Maresias, no litoral de São Paulo, viu crescer o novo campeão do mundo Gabriel Medina. Com o título inédito do brasileiro, Maresias entrou definitivamente no mapa do surf mundial.

E a realidade é que as características das ondas em Maresias podem ajudar a explicar o sucesso do jovem prodígio brasileiro, pelas características únicas daquele pico. Os típicos beachbreaks brasileiros são por norma propícios para o surf progressivo. Maresias tem tudo isso - como Medina já demonstrou vezes sem conta -, mas é mais do que isso, chegada a época do Outuno e Inverno, uma combinação de swells de sul e ventos offshore, criam longas paredes e tubos profundos.

“Muitos comparam Maresias a Puerto Escondido, ou até Teahupo’o, dependendo de como estão a quebrar as ondas”, afirmou ao site da ASP Carlos Bahia, longboarder profissional e antigo treinador da equipa Junior de Maresias. “Se consegues surfar em Maresias, consegues surfar em qualquer sítio do mundo”.

Feitas as contas, as características de Maresias ajudaram certamente Gabriel Medina a ser o surfista completo que conhecemos hoje, e a superar obstáculos que pareciam fora do seu alcance como por exemplo as etapa de Fiji e do Tahiti.

Medina não duvida desta teoria. “No Tour temos de surfar tubos e fazer manobras, e foi aqui que tudo começou. Acho que tive uma boa formação. Lembro-me de ter 10 ou 11 anos e achar que as ondas eram sempre perfeitas, canal, esquerdas, direitas… É uma onda pesada e tubular, mas também tem dias mais pequenos, bons para treinar manobras”, afirmou Gabi.

Maresias tem uma população de apenas cinco mil habitantes, e uma economia baseada no turismo e na pesca. A praia é agora uma mistura de cultura local com a chegada de turistas abastados financeiramente, e essa coexistência sublinha o contraste entre os bairros humildes da cidade com os condomínios de luxo que têm surgido perto da praia.

Miguel Pupo cresceu com Gabriel em Maresias, e é um dos seus amigos mais próximos e também acredita as ondas locais ajudaram a moldar o campeão. “Maresias não é uma onda fácil, e o Gabriel sempre foi muito competitivo e aprende depressa. Em poucos anos começou a chegar às finais e a ganhar campeonatos. Sempre teve a obsessão de apanhar o máximo de ondas possível em cada sessão e acho que foi isso que o ajudou a desenvolver-se tão depressa”.

O impacto do ano triunfal de Medina, para além de se fazer sentir a nível familiar, também se fez sentir no Brasil em geral, e em Maresias em particular. Quando ali se realizou o O’Neill SP Prime, foram mais de 20 mil as pessoas que ali acorreram.

“Mesmo que ele não tivesse ganho o título, o impacto estava feito. A febre do surf dominou não apenas Maresias mas todo o Brasil. É bonito de se ver, Maresias passou a ter um nome forte no mundo do surf”, garantiu Pupo.