Cientistas do Observatório Norte-Americano de Interferometria Laser (LIGO - Laser Interferometer Gravitational-wave Observatory) revelaram que detetaram pela primeira vez, diretamente, ondas gravitacionais, colocando assim termo a meses de rumores e grande expetativa entre a comunidade científica perante uma descoberta que abre a porta à redescoberta do Universo, desta vez sem necessidade da luz.

A descoberta foi anunciada numa conferência de imprensa em Washington. Os cientistas identificaram os sinais, durante a fusão de dois buracos negros localizados a mais de mil milhões de anos da Terra.

"As ondas gravitacionais foram detetadas a 14 de setembro de 2015, às 8:51 da manhã do horário de Lisboa, por ambos os detetores gémeos do Observatório Interferométrico de Ondas Gravitacionais (LIGO), localizados em Livingston, Louisiana, e Hanford, Washington, nos Estados Unidos. Estes Observatórios são financiados pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA e foram concebidos, construídos e são atualmente operados pelos Institutos de Tecnologia da Califórnia e de Massachusetts (Caltech e MIT). A descoberta, aceite para publicação no jornal cientifico Physical Review Letters, foi feita pela Colaboração Cientifica LIGO e a Colaboração Virgo utilizando dados dos dois detetores."

Segundo a mesma equipa, o assinalar destas ondas gravitacionais vai criar uma nova era para a astronomia, uma vez que é o culminar de décadas de investigação. O fenómeno, teorizado há 100 anos por Einstein na Teoria da Relatividade, nunca tinha sido confirmado. 

O que são ondas gravitacionais e buracos negros?

As ondas gravitacionais deformam o "tecido" do espaço-tempo ao propagarem-se à velocidade da luz. Segundo Albert Einstein, as ondas gravitacionais transportam energia e radiação gravitacional. De forma simplificada, imagina que o peso de uma pessoa aumentava para o dobro num momento e no instante seguinte voltava ao normal.

Um buraco negro é geometricamente definido por uma região de espaço-tempo com bastante força gravitacional onde nada pode escapar, incluindo partículas e radiação eletromagnética como a luz. No fundo, trata-se de uma região do espaço que possui uma quantidade tão grande de massa concentrada num espaço pequeno que nada consegue escapar da sua atração, nem mesmo a luz. É, por isso, que são chamados de “buracos negros”.