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TRÊS AMIGAS E O SURF NO DUBAI
Joana Rocha e Joana Andrade visitaram amiga nesta cidade e emirado.
É verdade. O ano está a chegar ao fim. E nós, por cá, só pensamos naquela viagem que era suposto termos feito este ano, mas que, por esta ou aquela razão, acabou por não se concretizar.
Por isso, resolvemos "fazer" esta viagem pelas histórias de três surfistas portuguesas no Dubai. Joana Andrade e Joana Rocha aproveitaram este final de ano para visitar a amiga - também ela surfista - Mariana Canelas, que vive nesta cidade há quase sete anos. E claro, numa viagem com três surfistas, surf não podia faltar. Mesmo no Dubai!
“A perspectiva que tinha do Surf no Dubai era que as ondas eram quase inexistentes mas por muito estranho que pareça o Surf no Dubai está a crescer a olhos vistos”, começa por contar Joana Rocha, ex-campeã nacional.
“Da praia onde vemos o Burj Al Arab, um dos melhores hotéis no mundo, quando há ondas podemos contar cerca de 200 pessoas na água, quase como um dia razoável em Carcavelos. O melhor surf que apanhámos foi em Sharjah, um dos emirates que faz fronteira com Dubai, com ondas muito divertidas a rondar o meio metro perfeitinho. Para quem quiser vir surfar ao Dubai aqui fica a dica de que é necessário levar uma prancha para ondas bem pequenas para se tirar o melhor proveito delas”, diz ainda.
Joana Rocha dedica atualmente a sua vida ao hostel "Chill in Ericeira Surfhouse" que recebe pessoas de todo o mundo “com o objetivo de lhes proporcionar momentos únicos e experiências inesquecíveis no surf”, diz. “A Surfhouse encerra em novembro e volta a abrir em março, por isso temos quatro meses off dos quais dois estamos mesmo de férias!”, explica ainda. Daí, esta viagem. “Conheço a Mariana Canelas desde que comecei a competir e somos amigas há quase 20 anos! A Mariana vive no Dubai há quase sete e como nunca lá tinha ido achei que deveria ser interessante! É uma cultura super diferente onde há muito a aprender! Depois de uns dias de férias na Áustria, onde a história tem milhares de anos, tirei 10 dias para estar num país com apenas 43 anos de história e muita emoção diurna e nocturna”, afirma ainda.
Joana Andrade confirma a mesma vontade. “Como tenho uma amiga a morar lá e nunca a fui visitar, então decidi que era agora o momento”, admite a surfista que foi recentemente nomeada com uma onda na Nazaré para os prémios Billabong XXL 2015. “O Dubai tem ondas de vento, mas tivemos sorte em apanhar lá um dia umas ondinhas em que surfámos sozinhas, meio metrinho. Foi giro”, diz ainda. “Foi uma semana para fugir à rotina e visitar uma amiga de longa data… E fazer compras para o natal!”, atira.
Já para Mariana, receber estas duas “companheiras de surf” não podia ser melhor. “Foi muito bom, estou a viver no Dubai há seis anos e meio e ainda não tinha tido a visita das amigas de Portugal”, começa por contar.
As três amigas surfaram também a Wadi Adventure Al Ain-Dubai Wave Pool. “A experiência de surfar na piscina de ondas foi autêntica, esquerdas e direitas a rondar um metro com um drop bastante divertido e ainda mais duas secções para tentar outras manobras. Chegámos por volta das 17h e surfamos 2h, por isso surfámos durante a noite! Dividimos as duas horas em uma hora para direitas e a outra hora para esquerdas. Pessoalmente diverti-me mais nas esquerdas pois achei mais fácil puxar a prancha para fazer as manobras. As ondas vêm de dois em dois minutos por isso temos tempo suficiente para nos prepararmos para a nossa onda quando ela se forma. É uma experiência que não se deve perder!”, garante Joana Rocha.
Mariana Canelas acrescenta: “A piscina fica a cerca de uma hora e meia do Dubai e de Abu Dhabi. Dizem eles que é a ‘melhor onda artificial do mundo’. Pessoalmente tento ir lá sempre que posso, só não vou mais porque sai um pouco caro, mas vale a pena!”, confessa.
Mas nem só de surf se fez esta viagem. Houve tempo para o rugby! Como? “Tive a sorte de vir no mesmo avião que a equipa portuguesa de Rugby que gentilmente nos convidaram para assistir aos seus jogos e foi sem dúvida uma das melhores experiências no Dubai! Foi a primeira vez que vi um jogo de Rugby Sevens, onde todas as pessoas presentes estão mascaradas, a torcer pela sua equipa com uma envolvência fabulosa e muito divertida”, recorda Joana Rocha.
Mas mais, estas três amigas ainda levaram o surf aos jogadores de rugby! “Durante a nossa "aventura" no Dubai, a Mariana Canelas, a Joana Andrade e eu, acabámos por dar uma aula de Surf ao selecionador nacional de Rugby Tomaz Morais (tio do Frederico Morais) que foi a sua primeira experiência no Surf. Ficámos impressionadas com a sua agilidade, pois o Tomaz acabou por se pôr em pé em todas as ondas!”, lembra Joana Rocha.
Depois de 10 dias de muitas aventuras, as três amigas separaram-se. Joana Andrade já está de volta a Portugal e Joana Rocha seguiu para a Indonésia onde fica até fevereiro.
Já Mariana voltou à sua vida normal, de hospedeira de bordo, no Dubai. Há tantos anos por lá, já se habituou a muitas das diferenças. “Posso fazer tudo, nem sinto que estou num país muçulmano. Claro que temos que respeitar a cultura e a religião, mas isso é em qualquer parte do mundo. Por exemplo se for Ramadão não como, nem bebo em público, por respeito aos muçulmanos. Há muitos expatriados a viverem cá (cerca de 85%) e muitos turistas, por isso eles são bastante abertos e "liberais". É normal ver biquinis "brasileiros" na praia, ou mini-saias na noite e pode-se beber álcool nos bares e restaurantes dos hotéis”, explica.
Quanto ao surf, Mariana arranja sempre solução. “Surfo sempre que há ondas aqui que, infelizmente, não é assim tão frequente e o tamanho e qualidade também não são excelentes. Mas já me habituei e divirto-me quase sempre. E depois, quando faço voos para a Austrália, Califórnia, Rio de Janeiro, Lisboa... E nas férias, que geralmente tenho de 3 em 3 meses, ou vou a Portugal e surfo em casa ou viajo para um sítio de surf, por exemplo Indonésia, Maldivas, Filipinas, Sri Lanka, Brasil, Peru, Equador, Panama, etc”, conclui.
A viagem acabou mas as memórias ficam. E nós avisamos, para o ano, vamos com vocês!
Patrícia Tadeia