Os momentos que marcaram o surf em 2022
Os melhores momentos do surf em Portugal e no mundo
O ano de 2022 está quase a chegar ao fim, e antes de abrirmos as portas para 2023, é costume reflectir sobre o ano que passou. No mundo do surf, quais foram os acontecimentos que marcaram o desporto? Quem se destacou? Quem foram os portugueses que brilharam no panorama nacional, e quem foram os portugueses que ergueram alto a bandeira lá fora?
A Surftotal fez um apanhado de alguns dos momentos mais marcantes no surf em 2022, a nível nacional e internacional.
Em Portugal
Marta Paço e Camilo Abdula foram Campeões Mundiais de surf adaptado
No Pismo Beach ISA World Para Surfing Championship, na Califórnia, Marta Paço e Camilo Abdula fizeram brilhar a Selecção Portuguesa quando cosquistaram os títulos mundiais nas suas respectivas categorias - Marta Paço competiu na categoria VI 1 Feminino, e Camilo Abdula competiu na categoria Stand 1 Masculino. Esta foi a primeira vitória de Camilo,enquanto Marta repetiu o feito do ano anterior, sendo agora bi-campeã mundial.
Marta Paço com Tiago Prieto FPS
Guilherme Fonseca ficou em 4º lugar nos ISA World Surfing Games, e levou a Selecção consigo
Ainda no contexto dos eventos organizados pela ISA, contámos com a prestação brilhante de Guilherme Fonseca, que atingiu o 4º lugar nos ISA World Surfing Games. Este resultado, aliado à prestação global dos atletas portugueses, fez com que a Selecção Portuguesa atingisse também o 4º lugar no pódio. Quem venceu o evento foi o nipo-americano Kanoa Igarashi, surfista do CT que tem muita afinidade com Portugal.
Guilherme Ribeiro e Teresa Bonvalot foram Campeões Nacionais
Após cinco etapas da Liga MEO, Guilherme Ribeiro e Teresa Bonvalot sagraram-se Campeões Nacionais. Teresa venceu três etapas, enquanto Guilherme, que só venceu a última, lutou pelo título com Vasco Ribeiro até ao último minuto. Este foi o primeiro título de Guilherme, e o quarto de Teresa.
Peniche regressou ao calendário do CT
A elite do surf mundial não competia em Peniche desde 2019. Em 2020, a pandemia impediu que o CT decorresse, e em 2021 ainda não foi possível fazê-lo voltar a Portugal. 2022 foi ano em que Peniche voltou a ser palco do MEO Pro Portugal, com a representação de três portugueses: Frederico Morais, Vasco Ribeiro e Afonso Antunes - Vasco e Afonso foram eliminados nas repescagens, e Kikas avançou até aos oitavos-de-final, onde foi eliminado por Kanoa Igarashi.
Quem venceu o o evento foram Griffin Colapinto e Tatiana Weston-Webb. Colapinto foi, nesta etapa, o autor da primeira onda de 10 pontos da temporada.
Kika Veselko e Guilherme Ribeiro vencem pela 1ª vez uma etapa do circuito WQS Europeu
Foi em França, no País Europeu em que o surf é mais desenvolvido que dois jovens Portugueses venceram. Um feito conseguido no QS Lanacau Pro e que deixa perceber que os surfistas Portugueses estão no topo do nível do surf europeu.
Kika Veselko e Guilherme Ribeiro conquistaram, o triunfo no Lacanau Pro, terceira prova da temporada 2022/23 do QS europeu. Os jovens surfistas portugueses brilharam mais alto no dia final da prova gaulesa, terminando como campeões deste histórico evento do surf europeu. Esta foi a primeira vitória da carreira de ambos no circuito WQS da World Surf League.
Kikas saiu do CT, Teresa Bonvalot quase entrou
A temporada de 2022 contou com alterações nos vários circuitos da WSL, sendo que uma das mais gritantes foi a introdução do mid-season cut, que eliminou metade dos surfistas femininos e masculinos ao fim das primeiras cinco etapas da temporada do CT. Foi o mid-season cut que levou à eliminação de Frederico Morais a meio do ano, terminando a representação portuguesa entre a elite mundial.
Por outro lado, Teresa Bonvalot esteve muito perto de colmatar essa ausência. Depois de ter liderado o ranking do QS em 2021/2022 (temporada em que Mafalda Lopes e Kika Veselko empataram em 2º lugar), Bonvalot seguiu numa trilha triunfante durante o Challenger Series, e tudo apontava para a sua possível qualificação para o CT durante a etapa havaiana. Teresa e Sophie McCulloch acabaram por empatar, e o factor decisivo foi o facto de McCulloch ter tido mais vitórias em heats do que Teresa.
Assim, Teresa ficou a um mero passo da qualificação, e foi-lhe atribuído um injury replacement, o que significa que a atleta será a primeira a ser chamada caso alguma das surfistas da elite se lesione.
