A história de uma prancha que voltou para o seu dono depois de ter ficado 300 dias perdida no mar
O que é nosso acaba sempre por regressar.
Paddy Power, surfista australiano, estava a surfar em Wedding Cake Island, na costa de Sydney, "no maior dia de ondas" que já vira. Usava uma prancha 10'0 da Daniels Surfboards. Foi a remar para fora que, na primeira onda de um set, o seu leash rebentou e Power ficou sem prancha. "Foi definitivamente a maior onda que já levei na cabeça", contou o surfista. Paddy regressou a terra a nadar, e não havia sinal da sua prancha.
"É uma situação bastante improvável, tentar encontrar uma prancha perdida enquanto se nada, com toda a espuma em cima de ti e o oceano tão agitado", explica. "A minha esperança era que a prancha tivesse sido arrastada para a praia". Já em terra, passou uma hora "a caminhar pelas falésias a tentar ver se ela tinha encalhado nas rochas". Mas não encontrou nada.
Mas a história não terminou por aqui. Exatamente 300 dias mais tarde, Luke Daniels, shaper da prancha, mandou uma mensagem a Paddy Power, "com uma única foto de uma prancha de surf coberta de percebes e mexilhões". Foram "300 dias de vida oceânica naufragada, correntes, sol e tudo mais", para que a prancha regressasse "sem danos às margens de Lake Entrance, em Victoria". Quem a encontrou foi uma senhora, que no dia seguinte enviou a localização. "Estava no meio do nada", mas a mãe de Power, por um feliz acaso, estava em Lakes Entrance no dia em que a prancha apareceu.
"A minha mãe decidiu aceitar a missão de tentar localizar a prancha", conta Paddy, "e encontrou-a coberta de percebes e mexilhões". Descrevendo a mãe como uma "verdadeira lenda", conta que ela "arrastou a pesada 10'0 durante pelo menos uma hora até ao carro sozinha". Depois de tudo isto, "a prancha está em casa, graças à corrente da Austrália Oriental, a uma senhora que teve a gentileza de nos contactar, à minha mãe e a um pescador chamado Terry".
"Acho que esta coisa ainda tem mais surf para fazer", termina Paddy Power.
Podemos atribuir esta história a uma série de coincidências felizes, mas podemos encontrar também nela uma metáfora ou um conselho: para confiarmos no processo e darmos tempo ao tempo, pois nem sempre as coisas acontecem da forma mais lógica, fácil ou rápida, mas isso não quer dizer que não vão acontecer.