KELLY SLATER. “ AS ESTRELAS DE ROCK ESTÃO SEMPRE A PARTIR GUITARRAS”
Kelly perdeu o Moche Rip Curl Pro Portugal na terceira ronda do evento, contra Aritz Aranburu.
Kelly Slater guarda boas recordações de Peniche. Em 2010, sagrava-se campeão em Supertubos, numa final disputada com Bede Durbidge. Desde então nunca mais voltou a fazer a mesma proeza. Em 2011 esteve muito perto, mas Adriano de Souza tratou logo de arrumar o assunto, garantindo que aquele era o seu ano. Mineirinho curvou-se perante o “rei”, dando-lhe quase uma chapada de luva branca. É assim.
Desde então, com Portugal tem tido uma relação agridoce. “Sim, sem dúvida que temos uma relação difícil. Tive uma semana incrível e esta foi uma porcaria”, disse descontraído. Slater perdeu precocemente o Moche Rip Curl Pro Portugal, seguido de Gabriel Medina, levando assim a discussão para o Havai. Claro que não foi fácil e o próprio admitiu-nos.
“Mais do que tudo sinto-me frustrado. As ondas vêm sempre ao meu encontro. Quando tive prioridade aproveitei-a, mas a onda não era assim tão boa e penso que a segunda ou a terceira eram melhores aliás, acho que foram as ondas do heat”, disse no final da bateria contra Aritz Aranburu.
Ao que tudo indica, não é a primeira vez que o oceano prega uma partida ao onze vezes campeão mundial de surf. “Este tipo de situação já aconteceu três vezes este ano. Em Testles, em França e aqui. Depois, tive a oportunidade de vencer o Gabriel nas finais em Teahupoo e simplesmente não aconteceu….. parece que não é o meu ano. A magia acontece quando estás no teu ano e a magia ainda não me aconteceu. Penso que tenho sorte por ainda estar na corrida em Pipeline.” E sendo a esperança a última a morrer, o atleta da Florida, de 42 anos, acredita que o 12º ainda é possível. “Sim, acredito. O mais certo é ter de vencer em Pipe.” E tem razão, mas além disso, Medina precisa ficar apenas pelo 25º ou 13º lugar.
Quanto ao facto de ter partido a prancha quando saiu da água, Kelly não percebe a razão de tanta agitação. Os rumores que corriam pela praia sugeriam que poderia ter sido multado pela ASP (Association of Surfing Professionals) pela atitude. “Às vezes ficamos frustrados. As estrelas de rock estão sempre a partir guitarras e ninguém se chateia com isso [risos]. Nunca tinha feito isto – foi uma libertação imediata de emoção. De qualquer forma a prancha já estava partida quando entrei na bateria. Não sei se foi por ter batido com força ou se foi enquanto surfava…. Gostava mesmo daquela prancha aliás, apanhei uns bons tubos há uns meses e foi incrível. Mas parti-la soube-me bem. Foi gratificante”, explicou.
Enquanto o fazia, o público na areia delirava, gritando pelo seu nome. Tal como se fosse uma rockstar.
Por Beatriz Silva.