G-Land G-Land Surftotal quarta-feira, 25 maio 2022 16:38

O caminho que se fez em G-Land até a mítica onda tocar no Tour em 1995

Vamos rebobinar a cassete atrás e relembrar como nasceu o primeiro surf-camp do mundo

 

Para tudo há um passado e, se hoje é difícil imaginar picos que não sejam conhecidos pela comunidade surfista, dada a globalização e sede de explorar, nem sempre foi assim. Alguém teve de chegar a G-Land primeiro, mesmo antes do Circuito Mundial lhe acenar e mesmo antes de ser conhecida por esse nome.

 

O nascimento do primeiro surf-camp do mundo:

Grajagan, era assim denominada a atual G-Land, em Java, na Indonésia. Daqui emergiu o primeiro Surf Camp da história, que ainda hoje fica lotado.

Cercados pela vida selvagem e com difícil acesso, os irmãos Mike e Bill Boyum empenharam-se em erguer um lugar para alojar surfistas que ali procuravam a máquina de ondas. Não foram os primeiros a estrear-se na onda, esse feito foi da autoria de Bob Laverty, mas estiveram na vanguarda do Surf Camp que começou por ser uma casa na árvore em 1972 e serviu frequentemente de teto a Gerry Lopez e Peter McCabe. 

O calendário mostrava ser o ano de 1977 quando o surf-camp foi oficialmente registado e intitulado “Blambangan Surfing Club”. A procura aumentou de forma galopante e, de reservas com dez surfistas a um valor aproximado de 200 dólares, o preço para passar 10 dias inteiros a surfar, dormir na selva e repetir, escalou para 1000 dólares por pessoa em 1982.

 

G-Land sob a lente competitiva:

"Este é o tipo de pico com que me poderia reformar já" - disse Kelly Slater aos 23 anos após vencer a estreia do Quiksilver Pro G-Land

G-Land dificilmente sairía do mapa do surf, sobretudo quando em 1988 o bicampeão mundial Tom Carroll produziu juntamente com a Quiksilver o filme de surf “All Down The Line”. De difícil passou para impossível assim que recebeu a etapa inaugural do Tour em 1995, a qual foi vencida por Kelly Slater. “Nenhum outro evento mudou tanto a visão do Tour”, disse o 11x campeão mundial em entrevista. “G-Land fez do circuito mundial uma aventura e começou o ‘Dream Tour’. A emoção de ir pela primeira vez para um evento no meio do nada com toda aquela história de surfistas do passado como Gerry tornou tudo muito mais emocionante… Nenhum de nós sabia para o que estávamos a ir e descobrir a onda foi uma parte incrível do processo”, acrescentou.

Questões sociais e políticas puseram-lhe um travão e fizeram da Quiksilver Pro G-Land uma etapa que saiu do calendário precocemente, tendo durado somente 3 anos. Com Shane Beschen a conquistar a vitória em 1996 e Luke Egan no ano que se seguiu.

Ainda assim, o “Blambangan Surfing Club”, renomeado “Bobby's G-land Jungle Surf Camp”, nome que se mantém em vigor, continua vivo e ativo, embora as facilidades de deslocação e surgimento de inúmeros Surf Camps pela Indonésia lhe tenham tirado a exclusividade. 

Mas, o regresso dos profissionais a G-Land dá-se agora, após 25 anos, e Kelly Slater está incluído. Há ainda o acréscimo de ter as mulheres a competir lá pela primeira vez no Championship Tour.

 

"As crónicas de G-Land"

A escritora e jornalista indonésia, Dian Hadiani, lançou este ano de 2022 "The Chronicles of G-Land", um livro de investigação que conta a história com factos reais e sem espaço para especulações. Dian entrevistou durante quatro anos dezenas de pessoas que visitaram Grajagan para surfar ou que estiveram envolvidas com o acampamento, tal é o caso de Gerry Lopez, Rory Russell e Peter McCabe. O desmistificar do que aconteceu em G-Land.

 

 

*Por Catarina Brazão

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