Terminou hoje os ISA World Surfing Games 2023, uma maratona competitiva de Surf que contou com a participação de 63 países, 297 atletas, das quais 132 competidoras, o que representa um novo recorde e a afirmação em absoluto do Surf Feminino e do Surf como um Desporto verdadeiramente global. Merece destaque a estreia da Republica Checa, India, Letonia e Ilhas Mauricias, que se juntam a esta grande família.

Embora a odisseia lusa em terras de El Salvador já tivesse terminado, o oitavo e último dia foi repleto de emoções fortes, muito Surf de alto nível e contou com as melhores condições de todo o evento.

Este campeonato além de consagrar os novos campeões mundiais ISA individuais e por equipas, também atribuiu duas vagas Olímpicas a todos os continentes à excepção do continente americano. Neste caso, os melhores classificados americanos deste campeonato têm acesso ao campeonato Pan-Americano, para posterior atribuição de mais vagas Olimpicas.

Desta forma restavam atribuir apenas duas vagas masculinas para o continente europeu e asiático, visto que todas as outras vagas já estavam atribuídas. No final do dia o francês Kauli Vaast e o japonês Kanoa Igarashi conseguiram as tão desejadas vagas.

Imagem da estrutura da prova - ISA 

O dia começou com único heat da repechage 11 masculina, composto pelo francês Kauli Vaast, o espanhol Gonzalo Gutierrez, o canadiano Cody Young e o japonês Reo Inaba. O taitiano e local hero de Teahupoo, onde se vão disputar os Jogos Olimpicos, Kauli destacou-se, repetiu as performances incríveis do dia anterior e venceu facilmente o heat com um score de 15.6 em 20 possíveis. A luta pelo segundo lugar e consequente passagem à ronda seguinte foi muito renhida entre o espanhol e o canadiano. Se ontem o Cody conseguiu superar Frederico Morais pela margem mínima, hoje perdeu de igual modo para o espanhol Gonzalo Gutierrez, o atleta nipónico esteve ligeiramente abaixo dos demais e ficou em quarto lugar.

Como só restavam estes dois europeus, o próximo heat ia ser definitivo para atribuir a vaga Olímpica disponível para o representante do Velho Continente.

 Kauli Vaast juntamente com Fernando Aguerre - ISA

Logo de seguida entrou em acção o único heat da repechage 11 feminina, composto pela canadiana Erin Brooks, a peruana Sol Aguirre e as australianas Sophie McCulloch e Ellie Harrison. Ao contrario dos dias anteriores Sol Aguirre não conseguiu manter o ritmo competitivo e ficou em quarto lugar. As australianas tiverem de se contentar com os lugares intermédios, Sophie em segundo e Ellie em terceiro, porque tinha começando o espectaculo de Erin Brooks, que durou o dia todo e não ganhou a medalha de ouro por uma unha negra, mas já lá iremos à final.

 A classificação por equipas determinou o Perú como o grande vencedor com um total de 3254 pontos em 5180 possiveis, a vice-campeã França ficou a uma diferença mínima com 3230 e o Brasil conseguiu o terceiro lugar muito graças à grande campeã Tatiana Weston Webb com 2937 pontos. O top 5 foi completado pelo Japão 2653 pontos e Austrália com 2648.

Erin Brooks - ISA

O próximo heat foi o único da sétima ronda e ultimo do main round antes da final. Os surfistas em competição foram o japonês Kanoa Igarashi, o mexicano Alan Cleland e os peruanos Lucca Mesinas e Miguel Tudela. Foi um heat extraordinário, com muita acção, todos os surfistas fizeram bastantes ondas, desempenhos recompensados com notas altas, em suma, um heat ao nível do melhor que se pode esperar. Mas só um podia ganhar e foi o nipónico Kanoa que teve esse mérito com 17.8 pontos em 20 possiveis, seguido de Lucca Mesinas com 15.03 pontos, Alan Cleland com 14.03 e em quarto lugar Miguel Tudela com o respeitável score de 12.54 pontos em 20 possíveis.  Assim o atleta do pais do Sol Nascente o Lucca Mesinas garantiram um lugar na final. Os restantes tiveram ainda a chance de alcançar a final através do único heat da repechade 12.

A jovem Canadiana Erin Brooks  - ISA

Sem pausas e a um ritmo alucinante o único heat feminino da ronda 7 já estava na água com as francesas Johanne Defay e a já apurada para os Jogos Olímpicos e também local hero de Teahupoo, Vahiné Fierro, a brasileira Tatiana Weston Webb e a australiana Sally Fitzgibbons. Este heat podia ser divido em duas partes, Johanne e Tatiana a dar o máximo para alcançar a vitoria, que sorria à brasileira com 14.1 pontos em 20 possíveis, contra 13.3 de Johanne. A outra parte foi mais pausada, provavelmente porque a Sally já não conseguia obter a vaga Olímpica e porque a Fierro já tinha a sua e talvez por isso tenha ficado à frente da australiana. Porém ambas tiveram acesso à próxima ronda da repechage e a chance de alcançar a final.

