A evolução do surf feminino terça-feira, 23 março 2021 12:04

A evolução do surf feminino

Dos anos 80 aos dias de hoje...

Antes da década de 80 o surf feminino era praticamente inexistente. Das mulheres esperava-se apenas que ficassem na areia nos seus biquínis.

Era simples, os homens surfavam e as mulheres assistiam.

O surf feminino não foi levado a sério até ao final dos anos 80 numa década em que a modalidade era dominada por homens.

A cultura do surf tornou-se popular, mas a desigualdade, homofobia e chauvinismo marcaram a década numa altura em que o surf feminino lutava por reconhecimento.

Durante anos as surfistas encontraram, dentro e fora dos lineups, desafios e hostilidade por parte dos homens que tinham a crença inabalável de que as mulheres não tinham o direito de estar na água, e nem tinham o poder ou a força para lidar com a natureza imprevisível do oceano.

Surfistas como Pauline Menczer, campeã mundial em 1993, competiam por amor ao surf. A surfista não tinha patrocínios e fazia o que podia para arrecadar algum dinheiro para ir às competições, desde vender rifas, velharias que encontrava nas ruas e até confecionar bolos e vender caramelos na escola.

 

Pauline Menczer foi uma das pioneiras e abriu caminho para outras mulheres seguirem os seus passos, como Layne Beachley e Lisa Anderson.

 

 

Lisa Anderson

 

O surf feminino estava a ganhar força e terreno mas a desigualdade ainda era visível.

Em 1988, as mulheres competiram em 10 eventos do circuito mundial por um prémio total de 155.000 dólares. O prémio médio total por evento foi de 10.000 dólares dividido entre 16 competidoras. Por sua vez, nesse mesmo ano, o circuito masculino teve 24 eventos e um prémio total de 1,26 milhões de dólares divididos entre 32 competidores.

 

A coragem e a determinação destas surfistas, entre outras, transformou a forma como o mundo vê o surf feminino nos dias de hoje. Elas destacaram-se no desporto e conduziram à igualdade de género.

Lisa Andersen levou o desporto a um nível totalmente novo até então. A surfista americana conquistou quatro títulos mundiais entre 1994 e 1997 e, em 1995, foi a primeira mulher a aparecer na capa da Surfer Magazine que também a nomeou uma das “25 surfistas mais influentes de todos os tempos”.

Por sua vez, a australiana Layne Beachley mostrou a força do poder feminino ao conquistar sete títulos mundiais, em 1998/ 1999/ 2000 /2001/ 2002/ 2003 e 2006, tendo sido a única surfista (mulher ou homem) a conquistar 6 títulos consecutivos até hoje.

 

 

Layne Beachley

 

 

 

O surf feminino evoluiu bastante desde as décadas de 80 e 90. As surfistas destacaram-se e formaram uma indústria à parte. Os filmes de surf passaram a ter mulheres como protagonistas, como o Blue Crush (A Onda dos Sonhos), e impulsionaram a modalidade no universo feminino.

Hoje o surf feminino é visto como uma vocação invejável e uma profissão altamente lucrativa.

As surfistas no Championship Tour são respeitadas pelos seus colegas masculinos e reverenciadas por muitas jovens que as vêem como um modelo a seguir, no entanto a mudança levou tempo e só em 2018 é que as atletas viram a World Surf League (WSL) conceder prémios monetários iguais para as surfistas femininas que competem em todos os eventos da WSL, um passo na direção à igualdade de género.

 

 

Em 2019, a 7 x campeã mundial Stephanie Gilmore ganhou 1.643.450 dólares.

 

 

Hoje em dia as mulheres são entre 20 a 30 por cento dos surfistas e esse número continua a crescer, segundo Lauren L. Hill, autora do livro "She Surf.", mas ainda há locais pelo mundo fora onde o oceano não é visto como um lugar para as mulheres e o surf não é considerado um desporto para as raparigas, pelo que o surf feminino ainda tem um longo trabalho pela frente, não só dentro mas também fora da competição.

 

 

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