Foi avistado um tubarão-branco na costa da Galiza
Rondava os cinco metros de comprimento.
Na passada quarta-feira, dia 29, um tubarão-branco de cerca de cinco metros de comprimento foi fotografado no porto de mar da Corunha, na Galiza. Foi uma visita curta, que durou “breves minutos”, segundo a publicação de Puerto de A Coruña.
?Compartimos nuevo vídeo del tiburón avistado en Langosteira. @CEMMAcetaceos e Instituto de Ciencias del Mar (Barcelona) confirman que es un tiburón blanco, que habría llegado a la costa desorientado. Es el primer avistamiento en Galicia de esta especie en peligro de extinción pic.twitter.com/U6w685ObwJ
— Puerto de A Coruña (@PuertoACoruna) September 30, 2021
Imagem publicada por Puerto de A Coruña
Caso não é único, mas é pouco usual
A publicação de Puerto de A Coruña definiu o ocorrido como “singular” porque, de facto, os avistamentos de tubarões-brancos não são comuns na costa espanhola. Em 2018, houve um outro avistamento, perto das Ilhas Baleares, de um tubarão-branco também a rondar os cinco metros. Havia antes disso vários rumores de que tubarões-brancos andavam pela costa espanhola, rumores esses que assentavam em pistas como avistamentos não confirmados e marcas de mordidas em baleias mortas. Contudo, o último avistamento confirmado antes de 2018 tinha sido em 1976, quando um pescador chamado Xisco Lopez capturou um de seis metros em Maiorca.
Avistamento de 2018 / foto: Alnitak/EPA
Alterações climáticas podem estar a interferir com a espécie
A desoxigenação do oceano profundo, causada pelas alterações climáticas, está a fazer com que os tubarões no Atlântico venham cada vez mais para a superfície. Semelhantemente, as alterações climáticas podem estar a interferir com o comportamento dos tubarões-brancos. Na Califórnia, por exemplo, a população de tubarões-brancos jovens tem vindo a crescer devido ao aumento da temperatura das águas, o que está a ser encarado “como um aviso” - a mudança do comportamento dos tubarões brancos pode ser apenas “a ponta do iceberg” de problemas climáticos maiores, como explicou Kyle Van Houtan, do Aquário de Monterey Bay.
Note-se, contudo, que o avistamento de ontem na Galiza não é, por si só, indicativo de nada, e teria que ser enquadrado e analisado de forma a compreender-se o seu significado.
Ataques de tubarões-brancos são raros
O tubarão-branco existe no imaginário popular como o grande predador dos mares, e o seu tamanho, bem como o tamanho dos seus dentes, são suficientes para causar terror. Mas, na verdade, segundo um artigo de Erik Vance para o National Geographic, há muito que ainda não se sabe sobre os tubarões-brancos. O que se sabe com certeza é que os ataques a humanos são raros: “Nas águas ao largo da Califórnia, as probabilidades de um surfista ser mordido por um tubarão-branco são de 1 em 17 milhões”, escreve Vance. “Para os nadadores, são ainda mais raras: 1 ataque em cada 738 milhões de idas à praia”.
Os humanos, por outro lado, representam um perigo comprovado para os tubarões-brancos, e para os tubarões em geral. Além das alterações climáticas causadas pela actividade humana, a pesca de tubarões para, por exemplo, servir a procura da sopa de barbatana de tubarão, tradicional na China, é a causa da morte de estimados cem milhões de tubarões de várias espécies.
“Os tubarões”, como aponta Van Houtan, “não são o problema”. Mas as suas mudanças de comportamentos podem ser um aviso para os humanos: “é tempo de reagirmos”.