ASP QUER DIREITOS DE FOTOS, VÍDEOS E ÁUDIO CAPTADOS NAS PROVAS quinta-feira, 27 fevereiro 2014 15:54

ASP QUER DIREITOS DE FOTOS, VÍDEOS E ÁUDIO CAPTADOS NAS PROVAS

Medida começa a suscitar polémica.

 

Por Patrícia Tadeia

A poucos dias do início da primeira prova do WCT, o Quiksilver Pro, em Gold Coast, na Austrália, os jornalistas, fotógrafos e operadores de câmera que por lá andam já começaram a preencher os requisitos para acreditação. E pelo meio, nos documentos de mais uma prova desta vez sobre a alçada da ZoSea, é possível ler: "Eu, abaixo assinado, cedo à ASP a totalidade dos direitos de todos os conteúdos de áudio, visual, imagem fixa ou em movimento que forem captados durante o evento".

 

A notícia é avançada pela SwellNet que publica uma entrevista com Peter 'Joli' Wilson, que já acompanha os eventos da ASP há mais de 20 anos e não concorda com a medida. “Basicamente ao obter uma acreditação para todos os eventos estamos a ceder tudo o que são entrevistas em áudio, vídeo ou fotos à ASP sem qualquer compensação monetária”, diz.

 

De acordo com o fotógrafo, a ASP justificou a medida com o facto se quererem seguir o mesmo modelo dos desportos americanos. Mas Joli diz já ter trabalhado num evento de rugby nos EUA e nada funcionou desta forma.“Agora posso passar dez horas a fotografar na praia. Ao fim do dia, um representante da ASP pode chegar ao pé de mim e pedir-me os cartões de memória. Nesse momento deixo de ser dono daquelas fotos, e a ASP vai divulgá-las. Deixou de fazer sentido passado o dia a fotografar, porque no final do dia, as fotos não são minhas,” desabafa.

 

Também por cá o tema tem suscitado reações. No blog “Um Frame com Vida”, do fotógrafo André Carvalho, podemos ler: “Isto é ultrajante e uma ofensa a quem trabalha. (...) Ao ler esta entrevista ao Joli, fotógrafo do tour há 20 anos e o fotógrafo que ‘apenas’ tem o maior arquivo de sempre da história da ASP, percebe-se que as coisas não estão definitivamente a mudar para melhor”.

 

“O Joli tem a maior base de dados fotográfica de todo o mundo de campeonatos de surf, construiu a sua carreira com muito trabalho e diga-se de passagem que a ASP lhe deve muito. Primeiro porque suponho que nunca lhe pagou, segundo porque o alcance que a ASP sempre teve graças a ele é gigante”, acrescenta.

 

André deixa ainda uma crítica: “Por fim continuo a achar maravilhoso que o jornalismo surfístico português, continue todo a falar do mesmo e a não dizer nada. Fazem festinhas na ASP, e todos os sites de informação continuam a focar o acordo da GO-PRO com a ASP, mas nenhum tem coragem de meter as garras de fora para proteger os seus, sim os fotógrafos, os video makers e os jornalistas. É triste, mas não há uma voz critica activa! Quando chegar a hora de irem aos bolsos deles... bem aí, provavelmente também se vão ver sozinhos no meio do oceano. É a vida meus caros...”

 

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