O segundo dia do Allianz Sintra Pro, quarta etapa da Liga MOCHE (circuito nacional de surf e principal competição nacional), teve novamente início pelas 9h, na Praia Grande, em Sintra, com ondas de meio metro a um metro, razoáveis. Ainda assim, os melhores surfistas nacionais voltaram a dar espectáculo e a conseguir mostrar o elevado nível do surf português.

Depois de completada a segunda fase masculina, onde as maiores surpresas foram as eliminações de Edgar Nozes e Pedro Boonman frente a Ruben Gonzalez e ao júnior açoriano Jácome Correia, bem como a de Luca Guichard por Francisco Alves e Tomás Fernandes, o Allianz Sintra Pro entrou na terceira fase, onde a competição aqueceu bastante.

Logo na primeira bateria, dominada quase até ao fim pelo ex-campeão nacional João Guedes, o local da praia do Guincho José Ferreira, que já tinha feito a melhor pontuação do segundo round (14,75 pontos em 20 possíveis), acabou por virar o resultado a seu favor graças a uma boa última onda, de 7 pontos.

Com esta vitória na sua bateria, Ferreira avançou para os quartos de final homem-a-homem, levando Guedes consigo, mas ambos eliminando assim do Allianz Sintra Pro o tetra-campeão nacional Ruben Gonzalez e o júnior João Kopke.

“As condições não estão fáceis de ler... é difícil estar no sítio certo à hora certa, mas temos de manter a calma e confiar na intuição para apanhar as poucas ondas boas que aparecem. À medida que avançamos na competição, os adversários vão sendo cada vez mais difíceis, por isso temos de ser cada vez mais criteriosos nessa escolha e confiar mais no nosso surf”, afirmou José Ferreira.

Na bateria seguinte – uma super-bateria – Frederico Morais mostrou porque é o líder do ranking nacional e o principal candidato ao título deste ano. Contra o júnior Jácome Correia, o local e vice-campeão mundial por equipas Nicolau von Rupp e o ex-campeão mundial júnior Pedro Henrique, “Kikas” atacou desde os primeiros minutos e acabou por vencer o heat com o maior score total da prova até agora – 17,35 pontos. Nicolau também avançou para os quartos de final, com ambos a eliminar o ex-membro da elite mundial Pedro Henrique e Jácome Correia.

“Não podia dar mole nesta bateria! Afinal estamos a falar do Nicolau e do Pedro! Tentei construir a minha pontuação logo nos primeiros minutos, para poder gerir a bateria mais tranquilamente e deixar a pressão do lado deles. Consegui fazer uma boa escolha de ondas, destacar-me cedo e eles acabaram por ter de arriscar mais nas manobras aéreas para conseguirem pontuar alto, pois pareceu-me que não encontraram ondas com paredes mais compridas para manobrar,” comentou Frederico Morais.

Na terceira bateria, Eduardo Fernandes também atacou desde cedo a liderança e acabou mesmo por vencer, avançando para os quartos de final pela primeira vez este ano, levando consigo o algarvio Marlon Lipke e deixando para trás o regressado Francisco Alves e o júnior Pedro Coelho, que ontem tinham conseguido boas prestações.

Na quarta e última bateria desta fase assistimos talvez à maior surpresa da prova, com a eliminação de Tiago Pires, em nono lugar, curiosamente a mesma posição que alcançou na Praia Grande em 2011, ano em que pela última vez a principal competição do surf nacional aqui tinha estado. Com ele ficou também fora de prova o algarvio Miguel Mouzinho, ambos eliminados por Tomás Fernandes e Vasco Ribeiro, num heat com pontuações baixas.

“As condições estão cada vez mais complicadas, mas está igual para todos!”, confessou o tri-campeão nacional em título, Vasco Ribeiro. “Tive de optar por apanhar ondas mais perto da areia, que encaixam numa boa bancada que ali se forma com a maré mais vazia e acabei por vencer esta bateria, que não era nada fácil... estou motivado para vencer esta etapa, pois este ano ainda não consegui uma vitória na Liga MOCHE. O título está cada vez mais difícil à medida que o Kikas avança, mas tudo é ainda possível”, concluiu o campeão mundial júnior.

De facto, com os resultados de hoje, Frederico Morais é cada vez mais o grande candidato ao título nacional masculino deste ano, bem como da Allianz Triple Crown, um troféu paralelo que atribui um prémio extra aos melhores surfistas masculino e feminino nas três etapas com naming sponsor da Allianz (Ericeira, Costa de Caparica e Sintra), agora em disputa directa com Tiago Pires e Vasco Ribeiro.

Para conquistar ambos os títulos no Allianz Sintra Pro dependendo exclusivamente de si, Frederico terá de chegar à final desta etapa, que amanhã regressa às ondas da Praia Grande novamente a partir das 9h da manhã, para a conclusão das provas masculina e feminina.

Concluída está já a Renault Expression Session, um espectáculo à parte em que só a melhor manobra interessa para a vitória, sendo atribuídos, nas cinco etapas, 2.500€ anuais aos seus vencedores. Este troféu paralelo realizou-se logo após a conclusão do terceiro round masculino, com a vitória a sorrir a Pedro Henrique, graças a um aéreo reverse de frontside, vingando-se assim da derrota prematura na prova principal.