O IMPACTO DO SURF NO AMBIENTE @luizeduarrdo segunda-feira, 06 maio 2019 11:10

O IMPACTO DO SURF NO AMBIENTE

O surf é uma das modalidades que mais conecta os seus praticantes com a natureza, mas ironicamente é também uma das que mais a polui...

Materiais não biodegradáveis acompanham constantemente a maioria dos surfistas, desde as pranchas em fibra de plástico, as capa também fabricadas em plástico, até aos fatos de surf feito de borracha e o protetor solar que danifica os corais.

Cada vez mais há uma maior consciência para o impacto dos materiais não biodegradavéis no ambiente, e com ela surgem mais alternativas amigas do ambiente.

Segundo a organização Sustainable Surf, as “ecoboards”assistiram a um crescimento de 1.400 pranchas vendidas em 2012 para mais de 60.000 em 2018.

O 11x campeão mundial de surf, Kelly Slater tem ajudado a liderar o caminho, dando a cara como participante maioritário na Firewire Surfboards, a maior fabricante de pranchas ecológicas. Contudo, as ecoboards representam apenas 10% a 15% do mercado global, de acordo com Brett Giddings da Sustainable Surf.

O final dos anos 1950 foram muito importantes para a indústria do surf. Foi nesta altura que o fabricante Hobie Alter e o seu funcionário Gordon “Grubby” Clark desenvolveram núcleos de pranchas de espuma de poliuretano, conhecidos como espaços em branco. Esta evolução permitiu a construção de pranchas de surf mais leves, mais fáceis de moldar e mais responsivas na água em comparação os núcleos de madeira que substituíam. Consequentemente, esta nova tecnologia ajudou à popularização do desporto.

 

Uma prancha de poliuretano usada pela maioria das empresas de fabricação de pranchas de surf Foto: jmsreports

Mas, surpreendentemente, em Dezembro de 2005, de repente e sem aviso, Clark anunciou que ia encerrar os seus negócios referindo como causa questões ambientais.

Clark acabaria por enfrentar pelo menos uma ação civil alegando que os produtos químicos utilizados na sua fábrica eram responsáveis pela morte de um funcionário. Os vapores de poliuretano na sua fábrica continham  Diisocianato de tolueno ou TDI, um produto listado na Califórnia como sendo carcinógeno.

Este fim abrupto, abriu portas à fabricação generalizada de placas de EPS / epóxi , mas embora os novos materiais sejam menos tóxicos para se trabalhar, ainda criam dióxido de carbono e resultam num produto final não biodegradável.

Mas os materiais também oferecem uma oportunidade mais verde. Resinas bio epóxi podem conter mais de 50% de componentes à base de plantas. Se as resinas usadas numa placa incluírem pelo menos 19% de componentes biológicos, a placa podrá levar a etiqueta da Sustainable Surf designando-a como uma “ECOBOARD VERIFICADA”.

Para se qualificar ao “Gold Level”, o nível superior de ecoboard, o revestimento externo de epóxi deve usar bio resinas e o núcleo do painel deve ter pelo menos 25% de produto reciclado ou vegetal, mas esta designação permanece rara. A maioria dos shapers de pranchas de surf não aceitou a espuma reciclada uma vez que esta exige que modifiquem a sua técnica.

Segundo um dos maiores retalhistas da material técnico nos Estados Unidos, os surfistas mais velhos e os surfistas comuns, em geral, são mais propensos a comprar pranchas de epóxi, enquanto jovens e aspirantes a surfistas competitivos ainda optam pelo que a maioria dos profissionais pratica. Mas, em ambos os casos, o impacto ambiental raramente faz parte da conversa.

No mundo das pranchas de surf ecológicas, a Firewire lidera o caminho, com as lendas Kelly Slater e Rob Machado a dar a cara pela marca, mas a maioria dos atletas de elite continua a usar pranchas de poliuretano, refletindo a percepção persistente de que a tecnologia tradicional tem um melhor desempenho dentro de água.

 

Kelly Slater com o modelo Gamma da Firewire Foto: wickssurf

A realidade é que está na altura de assistirmos a uma mudança na industria.

Há cada vez mais alternativas ecológicas, tanto na oferta de pranchas como em fatos de surf, inclusivé até de marcas nacionais. Como surfistas temos de começar a honrar o ambiente que nos proporciona os melhor momentos que já experienciámos e começar a olhar para o desporto, e para a nossa própria forma de consumo, de uma forma mais consciente.

As nossas escolhas têm o poder de moldar o futuro da industria, por isso cabe-nos a nós dar esse passo para a preservação do nosso planeta e dos nossos oceanos.

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