Os últimos 12 meses podem ter sido os mais quentes de que há registos Lusa quinta-feira, 09 novembro 2023 15:47

Os últimos 12 meses podem ter sido os mais quentes de que há registos

Foram os meses mais quentes em pelo menos 125 000 anos.

 

 

Nos últimos meses, o mundo quase todo experienciou temperaturas muito acima da média - à excepção do Lesoto e da Islândia, que foram os únicos países que experienciaram temperaturas mais frias do que o costume. Portugal não foi imune. O verão foi quente, e alastrou-se para Outubro, onde uma onda de calor se fez sentir durante boa parte do mês. Estas temperaturas podem, em parte, ser atribuídas ao fenómeno natural El Niño, um fenómeno climático e cíclico que estava previsto, mas as análises científicas não deixam dúvidas: o aquecimento do planeta tem principalmente a ver com a queima de combustíveis fósseis. 

No início deste mês, foram divulgados dois relatórios relativos a estas temperaturas elevadas. Um deles afirma que os últimos 12 meses foram os mais quentes em pelo menos 125 000 anos. O outro afirma que 2023 foi o ano mais quente de que há registo. A temperatura, em média, esteve 1.32 graus celsius acima dos níveis pré-industriais, segundo as pesquisas feitas pelo Climate Central. Andrew Pershing, desta organização, afirmou que "isto não é normal" e que "não deveríamos estar a experienciar estas temperaturas".

 

 

Temperaturas dos oceanos não param de aumentar

 

A cientista Hannah Cloke explicou que as consequências deste aumento das temperaturas já tem sido visível, com "tempestades mais violentas, chuvas mais pesadas e mais inundações, ondas de calor mais frequentes e mais intensas, secas e incêndios". As temperaturas do oceano também têm aumentado e quebrado recordes desde Maio, o que aumenta a possibilidade de furacões e tempestades tropicais em todo o planeta. 

Prevê-se que esta tendência de aquecimento do planeta vai continuar em 2024, ano em que o El Niño se vai realmente fazer sentir. Cientistas reiteram continuadamente que é necessário parar a queima de combustíveis fósseis, mas um relatório da ONU verificou que os governos planeiam produzir mais do dobro dos combustíveis fósseis do que o limite que pararia o aquecimento global aos 1.5 graus celsius.

David Reay, o director executivo do Edinburgh Climate Change Institute na Universidade de Edinburgo, comparou os números das mais recentes pesquisas "a um cenário de um filme sobre desastres naturais", e afirmou que "a única coisa mais surpreendente do que estas subidas de temperaturas globais (...) é a nossa recorrente incapacidade de colocar o mundo nos eixos para atingirmos os objectivos definidos no Acordo de Paris". 

 

 

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