A primeira neve caiu no domingo, dia 26, na Alemanha. O mapa mostra a neve acumulada registada no domingo (26) à tarde. Meteored quinta-feira, 30 outubro 2025 11:37 Neve precoce e inédita na Alemanha pode ser sinal de um inverno rigoroso: “O inverno do século à vista?”
um inverno de 2025-2026 mais rigoroso?
Meteorologistas observam padrões atmosféricos invulgares e alertam para um possível inverno excecional na Europa.
Um manto de neve inesperado cobriu partes da Alemanha o passado domingo, 26 de outubro, a altitudes de apenas 700 metros — um fenómeno raro para esta época do ano e que está a intrigar meteorologistas em toda a Europa. As temperaturas caíram perto de 0 °C, transformando prados e colinas em paisagens de inverno em pleno outono.
Segundo o meteorologista Johannes Habermehl, do portal Meteored Alemanha, esta neve precoce pode ser o prenúncio de um inverno mais severo do que o habitual, resultado de uma combinação de fatores atmosféricos globais.
“Estamos perante um choque térmico invulgar para outubro. Estes episódios de arrefecimento precoce alteram a distribuição de energia na atmosfera e podem desencadear processos de frio persistente”, explicou Habermehl.
A fria aliança das forças da natureza
Os cientistas apontam uma série de condições que podem estar a preparar o terreno para um inverno de 2025-2026 mais rigoroso:
Vórtice polar enfraquecido: as correntes de ar gelado do Ártico estão a perder estabilidade e podem deslocar-se mais facilmente para a Europa Central;
Cobertura de neve em expansão na Eurásia: a neve reflete a radiação solar e intensifica o arrefecimento continental;
Fase La Niña fraca: favorece a entrada de massas de ar frio vindas de norte e leste;
Bloqueio de correntes atlânticas suaves: a formação de anticiclones na Escandinávia pode travar os ventos amenos vindos do Atlântico.
Esta combinação cria o cenário ideal para um inverno prolongado, com geadas e nevões persistentes, especialmente entre dezembro e fevereiro.
Nem tudo está decidido
Apesar das previsões frias, os meteorologistas sublinham que um início precoce não garante um “inverno do século”. Tudo dependerá de quanto tempo a atmosfera conseguirá manter o atual padrão de circulação.
“Pode ser apenas um episódio isolado, mas se o vórtice polar continuar instável e as zonas de alta pressão persistirem no norte da Europa, teremos um inverno gelado e duradouro”, adianta Habermehl.
Os modelos climáticos de longo prazo já apontam anomalias negativas de temperatura na Europa Central e Oriental para o final do ano e início de 2026 — ou seja, valores significativamente abaixo da média.
Sinais de um inverno histórico
Para que o inverno de 2025-2026 entre para a história, vários fatores precisam de coincidir:
um vórtice polar fragilizado, uma extensa camada de neve na Eurásia, bloqueios de circulação atlântica e níveis adequados de humidade. Se isso acontecer, poderemos assistir a longos períodos de frio intenso, noites gélidas e neve contínua nas planícies europeias — um cenário semelhante aos invernos memoráveis de 1963 ou 1985.
“Estes invernos começam muitas vezes de forma discreta — com uma primeira queda de neve fora de época que faz com que a atmosfera entre lentamente em modo de congelação”, refere o especialista.
Conclusão: o inverno chegou mais cedo
O dia 26 de outubro de 2025 poderá ficar marcado como o verdadeiro início da estação fria na Europa — um prenúncio de um inverno com carácter e intensidade pouco comuns.
Ainda é cedo para afirmar se será “o inverno do século”, mas os sinais acumulam-se: vórtice polar instável, La Niña ativa, queda de neve precoce e pressões atmosféricas anómalas.
O certo é que, para milhões de europeus, o frio chegou antes do tempo — e talvez para ficar.