Pela primeira vez uma marca de surf Portuguesa foi patrocinadora principal de um atleta que se qualificou para o CT
Não haverá surfistas Portugueses qualificados para o CT 2023 mas a marca Portuguesa Deeply ajudou um surfista Francês a lá chegar.. Maxime Huscenot é um surfista que tem vindo a trabalhar de há 10 anos a esta parte para entrar no circuito de elite da World Surf League, o CT. Nascido em França embora com 15 dias de idade tenha ido com os seus pais para as Ilhas Reunião, Maxime é um surfista que qualquer marca gostaria de o ver como seu patrocinado. Neste caso foi a Deeply, marca Portuguesa de alcance Europeu, que o redescobriu após este ter saído da Quiksilver em 2014.
No mundo
G-Land regressou ao CT... por pouco tempo
A total abertura das fronteiras no mundo pós-pandémico permitiu que o CT de 2022 decorresse sem percalços. A Indonésia tinha sido um dos países a sofrer restrições pesadas no que diz respeito à entrada de estrangeiros no país. Com o regresso gradual à normalidade, uma outra coisa regressou. G-Land não recebia uma etapa do CT há 25 anos e voltou a receber a elite do surf em 2022. Ainda que as ondas não tenham correspondido 100% ao estatuto mítico que ganharam ao longo dos anos, o facto de esta ter sido a primeira etapa depois do mid-season cut trouxe drama o suficiente para a competição.
Os vencedores da etapa foram Jack Robinson e Johanne Defay. É, no entanto, importante ressaltar que o regresso de G-Land foi curto: a etapa não consta do calendário do CT 2023.
Filipe Toledo e Stephanie Gilmore foram Campeões Mundiais
Este foi o segundo ano em que os campeões mundiais de surf foram decididos numa finalíssima em Trestles em que apenas o top cinco competiu. Filipe Toledo venceu a etapa depois de uma temporada brilhante e reclamou o seu primeiro título. Stephanie Gilmore foi campeã pela oitava vez, ainda que, no momento de ser parabenizada, tenha aproveitado para homenagear Carissa Moore, dizendo: "A Carissa é a campeã este ano na minha opinião".
Ainda sobre esta temporada do CT, quem merece uma menção honrosa é o GOAT Kelly Slater, que venceu a etapa de Pipeline na véspera do seu 50º aniversário.
Filipe Toledo. WSL/ Diz
Qualificações históricas de Ramzi Boukhiam e Rio Waida
Após um percurso brilhante no Challenger Series, Ramzi Boukhiam e Rio Waida fizeram história ao conseguirem a qualificação para o CT 2023. Boukhiam é o primeiro marroquino a entrar no CT, e Waida, o primeiro indonésio.
Entre os restantes qualificados através do Challenger Series, outros atletas também se destacaram. Leo Fioravanti e Bettylou Sakura Johnson foram os líderes do ranking masculino e feminino, e ambos recuperam o seu posto no CT após terem sido eliminados no mid-season cut. Maxime Huscenot reforça a representação europeia no Tour, além de levar a marca portuguesa Deeply até à elite do surf; Caitlin Simmers, de apenas 17 anos, volta a qualificar-se este ano, depois de ter abdicado da sua vaga no ano passado para se dedicar aos estudos.
Joel Tudor foi banido pela WSL
No longboard, foi o lendário Joel Tudor quem fez mais barulho - e desta vez, não foi pelos seus resultados. Tudor recorreu às redes sociais para acusar publicamente a Liga Mundial de Surf de promover a desigualdade entre as longboarders e as shortboarders e reduzirem o Tour dos longboarders. Tudor recorreu em particular ao exemplo do longboard feminino, que afirmou ser menosprezado pela WSL apesar de trazer mais audiência do que o shortboard feminino.
Os comentários resultaram na tomada de medidas pela WSL. A organização baniu Tudor dos seus eventos, acusando o comportamento do atleta de ser "prejudicial à integridade da WSL".
Nazaré voltou a ser a grande protagonista do surf de ondas grandes
No universo das ondas grandes, a Nazaré foi, como sempre, protagonista. O prestigiado Nazaré Tow Surfing Challenge teve como vencedores os brasileiros Lucas Chianca e Maya Gabeira. Lucas Chianca competiu neste evento como parceiro de Nicolau Von Rupp, e Maya Gabeira formou equipa com o francês Pierre Caley.
Foi também este ano que foi anunciado o novo recorde mundial da maior onda surfada. Sem surpreender ninguém, foi uma onda surfada na Nazaré. O atleta em questão foi o alemão Sebastien Steudtner, e a onda foi surfada a 29 de Outubro de 2020. A onda tinha 26, 21 metros. Steudtner foi o primeiro atleta europeu a bater este recorde.
Foi um ano longo e cheio de acontecimentos, e o desejo da Surftotal é que 2023 tenha sempre mais e melhor surf.
Qual foi o teu momento preferido de 2022?