As ondas durante este último dia de prova em El Salvador - ISA

De seguida o ultimo heat da fase de repechage masculina teve inicio com o espanhol Gonzalo Gutierrez, o francês Kauli Vaast, o peruano Miguel Tudela e o mexicano Alan Cleland. Tal como o heat anterior, neste também houve duas competições paralelas. A disputa pela vaga masculina europeia e o acesso à final. O espanhol Gutierrez com aquelas ganas de vencer tão característica dos nossos vizinhos deu todo até quase ao fim do heat, quando foi colhido por um set vassoura que o relegou para quarto lugar e desta forma não obteve a vaga Olímpica. O francês, embora com um desempenho inferior aos anteriores heats, conseguiu realizar um sonho, participar nos Jogos Olímpicos no seu quintal, definitivamente um nome a ter em consideração para o oiro Olímpico. Se esta disputa foi emocionante, que dizer do show mexicano proporcionado por Alan Cleland, com um score de 17 pontos em 20 possíveis, não dando hipótese ao peruano, embora ambos tenham avançado para a final.

 Alan Cleland - ISA

O derradeiro heat feminino antes da final seguiu a todo o vapor com as australianas Sally Fitzgibbons e Sophie McCulloch que não foram além do terceiro e quarto lugar, respectivamente, com 12.33 e 11.53 pontos em 20 possíveis. A francesa Vahiné Fierro e a canadiana Erin Brooks completaram o heat. Até seis minutos do fim, parecia que Fierro e Sally estavam confortáveis na liderança do heat, mas a canadiana decidiu fazer a sua melhor onda e virou o heat a seu favor, vencendo com uma margem mínima em relação a Fierro com 14.47 contra 14.14 e ambas seguiram para a final.

Atletas Mexicanos puxam pelo seu compatriota - ISA 

Sem demoras, entrou a final masculina em acção com o mexicano Alan Cleland, o nipónico Kanoa Igarashi e os peruanos Lucca Mesinas e Miguel Tudela, decisivos para a conquista do titulo de campeões por equipas. Foi uma final que acrescentou prestígio a este campeonato, foi o heat com a onda mais pontuada e com a pontuação media mais elevada de toda a competição. Todos os surfistas tiveram uma performance muito acima da média, com muita acção, embora com pouco equilibro porque o grande vencedor Alan Cleland, colocou todos em combinação aos 15 minutos, nas suas duas primeiras ondas, nada mais nada menos que 8.5 e 9.73, somando 18.23 o melhor score de todo o campeonato. Que forma incrível de vencer uma final, melhor é quase impossível, conquistando o titulo individual de campeão mundial ISA.  A prata foi para o peruano Lucca Mesinas com uma onda de 9.1 e uma pontuação final de 16.17. O bronze foi para o peruano Miguel Tudela com 14.96 e em quarto e curiosamente o único finalista com uma vaga Olimpica assegurado Kanoa Igarashi com 14.8

Vitória surpreendente de Alan Cleland do México - ISA

Para concluir o campeonato teve lugar a final feminina com as francesas Johanne Defay e Vahiné Fierro, a canadiana Erin Brooks e a grande vencedora Tatiana Weston Webb.Esta final foi marcada pelo equilíbrio principalmente nos últimos 15 minutos que foram muito dinâmicos e com trocas constantes da classificação. Esse equilíbrio também ficou expresso nas pontuações finais. Tudo parecia bem encaminhado para uma vitoria de Erin Brooks, seguida de Johanne, até que aos 3 e 30 segundos do fim, a Tatiana conseguiu passar de quarto lugar para a liderança. Alcançou 15 pontos, com duas ondas com a mesma pontuação, 7.5 algo inusitado, mas completamente merecido. Erin Brooks ficou em segundo com 14.36, Johanne Defay com 13.54 e Vahiné Fierro com 12.3 em 20 pontos possíveis.

Além da excelente performance, a sua vitoria é ainda mais espetacular porque a Tatiana já tinha a vaga Olímpica garantida via WSL 

Tatiana Weston Webb - ISA

Além da excelente performance, a sua vitoria é ainda mais espetacular porque a Tatiana já tinha a vaga Olímpica garantida via WSL e vai participar na etapa do tour WSL dentro de dois dias, também em El Salvador. Esta vontade tremenda de vencer, bem ao estilo da Brazilian Storm, contrasta com a atitude de outros e outras atletas da elite do Surf mundial, que também participaram neste campeonato. Só enaltece e torna ainda mais brilhante o seu título de campeã mundial ISA.

A classificação por equipas determinou o Perú como o grande vencedor com um total de 3254 pontos em 5180 possíveis, a vice-campeã França ficou a uma diferença mínima com 3230 e o Brasil conseguiu o terceiro lugar muito graças à grande campeã Tatiana Weston Webb com 2937 pontos. O top 5 foi completado pelo Japão 2653 pontos e Austrália com 2648.

Portugal ficou em decimo lugar, com 1923 pontos em 5180 possíveis. 

O próximo ISA World Surf Games vai ter lugar em Puerto Rico( 13 de Fev de 2024), aí todos queremos e acreditamos que Portugal conquiste uma posição de acordo com o seu real valor.

A título de curiosidade, a selecção nacional Brasileira contou com uma comitiva de 14 membros onde se incluíram técnicos e atletas. Team Japão e Team França reuniram igualmente 14 pessoas nas suas respectivas comitivas. ISA