Teresa Bonvalot Teresa Bonvalot foto: Pedro Mestre sexta-feira, 04 março 2022 10:47

Nenhuma portuguesa recebeu wildcard para o CT de Peniche - mas e se tivesse recebido?

Deixamos aqui as nossas escolhas. 

 

 

Não há muito tempo, esteve em destaque um debate sobre quem deveriam ser os wildcards para a 3ª etapa do CT, em Peniche, e se essas vagas deveriam ir para um atleta local. Quem levantou a questão foi Guilherme Fonseca, que tinha argumentos válidos a seu favor. Os wildcards acabaram por ir para Afonso Antunes (pela MEO) e Justin Becret (pela Rip Curl). Vasco Ribeiro também ficou com uma vaga, como substituto de uma das várias ausências entre os atletas masculinos. Não foi um local a ficar com as vagas, mas dois portugueses – merecedores, diga-se de passagem – tiveram a oportunidade de se juntar à elite. Uma decisão que parece lógica, visto que nas etapas havaianas, também foram surfistas havaianos que tiveram direito aos wildcards.

A pergunta que se levanta, então, é a seguinte: porque é que as vagas disponíveis na categoria feminina não foram para atletas portuguesas?

Há explicações que o justifiquem. Para começar, é preciso ter em conta que as vagas disponíveis na categoria feminina são menos do que as da categoria masculina. Quanto a substituições, a única ausência é de Caroline Marks, e Bronte Macaulay ficou com esse lugar por ser a primeira suplente na lista. Já o wildcard (que é só um, enquanto na categoria masculina são dois) foi concedido a Tia Blanco, a vencedora do The Ultimate Surfer, que por essa vitória tem direito a wildcards em três etapas do CT 2022. O mesmo não se aplica aos homens, pois o vencedor do The Ultimate Surfer foi Ezekiel Lau, que depois se qualificou através do Challenger Series e por isso não precisa dos wildcards.

Se é legítimo ou sensato oferecer vagas da competição de surf mais importante do mundo a surfistas que venceram um reality show é uma discussão que precisaria de ser tida em outro artigo. De qualquer forma, é uma decisão que já foi tomada há muito, e qualquer que sejam as nossas opiniões, já não se pode revertê-la. Mesmo assim, o facto é que não haverá surfistas portuguesas na água, ainda que algumas o merecessem. Abaixo, e para referência futura, deixamos algumas sugestões de atletas portuguesas que teriam sido merecedoras de um wildcard em Peniche:

 

Francisca Veselko – Enquanto campeã nacional da Liga MEO em 2021, faria sentido vê-la a competir num evento da MEO. Além disso, Kika está em 5º lugar no ranking do QS, que não é um lugar nada mau para se estar.

 

Yolanda Hopkins – Yolanda Hopkins foi uma das duas portuguesas que fez história no ano passado, ao competir nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no primeiro ano que viu o surf como modalidade. Não só isso, como também voltou para casa com um 5º lugar e um diploma olímpico, o que prova que, no que toca a representar Portugal pelo mundo, Hopkins não desilude. A surfista foi também a portuguesa melhor classificada no ranking do Challenger Series, em 19º lugar.

 

Mafalda Lopes – Traduzida à letra, a palavra “wildcard” é muito sugestiva do factor surpresa, e da ideia de que tudo pode acontecer. Este ano, até agora, os wildcards do CT têm mostrado precisamente isso, primeiro com Moana Jones-Wong em Pipeline, e depois com Barron Mamiya em Sunset Beach. Relembrando a prestação de Mafalda Lopes no Azores Airlines Pro do ano passado, e o icónico aéreo que lhe valeu 10 pontos, não é descabido imaginar que a sua presença em Peniche poderia ter aquecido um pouco as coisas nesse sentido. A atleta também tem do seu lado o facto de estar em 3º lugar no ranking do QS, e de fazer parte da MEO H-Team.

 

 

 

 

Teresa Bonvalot – Teresa é talvez a atleta desta lista que tem mais pontos a seu favor. Foi qualificada juntamente com Yolanda Hopkins para os Jogos Olímpicos, tendo inclusive sido a primeira mulher a apanhar uma onda no evento. É a segunda melhor portuguesa classificada no ranking do Challenger Series, em 22º lugar. É a actual líder do ranking do QS, e conta com uma excelente vitória no Azores Airlines Pro. Por fim, o facto de ser atleta da Rip Curl, marca patrocinadora do evento, poderia ter-lhe colocado numa posição privilegiada para conseguir o wildcard, se houvesse essa opção.

 

O que passou, passou, e com a prova já a decorrer não há muito mais a fazer. Não se pode argumentar pelo sucesso de uma wildcard portuguesa em Peniche, até porque a presença de mulheres no CT de Peniche no geral é bastante limitada e não temos grande termo de comparação. Podemos, sim, argumentar pela qualidade e mérito das nossas atletas, e defender que para o ano tenham essa oportunidade.

 

 Teresa Bonvalot. foto: WSL / Masurel

 

 

 

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