Com a calma e destreza de um waterman havaiano, John John Florence levou a melhor na 31ª edição do Quiksilver em memória de Eddie Aikau. Com esta vitória, em ondas de até 60 pés, o miúdo havaiano trouxe para o surf um novo estilo e uma nova geração para o mundo das ondas grandes. Como recompensa pela atuação em Waimea Bay recebeu um cheque chorudo de 75 mil dólares, o prémio mais alto no panorama do big wave surfing.

“Fiquei entusiasmado só de fazer parte do evento. Estava muito nervoso, pensei apenas em conseguir chegar ao final do dia e pelo meio fazer umas ondas”, começou por dizer o prodígio do North Shore, adiantando que “Eu vim ver o mar de bicicleta, ainda de madrugada, e fiquei pasmado com a energia e a quantidade de pessoas que já se encontravam no parque e na estrada. Vivi aqui toda a minha vida e nunca vi algo assim. Eu nunca fiz parte de um evento assim. É definitivamente o momento mais alto da minha vida.”

“Gostava de agradecer à família Aikau e à Quiksilver por montarem um evento tão espetacular. Só o tinha visto umas duas vezes na minha vida, portanto, fazer parte dele e poder ter surfado nele, é na realidade um sonho tornado realidade… e ainda por cima com todas as lendas do surf. Esses tipos são os meus heróis desde criança”, terminou por dizer.

Nas contas finais, Florence, de 23 anos, superou o australiano Ross Clarke-Jones (2º), o amigo Shane Dorian (3º), o aussie Jamie Mitchell (4º), Kelly Slater (5º) e ainda o local Makua Rothman (6º).

A praia registou a presença de cerca de 25 mil pessoas que assistiram a oito horas de intensa ação com 28 dos melhores surfistas do mundo nestas condições. Verdadeiros gladiadores que usaram pranchas de até 11 pés, com um dos destaques a ir para Clyde Aikau, irmão mais novo de Eddie, que entrou no evento pela última vez aos 66 anos. Ele que esteve nas nove edições já realizadas.

De todas as 141 ondas feitas ontem, uma queda impressionante do sul-africano Grant “Twiggy” Baker (no vídeo em baixo) chamou especial atenção, pois pareceu estar a cair de um sexto andar. Um tubão arrancado por Kelly Slater, em plena na zona de take off, também ficou na retina. Um pormenor curioso é também o facto de esta ter sido a primeira edição onde os participantes puderam usar “life vests”, com apenas três dos 28 wave riders a optarem por entrar na água apenas de licra.

Durante o evento, o nativo de Oahu, Aaron Gold, também recebeu o prémio especial The Quiksilver GO Challenge (10 mil dólares) por ter corrido uma onda gigante de 70 pés em Jaws há cerca de um mês. Este prémio é atribuído a todos os convidados que durante o período de espera do Eddie surfem a maior e mais crítica onda pelo arquipélago havaiano.