Sam George conta a história de duas viagens de surf nascidas do acaso e separadas por centenas de anos sexta-feira, 12 julho 2024 08:40

Sam George conta a história de duas viagens de surf nascidas do acaso e separadas por centenas de anos

O surfista e escritor foi a Tonga inicialmente à procura de baleias. 

 

O surfista e escritor Sam George sabia que havia surf em Tonga, como conta em The Inertia, mas esse não foi o motivo da sua visita inicial. Na biblioteca da sua escola tinha visto, numa edição da revista National Geographic, uma fotografia de Tāufa‘āhau Tupou IV, "então rei de Tonga, numa pequena rebentação, equilibrando habilmente o seu enorme corpo de 1,96 metros e 181 quilos numa longboard", conta. Também sabia que, vinte anos mais tarde, o fotógrafo Jeff Divine, juntamente com surfistas como Tom Caroll e Kelly Slater, visitou o palácio real para uma audiência com o rei. 

Mas isso era pouco relevante para George, pois o que ele procurava eram baleias-jubarte. "Tinha aceitado um trabalho a dirigir um vídeo promocional, patrocinado pelo governo e orientado para a conservação", explica, "com a Princesa Lātūfuipeka Tuku’aho, filha do Rei Tupou VI e da Rainha Nanasipau’u, e a sua profunda ligação espiritual com a robusta população de baleias-jubarte de Tonga". Em Tonga, a caça às baleias foi proibida em1978, e Tonga, e este é "o único lugar onde nadar com jubartes é sancionado e rigorosamente monitorizado, com o faka’apa’apa, ou 'respeito', por estes notáveis residentes sazonais no centro de todos os esforços". 

Inicialmente, o trabalho de Sam consistia em "percorrer a ilha principal de Tonga, Tongatapu, passando dias e dias a procurar locais de filmagem apelativos na exuberante terra e paisagens marinhas tropicais". Ia a caminho de "uma pequena pérola chamada Foa, e o modesto Sandy Beach Resort, um paraíso impossivelmente pitoresco de exploradores de praias situado na idílica Praia e lagoa de Houmale’eia". Aí encontraria os expatriados Darren e Nina Rice, mestres de mergulho e especialistas em fotografia subaquática, fundadores do resort. 

 

 

 

Uma descoberta que levou a várias outras

 

Darren ainda direcionou Sam George para outro achado: em 2008 visitantes australianos "tropeçaram num pedaço recém-exposto de basalto onde estavam esculpidos mais de uma dúzia de petróglifos. Surpreendente, mas ainda mais incrível foi o facto de, após exame por vários especialistas em etnologia/antropologia, ter sido explicado que estes estilos particulares de petróglifos não eram encontrados em nenhuma outra parte da Polinésia fora do Havai".

George explica que "a forma triangular das figuras humanas em particular, gravadas ao lado de aves marinhas, tartarugas, lagartos e cães, são exclusivas dos petróglifos havaianos, apoiando a teoria 'provocadora' de que em algum momento durante a sua história de colonização, os navegadores havaianos poderiam ter regressado a Tonga, um feito de navegação notável anteriormente considerado impossível".

Mas por mais interessante que fosse, não foi isto que mais surpreendeu Sam. Ficou "de boca aberta" quando "após examinar as gravuras eu próprio, me foi fornecido um tratado pelo Dr. David Burley, Professor de Arqueologia na Universidade Simon Fraser do Canadá, pioneiro da investigação no local de Houmale’eia, no qual, ao delinear os vários petróglifos, descrevia entre outras figuras um moedor de taro, uma rede de captura de pombos e a figura de um homem em pé numa prancha de surf".

 

Petroglifo em Foa. A figura da pessoa a surfar é a terceira de cima para baixo na coluna da direita. 

 

Isto poderia indicar que "talvez, há mais de 500 anos, um havaiano anónimo e artisticamente inclinado, fazia parte de uma tripulação intrépida a realizar a extraordinária viagem de 3.000 milhas a céu aberto desde o Havai até Tonga. Ao desembarcar em Foa, ele ou ela sentiu-se compelido a deixar marcas da sua passagem no basalto macio, como faria em casa. E por alguma razão, sentiu-se compelido a incluir, entre os outros grafitis gravados na pedra, a figura de um homem em pé numa prancha de surf".

Foi a conversar sobre isto com Darren e Nina que lhe foi dito que havia uma onda surfável ali. Imediatamente, George tomou as providências necessárias para conseguir ir surfar. "Não pude deixar de pensar quão fantástico era, estar sentado numa prancha de surf no mesmo local onde há centenas de anos um antigo surfista havaiano poderia ter estado, alinhando-se para aquela gloriosa primeira onda após uma longa viagem". 

Tal como George, "aquele surfista não tinha ido à procura de ondas em Tonga, mas a julgar pela figura cuidadosamente gravada na pedra, estava bastante entusiasmado por tê-las encontrado.

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