Foto: Getty Foto: Getty terça-feira, 14 janeiro 2020 09:08

“ESTAMOS NA IDADE DA PEDRA DA REVOLUÇÃO DIGITAL”

Diz cientista portuguesa...

sobre o fenómeno das notícias falsas, uma epidemia com consequências ainda não possíveis de determinar.

Este incrível fenómeno está agora a ser abordado pela cientista portuguesa Joana Gonçalves de Sá que recebeu uma bolsa europeia no valor de 1,5 milhões de euros para estudar como decidimos ou não partilhar informação usando como modelo as noticias falsas.

Pelo conhecimento gerado pela ciência em 2019, a cientista destaca um artigo de um grupo da universidade norte-americana de Yale que sugere que as pessoas acreditam nestas noticias por uma questão de atitude passiva e preguiça mental e não por estarem de acordo com o seu conteúdo, como afirmou no quinto e último episódio da série “Admirável Mundo Novo” do canal Sic Noticias.

O estudo refere que tal acontece por termos o nosso sistema de raciocínio, que nos leva a pensar, analisar e ter um espírito crítico, desligado, acreditando nestas noticias sem sequer as questionar.  Este comportamento passa pelo facto de o nosso sistema crítico e de raciocínio estar muitas vezes desligado ao final do dia, altura em que chegamos a casa cansados após um dia de trabalho e em que passamos mais tempo nas redes sociais.

 

 

 

 "Atitude passiva e preguiçosa, das pessoas, faz com que

o comportamento face às noticias que aparecem nas redes sociais seja inadequado"

 

 

 

Frame retirado do programa onde a reportagem foi exibida !

 

Mas este comportamento não fica por aqui. Ao contrário do que se pensava, as noticias falsas são mais espalhadas pelos humanos do que por bots, (aplicações de software concebidas para simular ações humanas repetidas vezes de maneira padrão, da mesma forma como faria um robot), mostrando que temos preferência por noticias falsas, sendo que quanto mais chocantes forem mais partilhas suscitam.

“O problema da desinformação não é um problema novo, o que novo é a escala, a dimensão e o facto de ser facilmente monetizável. Existem incentivos financeiros para a criação de noticias falsas. As próprias plataformas mostram-nos aquilo que queremos ver, conhecem os nossos interesses e criam bolhas à nossa volta onde só vemos aquilo em que queremos acreditar". - afirma Joana Gonçalves de Sá.

 

A cientista Joana Gonçalves Sá.   Foto: Carlos Manuel Martins/ Global Imagens

 

Aquilo que partilhamos na internet é altamente relevante e já provou poder ser usado com fins políticos, como foi o caso do escândalo do facebook que admitiu poderem ter sido usados dados de 87 milhões de utilizadores para influenciar campanhas politicas em todo o mundo.

A área da saúde é, segundo a cientista, uma das que mais tem estado exposta à desinformação levando-nos inclusive a perder a confiança na classe médica e cientista, por acharmos que a informação obtida através da internet tem a mesma relevância que a obtida através destes, algo visto pela cientista como gravíssimo.

“Nós não estamos preparados como sociedade e indivíduos para a revolução digital”, continua a cientista. E faz um paralelismo com a Revolução Industrial.  "As revoluções têm coisas boas e coisas más e no seu inicio têm sempre um período que são particularmente difíceis. Eu tenho usado o paralelo com a revolução Industrial, esta revolução que nos trouxe a electricidade, a televisão transportes públicos, etc, que fazem parte da nossa vida e que vão continuar a fazer, trouxe na altura em que surgiram um período muito negro. Com a exploração infantil, com o não haver limite de horas de trabalho, e foi fundamental não só criar legislação como criar garantias de que esta legislação estava a ser cumprida.

 

 

"A Revolução industrial quando surgiu no início teve também um período negro,

com a exploração Infantil, o não haver horários de trabalho etc.

E foi fundamental criar legislação adequada."

 

 

 

 

Joana Gonçalves de Sá salienta ainda que embora se saiba pouco sobre como se pode treinar o espírito crítico, o mesmo pode ser treinado, algo fundamental para ensinar a sociedade a ser mais atenta e crítica, para além da importância de criamos legislação, o que só irá acontecer quando houver um despertar colectivo na nossa sociedade.

 

No vídeo abaixo o Cientista Norte Americano Cal Newport explica também as razões pelas quais perdemos demasiado tempo e produtividade com o Social Media. E porque razão ou razões não os deveriamos utilizar !

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