Filipe Toledo, sempre "cool under pressure". Filipe Toledo, sempre "cool under pressure". Foto: WSL/Poullenot sexta-feira, 18 maio 2018 15:11

Filipe Toledo vence no Rio de Janeiro e entra na corrida ao título

Brasileiro vence em casa, de forma imponente… 

 

Travis Logie, um dos Comissários da WSL, analisou hoje as condições em Saquarema e resolveu dar início ao último dia do Oi Rio Pro - 4.ª etapa do World Championship Tour. 

 

O palco escolhido voltou a ser a Praia da Barrinha e as suas fantásticas direitas que se apresentaram entre os 1,5 a 2,0 metros, com um arranque rápido no cantinho que por vezes proporcionou bons tubos a quem arriscou passar a primeira secção “por dentro”.

 

"Game on" nas quartas

O dia iniciou começou com quatro fantásticas baterias, com oito dos melhores surfistas do planeta e da atualidade. No Heat 1, Filipe Toledo voltou a dominar frente a Kolohe Andino e, com ondas de 7.67 e 6.17 pontos, pareceu estar apenas a dar uma volta no parque. Toledo, que é possivelmente o melhor surfista da atualidade neste tipo de condições, mostrou-se muito à-vontade e apresentou-se (uma vez mais) como claro candidato à vitória. 

No Heat 2, Julian Wilson suou para levar a melhor sobre o local Michael Rodrigues, mas a sua oitava onda (7.33 pts) meteu definitivamente o australiano na rota das meias-finais. Vale realçar que Wilson se encontra ainda a recuperar da lesão no ombro (mas não parece) e que é líder do ranking - agora ainda mais com o afastamento de Italo Ferreira no Round 3. 

Logo de seguida, No Heat 3, Wade Carmichael deu uma boa mostra do excelente e experiente surfista que é. Foi paciente, escolheu bem e bastou um par de cinco pontos (5.90 + 5.50) para se qualificar. Pelo caminho, meio perdido, ansioso, com péssima escolha de ondas e com um score de apenas 3.63 pontos, ficou o ex-campeão mundial Gabriel Medina que, apesar das várias tentativas, nunca conseguiu realmente dar uma resposta convincente. Neste evento, o brasileiro esteve muito além das suas qualidades e potencial. 

No Heat 4, tanto o havaiano Zeke Lau como o rookie Yago Dora esperaram pelos últimos minutos e pelas últimas duas ondas para compor os respetivos scores. Com um par de seis (6.83 + 6.03 = 12.86), Lau acabou por levar a melhor no Heat, afastando Dora com uma pontuação de 8.30 pontos, em 5.º lugar na geral, mas sempre a tentar encontrar a resposta que era precisa.

 

Filipe Toledo aquece o ambiente nas meias

Relativamente ao primeiro Heat das meias-finais, pouco há dizer: Filipe Toledo, o único brasileiro ainda em competição por esta altura, voltou a fazer das suas. O brasileiro voltou a recorrer ao arsenal aéreo para agarrar a sua primeira nota - 6.67 pontos. Um pouco depois, com dois tubos (chapéus) e um reverse air enorme, Toledo aumenta a vantagem e deixa Julian Wilson em combinação (15.34) ao conseguir uma onda na casa da excelência - 8.67 pontos. 

Em maus lençóis e a correr atrás do prejuízo, o australiano tentou dar resposta nos minutos que se seguiram, por várias vezes, mais precisamente por 11 vezes (o número de ondas feitas no heat), mas não foi além de um 3.20 e 2.43 pontos. Já Toledo, ao encontrar um tubo quadrado mas não muito profundo, acabaria por substituir a onda de “backup” por 7.70 e avançar sem margem de dúvidas à final. 

Na segunda meia, com dois surfistas mais parecidos e ambos com vontade de fazer parte da final, pudemos observar Wade Carmichael e Zeke Lau a recorrerem inicialmente aos tubos para assegurar duas ondas. Numa delas, o australiano faz mais algumas curvas, após sair do tubo na primeira secção, e acaba por fazer a diferença. Consegue 7.17, a melhor nota do Heat até ao momento. Deixa o havaiano com a prioridade, à procura de uma onda que entre na casa da excelência - 8.07 pontos - mas que não consegue encontrar até ao final da bateria. 

 

Apertem os cintos: é a hora da final!

Antes de passarmos ao que se passou na Barrinha nesta final, convém dizer à nossa vasta audiência: Wade Carmichael é rookie do Tour, ou seja, significa que este é o seu primeiro ano entre a elite e que, independentemente do que aconteça, este é também o seu melhor resultado da temporada. Não tem nada a perder, tem tudo a ganhar. 

Filipe Toledo, que faz parte da primeira divisão do surf mundial desde 2009 e é tido como um dos candidatos ao título, pelos menos mais a sério nos últimos dois anos, venceu este campeonato em 2015, numa final disputada frente a uma vasta e apaixonada audiência que ainda hoje está na retina. Aliás, Toledo venceu todas as cinco finais do CT que disputou até hoje

Quanto à ação em si, após uma troca de ondas nos minutos iniciais, que não definiu nada, foi Filipe Toledo quem deu o primeiro sinal quando, a cerca de 24 minutos do fim, apanha uma bomba e entra num dos maiores tubos da competição (vídeo em baixo). 

 

 

O brasileiro, após muito andar, consegue sair pela “doggie door" e vê o seu esforço ser recompensado quase com a nota máxima - 9.93 pontos. Deixa o aussie à procura de 13.60 pontos (em combinação), mas por esta altura vale sempre recordar que o “backup" do brasileiro também não convence (apenas de 3.67 pts). 

Faltavam 10 minutos para terminar o Heat quando Toledo apanhou uma onda a meio caminho, deu duas curvas fortes, no pocket, e acabou por substituir a sua segunda melhor onda por 5.33. Aumentou a distância do australiano para 15.26 pontos - que estendeu surpreendentemente, segundos depois, ao fazer um novo tubo  de 7.17 pontos. Filipinho estava “on fire” e nem a resposta de Carmichael, de 3.67 pontos (tubo curto), tirou o estreante da Liga Profissional de Surf da situação de combinação, agora fixada em, leiam bem, 17.10 pontos. 

O resultado parecia estar encontrado... Wade ainda esboçou uma resposta a dois minutos do fim (novo tubo, pouco profundo), mas recebeu apenas 4.33, pontuação insuficiente para sair da situação de combinação. 

 

Com a vitória de Stephanie Gilmore, nas senhoras, há dois dias, foi a vez de Filipe Toledo levantar o tão ambicionado troféu de campeão do Oi Rio Pro, edição 2018, o sexto da carreira, deixando o nono lugar do ranking em que se encontrava e aproveitando para se colar aos lugares da frente da tabela mundial. 

Um resultado mais do que merecido, por todo o desempenho demonstrado por Toledo ao longo do campeonato, mas essencialmente por ser uma vitória que serve de prova e representa em pleno o bom momento que o brasileiro atravessa e de que, sobretudo, o título mundial é definitivamente um objetivo pessoal. 

 

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