fábricas de laticínios, que segundo vários participantes do movimento, têm lançado descargas ilegais para os ribeiros que desaguam no Monte Verde. Há já vários anos que análises revelam níveis elevados de coliformes fecais, levantando a hipótese de uma futura interdição definitiva da praia pela União Europeia.
“Não são só os lavradores a poluir, são também as fábricas dos laticínios. As multas nunca são aplicadas porque inviabilizariam o setor, que só sobrevive à custa de subsídios”, criticou um dos membros do grupo de cidadãos.
O objetivo, segundo os organizadores,
“não é ser contra nem a favor de ninguém, mas sim encontrar soluções que salvaguardem a praia, as ondas e a qualidade de vida da população local”.
Surfistas na linha da frente
O Monte Verde é também uma praia fundamental para o surf nos Açores. Escolas de surf, atletas e praticantes têm alertado para a falta de alternativas, já que outros spots da ilha perderam bancos de areia nos últimos meses. “No verão, sem Monte Verde, muitas escolas de surf teriam ficado sem condições para trabalhar”, alertou a Azores Surf Co.
Há ainda preocupações sobre o projeto de construção de um passeio marítimo, com receios de que a obra possa alterar as ondas da praia, como já aconteceu noutras zonas costeiras da ilha.
Imagem aérea da Praia de Monte Verde onde se pode ver a Ribeira que leva a poluição à Praia - crédito Digital Natives
Debate aberto à comunidade
O encontro do dia 22 contará com especialistas em geografia, geologia e ambiente, além de representantes políticos e membros da comunidade. O objetivo, segundo os organizadores, “não é ser contra nem a favor de ninguém, mas sim encontrar soluções que salvaguardem a praia, as ondas e a qualidade de vida da população local”.
“Esta petição é, acima de tudo, a favor do Monte Verde e de quem dele desfruta — surfistas, banhistas, locais ou turistas. Queremos soluções que beneficiem todos”, reforçam os promotores da iniciativa.
O SOS Monte Verde simboliza um debate maior: até que ponto o equilíbrio entre desenvolvimento económico, ambiente e qualidade das ondas pode ser alcançado nos Açores?