Comemorando o 25º aniversário, onde não faltou uma festa convívio “indoor” no final da tarde sábado organizada pela Netsurf, o objetivo principal do Club de Surf do Porto era que este evento fosse uma grande festa do surf nacional e esse foi mais que conseguido.

Nem as previsões de mau tempo, a nortada do dia 21 e a chuva no dia 22 estragaram a festa. A qualidade das ondas alternou durante ambos os dias mas nunca faltaram. A variar entre o  1,5m de sábado e o 0,5m de domingo, cedo se percebeu que a escolha do pico determinaria quem passaria as suas baterias.

Apesar do número de inscritos ter ficado um pouco aquém das expetativas, concorreram nesta prova surfistas oriundos de todo o Portugal Continental. Infelizmente, nenhuma atleta feminina marcou presença e os troféus desta categoria ficaram por entregar. Ainda houve vários retardatários que se tentaram inscrever no sábado de manhã mas o facto de não estarem federados e não o poderem fazer no dia, deixou-os de fora.

Mas como só pode ganhar quem concorre, vamos aos campeões:

O Porto está de parabéns, pelos 4 títulos de campeões nacionais que ficaram em casa: 3 no Club de Surf do Porto e um na Associação Onda do Norte.

Masters +35 anos:

A categoria mais concorrida. Provando que sabe manobrar tão bem (ou melhor) uma shortboard como uma longboard, Ruben Silva (AON) é o primeiro campeão nacional Masters. Com um surf muito fluido, linhas redondas à “old School”, encaixando as manobras que a onda pedia no sitio certo, levou de vencida Maurício Vieira (CRCQL), provavelmente o favorito à vitória depois do surf que apresentou ao longo do campeonato. O facto de ter realizado duas finais consecutivas, pagou o esforço físico. Marco Pereira (CNPov) ficou em 3º tendo apresentado um surf muito evoluído e radical ao longo do campeonato. Em quarto ficou o representante do Algarve, Miguel Marinho, também com sinais de fadiga por ser a sua 2ª final consecutiva, não tendo encontrado ondas com potencial.

Destaque para Bruno Rodrigues (NSSC) em quem recaia o favoritismo, que não se encontrou com as ondas nas meias-finais e ficou em 5º a par do Filipe “Pipas” Oliveira (CSP).

Grand Masters +40:

Se um dia a casa vai abaixo, Domingo foi o dia! A lenda viva e carismático surfista do Porto Frederico Brito (CSP), mais conhecido por Fredy, partiu a loiça toda e monopolizou as redes sociais. Com a esposa e a sua filhota atentas e a sofrer em terra, o Fredy estava capaz de fazer um tsunami. E levou tudo à sua frente… quer dizer, atrás de si! Arrancando em esquerdas compridas e fortes manobras de backside, arrancou notas na casa dos 6 pontos e saiu em ombros. Campeão Nacional Grand Masters + 45 anos)

Miguel Marinho (CNP) ficou com o titulo de vice-campeão mostrando que no Algarve há quem dê muitíssimo bom espetáculo na arte de surfar.

Maurício Viera de Carcavelos (CRCQL) espalhou simpatia fora de água mas não facilitou em nada a vida aos adversários. Um jovem ainda capaz de mandar para casa muitos “prós”. João Diogo (CSP) apanhou uma esquerda que podia ter contar uma história bem diferente desta final. Quando já previa uma reviravolta no heat, uma escorregadela ao terminar uma excelente paulada deitou tudo por terra.

Kahunas +45:

“Só me inscrevo no campeonato para estar com a malta e me divertir. Não espero ganhar um heat que seja”- disse Francisco Macambira após ter reativado a sua inscrição na FPS propositadamente para entrar nesta prova. O azar bateu-lhe à porta e teve de sair em ombros da água. Teve que fazer mais heats do que esperava e foi até à final, onde, provavelmente sem querer, fez uma bela esquerda com manobras seguras já perto do final e “roubou” o título de Campeão Nacional ao seu amigo de infância Tiago Bruschy que vinha liderando a bateria desde o início. De passagem pelo Porto, um dos mais talentosos surfistas tripeiros dos anos 80, Miguel Roquette, não perdeu a oportunidade e com o seu estilo inconfundível ficou com o troféu de 3º. Pedro Almendra (um total desconhecido da Surf Total) esperou em demasia pelos sets enquanto os seus amigos iam faturando. Quando a buzina tocou duas vezes estava na 4ª classificação da final.

Grand Kahunas +50:

“O que fazemos amanhã? Vamos ali fazer uma final e vimos já!” Deve ser o que disseram estes velhos amigos e pioneiros do surf no Porto. José Pedro Marcos, mais conhecido por Madi, federado nº 46, Antero Ferreira, Zézinho Ribas e Rui Homem Ribeiro, federado nº 12, todos atletas do Club de Surf do Porto, lutaram mais contra a falta de ondas boas no período da sua final do que entre si. Antero, tal como Pedro Almendra em mais que 40 anos, esperou pelos sets e…. desesperou. Ficou em 4º. Ribas, o primeiro shaper do Porto e uns dos primeiros em Portugal, levou uma prancha que teria funcionado com as ondas que estavam antes da final. O seu pouco volume não conseguiu leva-lo nas ondas moles que entraram durante esse período e ficou em 3º. Pelo contrário, o Madi até andava sem ondas. A 5 minutos do final saiu da água com o titulo de campeão nacional de…. Grande desilusão. O Rui Ribeiro finalmente conseguiu apanhar uma onda em condições e de backside para a esquerda desferiu as manobras suficientes para virar o resultado e ser o primeiro campeão nacional de surf Grand Kahunas (+ 50 anos). O Madi ainda reentrou na água mas já não foi a tempo.

A cerimónia de entrega de prémios foi molhada pela chuva que esperou por preciso instante para abençoar os novos campeões nacionais. Nos discursos, onde não faltaram homenagens aos amigos surfistas que já não estão entre nós, Fredy dedicou a vitória a um dos melhores surfistas portuenses e nacionais de todos os tempos: Zé Pedro “Skate”. Comum a todos os discursos foram os parabéns à organização com pedidos reiterados que o(s) campeonato(s) nacional(ais) de masters seja para continuar. Pela parte da organização, Zé Beto Miranda, presidente do Club de Surf do Porto respondeu “Para o ano há mais e melhor!”

Resultados:

MASTERS +35: 1º Ruben Silva (AON); 2º Maurício Vieira (CRCQL); 3º Marco Pereira (CNPoy); 4º Miguel Marinho (CNP)
GRAND MASTERS +40: 1º Frederico Brito (CSP); 2º Miguel Marinho (CNP); 3º Maurício Vieira (CRCQL); 4º João Diogo (CSP)
KAHUNAS +40: 1º Francisco Macambira (CSP); 2º Tiago Bruschy (CSP; 3º Miguel Roquette (CSP); 4º Pedro Almendra (CSP)
GRAND KAHUNAS +50: 1º Rui Ribeiro (CSP); 2º José Marcos (CSP); 3º José Ribas (CSP); 4º Antero Ferreira (CSP)