KIKAS E VASCO FRENTE A FRENTE: QUEM LEVA O TÍTULO PARA CASA?

A SurfTotal falou com os dois em vésperas de decisão!

 

Um diz ser persistente, tímido e feliz. O outro, persistente, verdadeiro e sonhador. Um vem do Guincho, o outro da Praia da Poça, no Estoril. Um começou a surfar aos 6 anos, em cima de uma prancha de bodyboard, e o outro um ano mais cedo, com a ajuda do pai, na sua praia. Frederico Morais e Vasco Ribeiro são dois dos melhores surfistas portugueses, que têm mostrado o que valem não só por cá, mas também lá fora. Além de serem grandes amigos, são também os dois candidatos ao título da Liga Moche que se decide quinta, sexta e sábado em Cascais. A SurfTotal falou com os dois sobre sonhos, objetivos e expetativas.

 

Vasco lidera o ranking desta competição, seguindo na frente com 3220 pontos. Kikas tem neste momento 2360, mas menos uma etapa. Como o resultado final é calculado através dos 4 melhores resultados, tudo está em aberto para a última etapa que começa já amanhã. O Montepio Cascais Pro by Ericeira Surf & Skate vai decidir quem leva para casa o título nacional de surf masculino: ou o atual campeão, Frederico Morais ou o bi-campeão nacional (2011 e 2012) Vasco Ribeiro.

 

Desde o início do ano que Vasco admitiu que vencer a Liga Moche este ano era um dos seus objetivos. Este ano, venceu as etapas da Ericeira e do Porto. “Seria excelente vencer pela 3.ª vez este título com apenas 19 anos”, diz. Mas juntamente com este desafio, vinham outros. “Os objetivos deste ano são ser campeão nacional, campeão Projunior Europeu e Top 100 do mundial para ganhar seeding para 2015. Com o último resultado agora nos Açores as coisas estão bem encaminhadas para conseguir garantir este último”, acrescenta à SurfTotal.

 

Kikas, por sua vez, tem a vantagem de trazer consigo o estatuto de atual campeão nacional. “A Liga Moche é o campeonato mais importante em Portugal e por isso obviamente que ganhar é sempre o principal objetivo, bem como focar-me nos WQS”, defende. Embora tenha faltado a uma etapa da Liga, não desiste e traz no CV a vitória da primeira paragem: na Caparica. Por isso mesmo, deixa o desafio: “Ter faltado não significa que a oportunidade de vencer o título já não esteja em cima da mesa. Sei que é mais difícil mas tenciono dar o meu máximo em cada heat e ‘renovar’ o título do ano passado.”

 

E se déssemos um salto para o último heat desta última etapa e desenhássemos os dois cenários? Quer vença ou perca, Vasco confessa que dirá a mesma frase a Kikas: “Para o ano há mais”. Kikas hesita. “Não faço a mínima ideia sobre o que diria! Se ele vencer, claro que lhe dou os parabéns, o Vasco é meu amigo por isso não tenho nada pensado para lhe dizer. Se eu vencer… Sinceramente eu não penso nisso tão antecipadamente, temos confiança um com o outro para falarmos com espontaneidade”, diz o surfista de 22 anos que nesta última etapa “joga” em casa.

 

Entre os melhores do mundo

A carreira destes dois tem evoluído bastante nos últimos tempos. Recentemente, Vasco, com o 9.º lugar alcançado no SATA Azores Pro, subiu 51 posições no ranking mundial de qualificação, para o 47.º posto. Kikas chegou até à 4.ª ronda neste Prime e conseguiu subir quatro lugares até ao 46.º lugar na lista.

 

Depois da Liga Moche, Vasco tem na agenda a última etapa do campeonato europeu Projunior nas Canárias, o Prime de Cascais, onde também encontrará Kikas, e o mundial Projunior na Ericeira. Já Frederico, depois destas provas, segue para o Brasil.

 

Cada vez mais, defrontam os melhores dos melhores. A elite do surf. E por isso, perguntámos a ambos, que aliado escolheriam entre os principais rivais no mundo do surf. “Julian Wilson! É um excelente surfista que eu admiro e podia aprender muito ao surfar com ele diariamente”, confessa Vasco. Já Kikas, escolhia o grande. “Kelly Slater! Não é um rival direto… mas é sem dúvida uma pessoa que admiro. Não só como atleta como também como desportista. Sei que teria muito a aprender com ele a todos os níveis, tanto em know how como tudo o que envolve o mundo da competição e do surf”, confessa.

 

Aliás, para o surfista do Guincho, houve um confronto direto com o 11 vezes campeão do mundo que marcou a sua carreira. “Não consigo eleger um heat da minha vida, embora o que tive com o Kelly Slater tenha sido mítico por tudo o que ele representa e por ser em Portugal. Já tive vários heats que me marcaram, todos à sua maneira, por diferentes motivos e que por isso, consoante a situação, se tornaram no heat da minha vida”, diz Frederico.

 

Mas afinal, qual seria o seu heat de sonho? “Fazer dois 10, como já aconteceu na Nazaré num campeonato de esperanças. Posso dizer que foi um dos heats da minha vida que adorava repetir”, diz. Vasco, questionado sobre isso mesmo, elege como marcante o heat em Jeffrey’s Bay, em 2012, e em que alcançou um 5.º lugar. Tinha apenas 17 anos. Já quanto a um heat de sonho, o surfista de 19 anos não hesita: “Eu e o Kikas na final duma etapa do World Tour… em qualquer uma!”. Já faltou mais, rapazes!

 

Patrícia Tadeia

 

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