Maya Gabeira Maya Gabeira aloalobahia sexta-feira, 14 outubro 2022 07:15

Maya Gabeira fala sobre a desigualdade de género

No surf.

 

Maya Gabeira, surfista de 35 anos, natural do Rio de Janeiro, é uma big rider de renome pelos seus troféus conquistados pelo mundo, mas o seu maior desafio não são as ondas grandes, mas sim o preconceito de que tem sido alvo durante a sua carreira. 

 

"Só fui capaz de atingir dois recordes mundiais porque estou em tratamento". Em entrevista à globo, a surfista detentora da maior onda surfada por uma mulher, na Nazaré, fala sobre a forma como está a superar certos traumas e, também, sobre o filme que lançou, onde a desigualdade de género é um dos temas abordados.

 

"Maya e a Onda" foi lançado a 9 de Outubro, na zona sul do Rio de Janeiro. 

 

 

"Quando eu vi o filme pela primeira vez, tive flashbacks sobre a minha vida e sobre a minha trajetória. Mas uma coisa fica clara: a minha maior dor, ou trauma, que tenho que superar, não é o acidente ou as ondas gigantes, é o preconceito que sofri. As "chapadas" que levei de certas pessoas, de certas empresas e as dificuldades de entrar na comunidade que eu queria fazer parte, mas não fui aceite. Tudo isto, deixou uma ferida que ainda estou a trabalhar para superar. O acidente, as ondas gigantes, morrer dentro do mar, isso eu tinha aceitado desde os 17 anos de idade. Eu tinha certeza que me ia aleijar, partir algum osso, ia parar ao hospital e fazer reabilitação. A outra parte que eu não tinha noção, era a desigualdade de género em todas as esferas da sociedade."

 

Maya Gabeira entre gigantes no Canhão da Nazaré. Foto: CMN/Vitor Estrelinha

 

 

Maya, relembra que, após ter sofrido um acidente grave na praia portuguesa, foi alvo de comentários como o do sufista americano Laird Hamilton, que, enquanto Maya ainda estava hospitalizada, disse que ela "não tinha habilidade para surfar nessas condições". No entanto, o apoio que os pais deram a Maya, foi incansável. 

 

"Os meus pais são incríveis, carregaram-me durante momentos muito difíceis. Eles estiveram sempre comigo, o que foi muito importante para mim. Enquanto muitos, à minha volta, desistiram de mim, eles nunca desistiram. O meu sonho sempre foi surfar as maiores ondas do mundo, então, desistir disso era mais doloroso do que acordar cedo e ir para a reabilitação. Eu não queria abrir mão do meu sonho. Fui criticada publicamente e no privado por muitos dos meus heróis. (...) Quando eu era mais jovem, eu tinha que fotografar de biquíni, o que me dava ansiedade, porque não era o que eu queria expor. Eu queria ser atleta, surfar as maiores ondas, e não tinha a ver com a aparência. Porque é que olhamos para uma mulher e achamos que a primeira coisa que pode trazer sucesso é a aparência? Tu não olhas para um atleta masculino e dizes: "Esse é bonito, vai longe".

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