Por estes dias, Mick Fanning anda à procura do seu propósito no surf. Depois de um ano praticamente desaparecido da World Surfing League, o 3x-campeão do mundo, de 35 anos, regressou aos campeonatos entre a elite mundial do surf na perna australiana da WSL, onde não foi além de um 13º lugar, no Quiksilver Pro Gold Coast, e um 25º no Drug Aware Margaret River Pro. São os piores resultados alguma vez alcançados por Fanning nas duas primeiras etapas do CT desde que o australiano entrou na divisão, em 2002, o que gera emoções mistas no surfista natural de Sydney. De tal forma que acabou por confessar recentemente à Stab Magazine que ainda não sabe se é seu desejo continuar a competir na WSL. Pelo menos por agora.

"[Este ano] sinto-me ok, tem sido difícil regressar [à competição]. Ainda estou a tentar perceber se quero ou não estar aqui. Tenho dado tudo de mim em todos os heats, mas sinto que tenho de alterar algumas coisas. Talvez pôr menos pressão sobre mim."

Na temporada anterior, Fanning assinou a folha de presenças em cinco das 11 etapas no calendário da WSL e o saldo no final acabou por ser francamente positivo, já que fez o suficiente para assegurar entrada directa no CT da presente temporada.

Entre as etapas em que participou, contam-se um 1º lugar no J-Bay Pro, um 3º em Bells Beach e um 5º lugar nas Fiji. Elliot Struck, da Stab Magazine, disse mesmo a Fanning que, no ano passado, este aparentava, dentro de água, estar mais relaxado e confiante a competir do que quando se encontrava em modo "ataque ao título". Uma constatação com a qual o australiano acabou por concordar.

"Considero o mesmo, eu ainda nem tinha feito a pausa [no circuito]. Ficamos um bocadinho enferrujados quando não participamos no heat durante algum tempo e eu cometi alguns erros aqui e ali este ano que talvez não tivesse cometido em anos anteriores. É isso que me tem prejudicado esta temporada. Mas é tudo uma aprendizagem, temos de mudar e de nos adaptar."

*Mick Fanning no Drug Aware Margaret River Pro. Click Kelly Cestari/WSL

Recentemente, numa outra conversa com a Stab Magazine, Fanning abordou o presente momento do campeão mundial John John Florence. "Assistir ao John John ontem [nr. na final do Drug Aware Margaret River Pro] foi como sentir uma transformação no power surfing. Ele esteve incrível, foi épico. Todos os atletas têm ondas, e tamanhos de onda, ideias - o Filipe em 3 pés, o Kelly em Cloudbreak - e eu creio que o tamanho que viemos ontem encaixou na perfeição com o John. Ele surfa aquele tamanho a toda a hora no Havai, em Pupukea. Ele estava muito confortável e tinha o equipamento perfeito para aquelas ondas e tudo se uniu a seu favor."

Sobre a performance técnica de Florence, Fanning disse que "fazer rasgadas daquelas exige muita força no tronco. Mas aquela onda em particular é muito estranha, não é perfeita, não consegues ver todas as 'lombas' nela. Por isso, ele ter tido a força para cortar todas aquelas 'lombas' foi simplesmente estúpido. Qualquer ataque de rail exige compromisso - precisas de uma certa força para sucederes bem. Mas há sempre um timing e lugar perfeitos em que tudo se encaixa e foi o que aconteceu com o John. Foi como se estivesse a surfar em Pupukea novamente."

No Rip Curl Pro Bells Beach, que decorre até ao próximo dia 24 de Abril, Fanning tem encontro marcado, logo no primeiro heat da prova, com o australiano Matt Wilkinson, o detentor do título naquela etapa, e o brasileiro Jadson André. E é expectável que o resto da temporada de Mick Fanning possa ficar definida nesta mesmo evento. poderá assim representar um momento-chave para o resto da temporada de Mick Fanning.